Coletivo de ciclistas planeja levar pontos de apoio a mais distritos de Mogi
O ciclismo – com suas diversas modalidades – é um dos esportes mais populares em Mogi das Cruzes. A cidade carrega uma ‘mistura certa’ de paisagens urbanas e naturais, mas também tem suas antigas (e importantes) demandas, como faltas de ciclovias e ciclofaixas e pontos de apoio e etc. Na maioria das vezes vem diretamente […]
Reportagem de: O Diário
O ciclismo – com suas diversas modalidades – é um dos esportes mais populares em Mogi das Cruzes. A cidade carrega uma ‘mistura certa’ de paisagens urbanas e naturais, mas também tem suas antigas (e importantes) demandas, como faltas de ciclovias e ciclofaixas e pontos de apoio e etc.
Na maioria das vezes vem diretamente dos ciclistas reivindicações por mais segurança, além de iniciativas para promover a prática e até ações onde é colocada a ‘mão na massa’.
Prova disso e também de que o esporte é capaz de unir as pessoas por algo maior, foi a inauguração nesta semana do 2º Ponto de Apoio aos usuários de bicicletas. O ‘point’ foi instalado na Estrada Argemiro de Souza Melo, nas proximidades da conhecida Bica de Santo Alberto, no caminho que liga os distritos de Sabaúna, em Mogi, e Luiz Carlos, em Guararema. Trata-se de mais uma iniciativa social do coletivo “Família de Ciclistas”.
Dois pontos já foram montados até o momento em Mogi, mas o grupo antecipa que esse número ainda deve crescer nos próximos anos. A ideia é montar as estruturas em outros corredores do ecoturismo de Mogi e até levar a iniciativa para outras cidades, seguindo a Rota da Luz – uma ideia que beneficiaria tanto os ciclistas quanto os romeiros (leia mais abaixo).
Um grupo com cerca de meia centena de ciclistas participou da cerimônia de inauguração do ponto na Estrada Argemiro de Souza Melo, na última quarta-feira (12) – feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Com isso, o coletivo pôde comemorar a conclusão da conexão entre as cidades de Mogi e Guararema, oferecendo aos ecoturistas, especialmente romeiros que vão se utilizar da Rota da Luz, caminho para Aparecida, a infraestrutura mecânica para ajudá-los em casos de eventuais danos nas bicicletas, durante a passagem pela região.
A iniciativa deve agradar ciclistas de Mogi. Os pontos de apoio oferecem gratuitamente ferramentas e outros produtos necessários para pequenos consertos, como a troca ou remendo de um pneu furado, ou outros problemas de soluções relativamente simples.
“É uma estrada que favorece muito o ciclismo. É um trajeto muito utilizado para quem está iniciando no cicloturismo, utilizando uma quilometragem maior, com menor tráfego de veículos, aproveitando para tirar o estresse. Nós aproveitamos locais públicos, por isso escolhemos a bica. Entramos em contato com a administração regional de Sabaúna e fomos prontamente atendidos. Chegaram a fazer uma terraplanagem e forneceram uma lixeira para o local”, explica Ubirajara Nunes, o Bira, membro da Família de Ciclistas.
“Fizemos uma limpeza na área, o próprio ponto de apoio é feito com a reutilização de materiais reutilizados. Com a ajuda dos amigos e de empresas tudo é possível”, detalha o representante.
Resultado de um trabalho voluntário, o novo ponto já foi devidamente reforçado. Isso por causa da experiência: conforme foi mostrado no site de O Diário, o 1º Ponto de Apoio, aberto pelo grupo há três meses na bela Estrada do Procópio, ao lado da nascente que dá nome à Trilha da Biquinha, em Mogi, foi vandalizado. Os criminosos invadiram e até furtaram os objetos que se encontravam em seu interior, que tinha como destino ajudar outras pessoas.
Apesar da violência exigindo que alguns itens fossem “chumbados” no interior desses locais, os idealizadores prometem continuar ampliando tais serviços.
Os organizadores do trabalho agradecem o apoio oferecido por lojas como Decathlon, Ciclo Ipiranga, Velo Faberge e Associação Amigos da Rota da Luz. Eles ressaltam a ajuda d, ada pela Administração Regional de Sabaúna, no preparo do local para instalação do ponto, assim como a Secretaria de Infraestrutura Urbana.
Belezas
São esses grupos de ciclistas que “vivem a cidade”, com longos e bonitos passeios para redutos da natureza como Sabaúna.
Além de incentivar a prática, um outro objetivo desse grupo é sinalizar e preservar essas nascentes, segundo Ubirajara Nunes, que também preside o Conselho Municipal de Turismo.
Esses dois pontos citados foram os primeiros locais da estrutura construída pelos coletivos que têm atuado em outras frentes para melhorar a sinalização e as condições ofertadas às centenas de esportistas amadores ou profissionais que circulam na área urbana e rural de Mogi.
Conforme reportagem de O Diário publicada há dois meses, o grupo também tem objetivo de levar à Prefeitura um outro pleito: a transformação deste caminho ladeado por vegetação e nascentes em uma estrada-parque – e garantir, ainda, a proteção do percurso. O plano, não para por aí. No futuro, os organizadores querem instalar alguns bancos para descanso e sinalização com informações sobre a fauna e flora ali conservadas e observadas com frequência com a passagem de aves e mamíferos, como veados e saguis.
Bira lembra que a criação da estrada-parque, ali, será um atrativo a mais para o projeto turístico de aventura e rural que o distrito de Sabaúna tem conseguido deslanchar. Aos finais de semana, cerca de 500 ciclistas passam por ali. “Seria um corredor ecológico que traria muitos benefícios”.
Planos
Os pontos de apoio vieram para ficar, indica Bira. “Temos a pretensão de levar essas estruturas para pontos da Rota da Luz em demais cidades. Seria ótimo um local desses em cada ponto da Rota da Luz”, cita ao lembrar que romeiros e ciclistas que fazem o caminho até Aparecida de bicicleta.
“Até o momento nós atendemos o trecho leste da cidade que vai até Guararema”, explica Bira. “Queremos fazer o mesmo em Biritiba Ussu, Taiaçupeba e Quatinga e também atrás da serra do Itapeti”, projeta.
Ele é certeiro com as palavras: “Entendemos que precisamos ter essa proatividade, não precisamos ficar só na dependência do poder público, mas podemos ser parceiros. Estamos atendendo toda essa geração que entende que a bicicleta é um veículo não poluente e que traz muita qualidade de vida. Com o ciclismo, só ganhamos”.
Reivindicações
Entre os pedidos dos ciclistas está o de mais ciclofaixas.
Depois de meses de atraso, a ciclofaixa da avenida João XXIII, que liga César de Souza ao Socorro, foi concluída no mês de agosto. Quem usa a bicicleta, aliás, comemora o espaço que vem sendo conquistado com políticas públicas da cidade. Após protestos e mortes de ciclistas, a avaliação de representantes de coletivos é de que o município tem dado mais atenção a algumas das demandas relacionadas à mobilidade urbana, conforme publicado por este jornal, mas, cabe ficar de olho nos apontamentos da classe.
A ciclofaixa da avenida João XXIII é exemplo disso. O equipamento surgiu em diálogo direto com coletivos de ciclistas, e embora tenha sido entregue, de maneira definitiva, muito tempo após o prazo inicial (que era para outubro de 2021), está pronto, “inclusive com tachas refletivas para ampliar a visibilidade durante o período noturno”, como destacou.