Febre das figurinhas empolga colecionadores mogianos
A Copa do Mundo FIFA de 2022, que será disputada em novembro no Catar, está chegando. A alta expectativa para a competição internacional é refletida na febre do tradicional álbum de figurinhas da Copa – que nesta edição ganhou mais força. Neste ano, Mogi das Cruzes vê aumento nos pontos de troca das ‘repetidas’. Nesta […]
Reportagem de: O Diário
A Copa do Mundo FIFA de 2022, que será disputada em novembro no Catar, está chegando. A alta expectativa para a competição internacional é refletida na febre do tradicional álbum de figurinhas da Copa – que nesta edição ganhou mais força. Neste ano, Mogi das Cruzes vê aumento nos pontos de troca das ‘repetidas’. Nesta semana dois novos destes espaços voltados aos colecionadores foram inaugurados. A procura parece ser maior que a demanda. Um fato curioso que chamou a atenção na região foi o registro de um assalto a um caminhão que distribuiria as figurinhas na cidade de Poá, há duas semanas. Outro destaque são as figurinhas extras. A mais cobiçada é a do atleta natural de Mogi das Cruzes, Neymar, que já chegou a ser anunciada por R$ 9 mil no mercado paralelo, antes de perder boa parte do valor, como esperado.
Há décadas o álbum de figurinhas faz sucesso. É uma tradição passada entre gerações. Geralmente as trocas são associadas a momentos leves. Mesmo em um mundo digital, onde recursos como NFTs (coleções virtuais) ganham força, a figurinha física segue firme.
Segurar o card traz boas sensações para o ser humano. “A cultura realmente vai mudando hábitos. Mas o cérebro humano permanece o mesmo que era há 5, 10 ou 40 mil anos. Não que ele não tenha capacidade de se adaptar. Mas estão sempre presentes nele essas necessidades de estimular as vias sensoriais e de produzir atos motores”, aponta o professor da PUC-Rio e diretor do Núcleo de Neuropsicologia Clínica e Experimental Jesus Landeira, ao comentar sobre a febre e as etapas cumpridas para completar o álbum. “Você ver a figura, a cor, tocar na figurinha. Tudo isso é estímulo. E depois você cola a figurinha no álbum e folheia. É uma coisa motora. Esses aspectos sensoriais e motores são mediados pelo cérebro”, acrescenta.
Pontos de troca
Para atrair público, espaços de Mogi não perderam tempo em reabrir os famosos pontos de troca de figurinhas.
Dois desses pontos foram abertos no ComVem Patteo Mogilar e no ComVem Ipoema, que ganharam espaços decorados com bolas, troféus, traves e bandeiras para o público fazer as trocas. Eles ficam abertos todos os dias e podem ser usados livremente pelos clientes.
Aos sábados, das 14 às 18 horas, haverá uma promotora com várias figurinhas para trocar com o público.
Outro ponto que faz sucesso na cidade é do Mogi Shopping. O espaço para a troca fica em frente à Fast Shop, é gratuito, funciona todos os dias, de 10h às 22h e faz parte da campanha Torcida Mogi Shopping no Catar, que irá sortear passagens entre os participantes. As lojas do supermercado Alabarce do Mogilar e de César de Souza também disponibilizaram pontos para os colecionadores.
Quanto custa?
Neste ano, o hobby que mobiliza crianças, jovens e adultos ficou mais caro. Quem quiser completar o álbum da Copa do Mundo terá que gastar, no mínimo, R$ 536. O valor refere-se ao custo para se adquirir os 670 cromos. No entanto, para conseguir a “façanha”, por esse valor, o colecionador precisa de sorte e muito poder de convencimento.
Isso porque, ao adquirir “apenas” 670 unidades, o colecionador certamente terá diversos cromos repetidos, o que significa que faltarão peças para realizar o sonho do álbum completo.
Então, como aliada, a tradicional troca com outras pessoas, mas a dificuldade em se encontrar determinadas figurinhas (como as raras e as especiais) será muito grande.
“Ao todo, o álbum tem 670 figurinhas, cada pacote vem com cinco cromos e custa R$ 4,00. Logo, se não houver figurinhas repetidas ou se o colecionador for extremamente eficiente e conseguir trocar todos os repetidos, teremos 670 figurinhas divido por cinco, o que dá 134 pacotes. Com R$ 4,00 sendo o preço de um pacote, chegamos aos R$ 536, o valor mínimo que um colecionador vai desembolsar”, explica o professor Gilberto Braga, da faculdade de economia do IBMEC.
Os pontos de troca são a principal saída para conseguir as figurinhas restantes. Há também a possibilidade de negociação pela internet, mas o custo e os riscos de fraude e de falha dos correios tendem a desestimular muito o uso desse recurso.
Desespero na Argentina
Na Argentina de hoje, a falta de dólares dificulta a compra de importados, a inflação é um tormento diário e, agora, mais um item entrou na lista das preocupações nacionais: conseguir figurinhas para o álbum da Copa.
No último torneio em que o craque Lionel Messi vai participar, comprar um pacote de estampas é uma missão impossível. Nas ruas de Buenos Aires, os kioscos (mini-mercados típicos da capital argentina) espalham cartazes “no hay figuras”.
Para comprar, crianças e adolescentes aflitos – e pais e mães argentinos igualmente frustrados – precisam recorrer a sites e aplicativos como Pedidos Já e Rappi, nos quais os pacotes são vendidos com ágio de 50% e já ganharam o apelido de figurinha blue, inspirado no dólar blue, como é chamada a moeda americana vendida no câmbio paralelo.
A crise é tão grande que a Secretaria de Comércio argentina convocou uma mesa nacional de discussão com representantes da Panini, editora responsável pelo álbum, dos quiosqueiros e de outros distribuidores.
Neymar, raridade
Um dos pontos de destaque dessa edição do álbum da editora Panini são as figurinhas extras.
A produtora do livro escolheu uma lista de grandes jogadores e os dividiu em legendas e “Rookies”, além de quatro variações de cor:”base, bronze, prata e ouro”. Elas são dificeis de encontrar, principalmente se tratando da versão ouro.
A figurinha mais cobiçada é a versão legends ouro do craque mogiano Neymar, que chegou a ser comercializada por até R$9 mil no mercado paralelo. Nesta sexta-feira (16), a reportagem encontrou a figurinha do camisa 10 da Seleção Brasileira sendo vendida por valores que variam de R$600 a R$12 mil no site Mercado Livre. Os preços altos dificultam as vendas que aparentam estar estagnadas após a escalada inicial.
A Copa
A Copa do Mundo de Futebol 2022, que acontece no Catar, começa dia 20 de novembro e termina em 18 de dezembro. O primeiro jogo será entre o Catar e o Equador.
O Brasil caiu no Grupo G do Mundial e vai estrear às 16h do dia 24 de novembro contra a equipe da Sérvia.
A fase de grupos vai até o dia 2 de dezembro, sempre com quatro jogos por dia. A final é no dia 18 de dezembro.
Acompanhe as novidades sobre a Seleção Brasileira e da Copa no site de O Diário. (Com Agência O Globo)
É tradição, mas está caro!
O programador Elton Pescador, 23 anos, de Mogi das Cruzes, manteve a tradição de colecionar as figurinhas do álbum neste ano. Para ele, a experência tem sido divertida, “Estou fazendo junto com a minha namorada, mas devido ao preço dos pacotes de figurinha fica um pouco difícil de completar o álbum”. Nesse ano muita gente reclamou da “facada” dada no aumento do preço dos pacotes, que dobraram em relação à Copa passada.
Mas, como bom brasileiro, ele não perde as esperanças. “Estamos começando agora, por isso não completamos muitas páginas ainda, estamos trocando no trabalho e no shopping nos finais de semana”, comenta.
Ele acredita que manterá a tradição no álbum da próxima Copa, que deve ocorrer em 2026. Isso, porém, vai depender do valor a ser cobrado. “Pois se não vai começar ficar muito difícil colecionar”. O álbum traz boas memórias. “Acho que sempre faz o mesmo sucesso, lembro desde criança que o pessoal ficava super animado com o álbum, principalmente no mês de início da copa do mundo”, avalia Pescador.
Já o vendedor Silva Sato é um mogiano que já completou o álbum. “Foi muita coragem e muito trabalho para comprar e trocar tudo, mas o álbum ficará guardado aqui em casa e será uma memória de carinho para os próximos anos. Esse ano o Hexa vem, vai dar sorte”, comenta esperançoso.