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A história de sucesso, a partir de um poço

Dentro de sete semanas, seguindo a tradição japonesa, uma cerimônia será realizada no templo Homppa Honwanji, na Estrada das Varinhas, em Taiaçupeba, em reverência ao empresário Fumio Horii, que faleceu na noite de domingo (16), em São Paulo, aos 87 anos, após lutar contra as complicações da Covid-19, entre elas, um infarto.  Horii escreveu uma […]

Por O Diário
21/05/2021 18h53, Atualizado há 54 meses

Dentro de sete semanas, seguindo a tradição japonesa, uma cerimônia será realizada no templo Homppa Honwanji, na Estrada das Varinhas, em Taiaçupeba, em reverência ao empresário Fumio Horii, que faleceu na noite de domingo (16), em São Paulo, aos 87 anos, após lutar contra as complicações da Covid-19, entre elas, um infarto. 

Horii escreveu uma das mais fortes histórias de sucesso, trabalho e empreendedorismo no Brasil. Ele tinha 18 anos, em abril de 1952, quando sua família decidiu trocar a cidade de Santo André, no ABC, por uma fazenda na região de Varinhas, para se dedicar ao que os japoneses sabiam fazer com maestria: plantar verduras e legumes. Antes disso, a família que havia chegado ao Brasil, em fevereiro de 1937, quando o navio Montevideo-Maru aportou em Santos, já morara em Ribeirão Preto, até decidir se instalar mais próximo de São Paulo.
Em Mogi, o local conhecido como Colônia Daruma, despertaria os sonhos de dona Yoshimi, mãe de Horii, que ao observar um morro existente no interior da propriedade,  dizia: “Como eu gostaria de viver numa casa construída naquela colina, junto àquela árvore alta…”
O sonho da matriarca não havia se realizado, quando ela, vítima de um câncer de mama, veio a falecer, em 1956.

No ano seguinte após a morte da mãe, Horii casou-se com Selma Fussako, de uma família residente em Perus. E algum tempo depois, decidiu que estava na hora de trocar a antiga casa, feita de adobe, por uma outra mais confortável. 

Foi então que ele se lembrou do sonho de sua mãe e concluiu: por que não construir a casa justamente onde ela tanto queria? 
Feita a terraplenagem no local, chegou a hora de construir um poço para fornecer a água necessária para a obra. E foi então que veio a grande surpresa: ao perfurar um espaço de 1m50 de diâmetro, após 2 metros de profundidade, os responsáveis pela obra registraram o aparecimento de uma terra branca. A água só seria encontrada após 13 metros de perfuração.

Horii desconfiou que aquela terra branca poderia ser algo muito mais interessante do que ele supunha.
Lembrou-se das mineradoras que  vira operando com a terra branca em Perus, cidade de sua esposa.
Recordou que havia notado aquela mesma terra branca saindo de formigueiros existentes no bairro de Varinhas. 
“Isso pode ser caulim” – pensou ele. 

Ao mandar analisar uma amostra da terra, veio a confirmação: era mesmo caulim. 
O espírito empreendedor do jovem agricultor falou mais alto.
E foi então que ele, mesmo a contragosto do pai, Isamu, decidiu explorar e vender o caulim para uma cerâmica de Suzano.  Após algumas instabilidades, o negócio começou a fluir de maneira rápida e rentosa. 
A vida do jovem Horii começou a mudar, vertiginosamente. Tanto que, em 1970, durante a Exposição Internacional em Osaka, ele e a esposa puderam emendar uma viagem pelo resto do mundo.

Horii tornou-se um empresário bem sucedido, graças à sua visão empreendedora. Em novembro de 1966, ele solicitou a cidadania brasileira para poder adquirir áreas minerais onde havia jazidas de caulim. As empresas começaram a surgir.

A Empresa de Mineração Horii foi a primeira a ser fundada, em 1968, para explorar o caulim.  No ano seguinte, surgia a Horii Comércio e Empreendimentos Ltda, para gerir os negócios imobiliários, como a aquisição, em 1992, da área onde seria construído um hotel do tipo resort, de nome Paradise (paraíso), aberto 2001.

Horii se tornou dono de prédios no centro da cidade. Recentemente negociou uma enorme área entre Braz Cubas e Jundiapeba, que no passado pertenceu à família do playboy Baby Pignatari. Ali, tinha planos ousados, como construir um shopping center ao lado da via férrea. Coisa que já vinha fazendo em outra área de sua propriedade, no início da Mogi-Bertioga, saída para a Vila Moraes.

 Família 
Horii foi casado com Selma Fussako. Eles foram pais de Hissao, engenheiro apaixonado por aviação, que pilota desde helicópteros até Boeing, hoje cuidando da Mineração Horii e da construção de um pequeno aeroporto nas proximidades do Paradise, em Jundiapeba; Miriam Yoshiko; Kazuto, o filho que foi para o Mato Grosso do Sul administrar uma mineração da família e acabou se tornando prefeito da cidade de Bodoquena, naquele estado, pelo PSDB; Mauro Yoshifumi foi quem acabou indo administrar o negócio no Mato Grosso do Sul; e Marly Fumie, moradora na Capital, onde se casou com um empresário de origem italiana, do ramo de tintas.

Com fama de centralizador e exigente ao extremo, Horii era conhecido como uma pessoa que não gostava de ser contrariado. Tinha amigos fiéis, entre eles, Roberto Escobar, Moacir Teixeira, o ex-prefeito Waldemar Costa Filho e seu filho, Valdemar Costa Neto, com quem chegou a fazer sociedade na exploração de minério no Amazonas, na fazenda Patauá, de propriedade dos políticos. Era tido como extremamente seletivo em suas amizades. Pouco afeito aos eventos sociais, passava boa parte de seu tempo no Paradise, onde exercitava seu esporte favorito, o golfe, ao lado do médico Nobolo Mori e jogadores da cidade.

Horii deixou a fama de filantropo, embora nunca gostasse de alardear isso.  Mas após sua morte, era lembrado por ter ajudado a Associação Cultura Nipo-Brasileira (Bunkyo) de Mogi, foi ele quem cedeu terreno para construção da Escola Ambiental no governo de Junji Abe; colaborou sempre com a Apae de Mogi e na construção do templo budista, próximo ao Paradise, onde seu corpo foi velado, antes do sepultamento, no São Salvador. 

Pessoa de poucas palavras, seus amigos cunharam uma frase sobre ele, que ficou famosa, no livro “O Rei do Caulim”, escrito para comemorar seus 80 anos de vida:

“Fumio não fala, Fumio age”, diziam aqueles que o conheciam mais a fundo. E com toda a razão.

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