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Especialista explica quadros de seca no Alto Tietê e os impactos para a população

Secas impactam na saúde, no abastecimento de água, na agricultura e, possivelmente, no bolso

29 de julho de 2024

Mulher se exercita com sol forte | Skeeze/Pixabay.

Reportagem de: Vitor Gianluca

As 10 cidades do Alto Tietê enfrentam um quadro de seca, segundo os dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, responsável pelo monitoramento a estiagem pelo país. O Diário ouviu o pesquisador do Cemaden, Marcelo Zeri, que explicou como as cidades entraram nesta classificação e quais impactos essa seca gera para a população (confira abaixo).

As secas preocupam os brasileiros de diferentes localidades do país. Neste mês de julho, o Cemaden disponibilizou a atualização do Índice Integrado de Seca (IIS3), que mostra um aumento considerável no número de municípios em São Paulo e no sul de Minas Gerais classificados com seca extrema, saltando de 12 no mês de maio para 106 em junho. No Alto Tietê, Ferraz de Vasconcelos é a mais afetada da região, até o momento, classificada pelo centro em situação de seca severa.

O que justifica as secas?

Desde de o ano passado, o planeta enfrenta recordes de calor e uma quantidade de chuvas abaixo da média esperada, consequência do fenômeno El Niño, que simboliza o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico. Resultando na alteração temporária da distribuição de umidade e calor do planeta, em especial na zona tropical.

Processo para classificação

Zeri explica que o Índice Integrado do Cemaden leva três componentes em consideração para tal classificação, são eles:

  1. Chuva – O acumulado de chuva nos últimos três meses comparado com a média;
  2. Umidade no solo – Verificada por um produto de satélite que estima a quantidade de água no primeiro metro abaixo do solo, importante para o desenvolvimento das plantas;
  3. Índice da saúde da vegetação – Também verificada por um produto de satélite que verifica a coloração das plantas, que mede o impacto do clima na vegetação.

“Cada um desses elementos tem um valor numérico. Com a média desses componentes, classificamos de 1 a 5 a situação de seca: Seca fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Essas medidas são referentes a intensidade em uma escala. Essa cidade (Ferraz), está em severa, quer dizer que ela está com os três índices bastante baixos. Começa com pouca chuva, se a seca persiste, diminui a quantidade de água no solo, o que afeta no desenvolvimento das plantas. Gerando um efeito combinado”, explica o pesquisador.

Quantas cidades brasileiras sofrem com seca severa?

Neste momento, o Índice Integrado de Seca (IIS3) indica como previsão para julho que 1.025 cidades brasileiras irão passar para estado de seca severa. Ainda segundo o mapa, existem 70 cidades com em seca extrema. Abaixo, você pode conferir mapa divulgado pelo Cemaden no Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil, de junho de 2024.

Impacto das secas

A falta de chuva e o tempo seco podem gerar grande impacto no dia a dia, inclusive, no bolso da população do Alto Tietê. “Estamos desde o início do ano com chuvas abaixo da média. Isso pode gerar impactos significativos na agricultura, atrapalhando o cultivo de plantas e vegetais, as safras, os novos plantios. Afeta também os recursos hídricos, o que pode afetar no futuro o abastecimento de água, como tivemos no passado. E hoje, já estão reportando que a umidade do ar em várias cidades está abaixo de 30%, este número é um valor crítico. Neste caso, as pessoas são orientadas a não realizarem atividades físicas fora de casa, para que tomem cuidado com a hidratação e se protejam”, relata Zeri.

La Niña e as chuvas

O que pode mudar este cenário é o fenômeno natural La Niña, oposto ao El Niño. Com a diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, irá gerar uma série de mudanças significativas nos padrões de precipitação e temperatura ao redor da Terra. No Brasil, causa chuvas intensas nas regiões Norte e Nordeste e seca no Sul do país, com altas temperaturas. Segundo o pesquisador, o fenômeno está previsto para agosto deste ano.

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