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Guarda que atirou no vizinho vai a júri: Pedro Azpilicueta espera Justiça para tocar a vida

Crime ocorreu em novembro do ano passado, em César de Souza, em Mogi das Cruzes

Por O Diário
19/06/2023 16h28, Atualizado há 10 meses

Caso ocorreu em janeiro | Pixabay

Sete meses após sobreviver aos tiros desferidos pelo então guarda municipal José Carlos de Oliveira, o empresário e cantor de rap Pedro Azpilicueta, de 29 anos, ainda sente dores quando joga futebol ou corre, duas de suas atividades preferidas. Ele aguarda ansiosamente pelo júri popular, ainda sem data marcada, para seguir com planos de vida, como o de morar com a irmã em uma cidade da Inglaterra. Uma das três balas do revólver usado pelo vizinho, “para matar a vítima” que estava de costas, transfixou o corpo dele saindo pela barriga, onde uma cicatriz marca o fim de uma rotina de conflitos motivada por racismo e o desentendimento entre vizinhos.

O crime ocorreu em novembro do ano passado, em César de Souza, em Mogi das Cruzes, quando Pedro chegava em casa, após um jogo de bola com amigos.

A violência praticada por um agente de segurança foi amplamente divulgada em 2022 e voltou ao noticiário na semana passada em uma entrevista feita pelo programa Linha Direta, exibido pela TV Diário, emissora afiliada da Globo. O programa mostrou casos sobre a violência cometida entre vizinhos no último dia 15 e está disponível nas plataformas da Globo.

Desde a tentativa de homicídio, Pedro Azpilicueta recebe o apoio de vizinhos e de pessoas desconhecidas que tiveram acesso às imagens que mostram, entre outras coisas, José Carlos, que foi exonerado da Guarda Municipal de Mogi das Cruzes, jogando cascas de banana em frente à casa da família, caracterizada pelos desenhos de patinhas de animais – Pedro tem uma loja pet de banho e tosa que ficou fechada durante os primeiros meses após ter sobrevivido aos tiros.

Depois de uma cirurgia e da hospitalização inicial, o rapaz perdeu clientes em um mercado acirrado e abreviou o período de convalescência. “Eu precisava voltar a trabalhar porque o cliente tinha o compromisso mensal, quando ele vai para um outro lugar, é difícil retornar”, comenta. Hoje, sente dores e incômodos com a digestão de alguns alimentos, o que deverá perservar pelo futuro, segundo previram os médicos que o atenderam.

Para além desse hiato, o atentado despertou a busca por justiça sobre um fato já denunciado nas redes sociais e na Delegacia do bairro.

Hoje, Pedro afirma que não tem raiva do ex-vizinho que se entregou à Polícia e prossegue preso em Guarulhos. Porém, acentua “que a Justiça tem de ser feita”, especialmente porque a família já havia registrado outros boletins de ocorrência sobre o comportamento e os ataques feitos pelo vizinho, como os xingamentos com nomes como “macaco” e “preto”, além de um conflito com a avó da família.

No programa, a mãe de Pedro conta que a avó tinha Alzheimer e foi acusada por José Carlos de proferir xingamentos contra ele. Ela, no entanto, explicou Josiane Aspilicueta, estava senil e tinha conversas desconexas. Nessa oportunidade, o guarda, alterado, usou o spray contra a idosa.

Em outras oportunidades, o vizinho que teria começado os desentendimentos após a negativa para uma obra no muro que separa as casas também perseguia a mãe da família – inclusive a seguiu até a escola onde ela trabalhava, com um cão bravo, impediando-a de entrar no trabalho.

Além dos BOs e de uma reclamação formal à Guarda Municipal, não houve uma reação do poder público a ponto de inibir a continuidade dos ataques que passaram a ser filmados por uma câmera instalada pela família que reside na avenida Ricieri José Marcatto.

No dia da tentativa de homicídio, Pedro usou o celular para filmar os impropérios e agressões. Primeiro, o homem usa um vergalhão para tentar bater em Pedro. Depois, volta para a casa, pega o revólver, e atira três vezes – uma bala bate na parede, na altura do rosto do jovem, uma outra o atinge de raspão no rosto e a terceira entra pelas costas e sai pela barriga.

Futuro

Pedro torce para que o júri popular seja realizado neste ano. A visibilidade da ocorrência que teve milhares de visualizações nas redes sociais, segundo ele, pode ter auxiliado no rápido andamento do inquérito policial e denúncia feita à Justiça pelo Ministério Público contra o autor.

Esse é um momento esperado pelo profissional que escolheu trabalhar com pets e pretende atuar nessa área na Inglaterra, cidade onde a irmã dele, que é tradutora, reside há três anos.

Para seguir com os planos, no entanto, ele não pode se ausentar do país, porque deverá ser ouvido pela Justiça. A ideia é partir logo após o fim de uma violência que faz parte do racismo estrutural existente na sociedade brasileira, segundo especialistas.

Até lá, Pedro segue compondo suas letras marcantes e tem projeto de se lançar na carreira de cantor de rap – algo que obtém engajamento em redes sociais. O produtor Papi Beats o auxilia neste plano.

Suas letras não são centradas na violência ou no racismo, embora, claro, a experiência vivida seja um dos assuntos constantes e típicos do que a literatura conhece como “escrevivência”.

Sem uma religião para professar, mas já tendo passado pelo catolicismo, protestantismo e espiritismo, Pedro credita “ao viver com ética” o fato de ter sobrevivido aos tiros. “Eu acredito que o universo responde às ações boas que fazemos”, resume.

Vizinhança

Após a prisão do vizinho, que já havia sido alvo de denúncias na Guarda e não tinha autorização para o uso da arma da corporação por ter não passado nos testes exigidos para isso, a casa ainda permaneceu ocupada. Há algumas semanas, no entanto, a mulher de José Carlos também se mudou.

Linha Direta

No programa Linha Direta, apresentado pelo jornalista Pedro Bial, o delegado Alexandre Batalha, responsável pelo inquérito policial, afirmou que José Carlos tinha a intenção clara de executar a vítima e a motivação era racista, segundo as apurações a cerca de condutas reiteradas – como xingamentos e as ofensas de cunho racial flagradas em imagens como as cascas de banana atiradas em frente à casa da família.

O ex-guarda é acusado por tentativa de homicídio, porte ilegal de arma e injúria racial.

Em um dos depoimentos do acusado, ele diz que também era alvo de injúrias e xingamentos e diz ter se esquecido de determinadas cenas do momento do crime.

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