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Folclore Político (CLXX) O fim do tapetão

Quem viu tamanha tranquilidade e civilidade na recente eleição para a Mesa Diretora da Câmara de Mogi deve saber que nem sempre foi assim. Até o final da década de 80, tal processo era uma verdadeira caixinha de surpresas e traições. Como a legislação em vigor à época determinava o voto secreto na escolha dos […]

8 de janeiro de 2021

Reportagem de: O Diário

Quem viu tamanha tranquilidade e civilidade na recente eleição para a Mesa Diretora da Câmara de Mogi deve saber que nem sempre foi assim. Até o final da década de 80, tal processo era uma verdadeira caixinha de surpresas e traições. Como a legislação em vigor à época determinava o voto secreto na escolha dos dirigentes do Legislativo, acordos firmados e reafirmados eram simplesmente quebrados por negociações feitas no afogadilho do pleito, alavancadas sabe-se lá de quais formas. E quase sempre os favoritos acabavam vítimas de memoráveis puxadas de tapete, quase sempre orquestradas por vereadores veteranos, como poder de influência entre os companheiros. Em meados dos anos 80, no entanto, ocorreu uma jogada de mestre  que colocou um fim nas tramoias de última hora nestas eleições. No ano de 1985, o Brasil elegeu a Assembleia Nacional Constituinte, que teria até 1988 para elaborar a nova Constituição do País. Enquanto deputados e senadores trabalhavam, em Brasília, as assembleias legislativas cuidavam das novas leis estaduais, ficando para as câmaras a responsabilidade por mudanças na Lei Orgânica de cada município, que incluíam também alterações nos regimentos internos dos legislativos.O ex-funcionário do INSS, José Antonio Cuco Pereira e o médico Carlos Eduardo Amaral Gennari, recém-chegados à Câmara e nomes fortes no processo de mudanças, decidiram que era chegada a hora de pôr fim ao voto secreto na escolha da Mesa. Os trabalhos na Constituinte Municipal caminhavam bem e o calhamaço de papel com as novas leis ia ficando cada vez maior. Quando se aproximava o dia da votação, o fim do voto secreto já estava devidamente incluído no pacote. Gennari temia que experientes raposas da política local, como o então vereador Ivan Siqueira, descobrissem a jogada. Cuco, ao contrário, era cético. Apostava, com segurança, que nenhum dos vereadores iria se preocupar em ler, detalhadamente, todo aquele pacotaço. Dito e feito. Todos votaram e a nova legislação foi aprovada. Os autores da mudança nada disseram. Até que com a proximidade das eleições na Câmara, o lance foi descoberto.A grita foi geral. A maioria foi para cima de Cuco exigindo mudanças. Ele retrucou dizendo que o projeto havia sido distribuído a todos e que voltar atrás, àquela altura, seria uma desmoralização perante a Imprensa – que  acompanhava o processo – e, mais ainda, perante a cidade. A mudança permanece até hoje e dificilmente será alterada. Foi a derradeira puxada de tapete naquele tipo de votação. Para o bem da transparência, é claro.

Abra cadabra

Esta quem contava era Francisco Quadra Andrez, o “Ticão”, guardião de boas histórias da política de Suzano. Na época em que o mágico David Copperfield  era o grande sucesso na televisão, fazendo desaparecer os mais inusitados objetos, de carros a elefantes, o prefeito Firmino José da Costa, após ver o show, chegou à Prefeitura e chamou o chefe de Gabinete: “Zezito, vê se consegue falar com esse Copperfield e contrata ele para fazer o Pedrinho Ishida sumir.” “Acho que ele vai cobrar caro”, retrucou o assessor. “Pois se cobrar por tamanho, acho que vai sair quase de graça”, completou o sorridente prefeito. Ishida, pouco mais de 1m60, era o vice que conspirava contra ele. E que acabou por tirar Firmino do cargo, antes que David Copperfield tivesse sido ao menos contatado para saber se ele toparia ou não assumir aquela tal empreitada.

Conversa com o doutor

Para lembrar, uma contada pelo leitor Joel Avelino Ribeiro, que viveu no Vale do Ribeira, onde uma mulher dos cafundós daquela região foi ao médico, na cidade. No meio da consulta, o doutor lhe pergunta sobre a região onde ela vivia: ”Como vai aquela zona de lá?” A mulher responde: “Ah, doutor, continua com a mesma putaiada de sempre!” Pego de surpresa, temendo ser interpretado incorretamente, o médico tentou consertar e se explicar, tudo ao mesmo tempo: “Não é a essa zona que me refiro, mas sim à rural…” Aí, a mulher responde, ainda mais rapidamente: “Ah, a rural? O prefeito  trocou por uma Willys…” O médico achou melhor não levar adiante. E, por isso mesmo, a conversa terminou por ali mesmo.

Grande mestre

Mestre Henrique era afamado marceneiro nos sertões de Sergipe. Conhecido pelas camas francesas, à moda Luíz XV, ele pôs toda sua ciência no Cruzeiro do patamar da igreja de Aquidabã. No topo do sagrado madeiro, o vigário fizera o mestre colocar, numa tabuinha, as letras INRI, iniciais de Jesus Nazareno Rei dos Judeus (“Iesus Nazarenus Rex Iudacorum”), irônica expressão latina de que a ruindade de Pilatos se lembrara na ignominiosa sentença de morte do filho de Deus. Certo dia, um sertanejo perguntou a um conhecido o que seria o INRI sobre o Cruzeiro. A resposta veio rápida:  “Ocê num sabe não? Ali falta o Q-U-E. Esse QUE não cabeu na tabuinha: é a assinatura de quem  fez, que foi o mestre  INRIque”. 
(História contada pelo consultor Gaudêncio Torquato)

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