Ana Moser toma posse como ministra dos Esportes
A ex-jogadora de vôlei Ana Moser tomou posse nesta quarta-feira como nova ministra do Esporte, pasta que foi recriada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu primeiro discurso no cargo, ela comparou o novo desafio aos tempos em que brilhava nas quadras e lembrou a rivalidade com a seleção de Cuba, […]
Reportagem de: O Diário
A ex-jogadora de vôlei Ana Moser tomou posse nesta quarta-feira como nova ministra do Esporte, pasta que foi recriada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu primeiro discurso no cargo, ela comparou o novo desafio aos tempos em que brilhava nas quadras e lembrou a rivalidade com a seleção de Cuba, que marcou a sua geração.
— Aqui a missão é mais difícil do que Brasil e Cuba — disse a nova ministra.
Ana Moser disse que recebeu a missão de Lula de garantir o acesso ao esporte para toda a população. Ela afirmou ainda que a pasta trabalhará em parceria com outros ministérios, como Educação e Saúde.
— Vamos buscar estratégia e parcerias necessárias para implementar a prática de esporte em todas as camadas da população — disse.
Ela lembrou que durante as competições de vôlei diziam que ela era “triste ou brava”. A ex-atleta, porém, afirmou que era apenas “séria e focada”. Agora, ela promete repetir o estilo no ministério.
— A janela de oportunidade é única, há um grande entendimento do presidente Lula, e isso faz toda a diferença — disse Ana Moser.
Em seu discurso, Ana Moser citou o ex-jogador Pelé, sepultado ontem, e a ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, que morreu em novembro e chegou a participar do grupo de transição do governo voltado ao Esporte. Ela também mencionou o ex-jogador de futebol Sócrates, conhecido por sua militância política durante o movimento das Diretas Já, nos anos 80, e que morreu em 2011.
— Acho que deveria se dar o nome do Rei do Pelé para muitas escolas, porque as crianças vão aprender sobre a história — disse.
Orçamento para o setor
Em entrevista a jornalistas após a cerimônia, Ana Moser citou o aumento da Orçamento do Esporte de R$ 200 milhões para R$ 2 bilhões com a aprovação da Proposta de de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Porém, observou que a pasta segue com um dos menores orçamentos da Esplanada. A ministra disse que a verba da pasta será usada para traçar política pública, mas recorrerá ao orçamento de áreas como Saúde, Educação e Desenvolvimento Social para incrementar o atendimento à população com esporte.
— A gente tem que buscar onde está o orçamento da criança, do adulto, do idoso, porque esse individuo tem direito ao esporte. (..) O desafio é fazer esse desenho estratégico para que também tenha acesso ao esporte, e o dinheiro está aí e nós vamos atrás — prometeu.
Questionada sobre a ausência de atletas e ex-atletas no velório do Rei Pelé, Ana Moser cobrou mais participação política dos esportistas.
— Não sei os motivos po rque não (foram), não tenho muito como julgar. Não posso fazer um julgamento de valor, mas a gente sabe que o esporte não é um meio muito politizado, não é muito participativo da vida da sociedade. Esse é um anseio meu junto com outros altetas esse trabalho de formação política para atletas, para que tenham uma participação cidadã na sociedade. Se esses valores fossem mais fortes talvez teríamos mais esses atleta presentes — disse a ministra.
Ana Moser é a primeira mulher a comandar o Esporte. Com a ela, o ministério volta a ser gerido por um atleta desde Pelé, morto na semana passada, que foi ministro extraordinário do governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998.
Na posse, compareceram o ex-presidente do Flamengo e deputado federal eleito Eduardo Bandeira Mello (PSB-RJ) e a ex-jogadora de vôlei Marta Sobral, medalha de prata em Atlanta-1996.
Perfil
Ana Moser integrou o time que levou a primeira medalha olímpica no vôlei feminino, em 1996, nos Jogos de Atlanta, nos Estados Unidos, quando o Brasil levou bronze. Cinco anos depois, ela fundou o Instituto Esporte e Educação, uma organização não-governamental que busca difundir o esporte e já atendeu mais de 6 milhões de crianças no país. Ela dirige a ONG até hoje.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Ministério do Esporte foi extinto, e uma secretaria especial para o tema foi criada sob o guarda-chuva do Ministério da Cidadania. Em governos anteriores do PT, a pasta foi comandada pelo PCdoB, que deve preencher cargos de segundo escalão no ano que vem.
Em novembro, Moser foi indicada pelo futuro governo para compor o grupo técnico dedicado aos temas relacionados ao Esporte na equipe de transição. Seu nome para o ministério surgiu a partir de uma vontade do presidente eleito Lula de manter uma mulher no comando da pasta. Comentarista esportiva, ela será a primeira mulher a conduzir o ministério.