MP recebe denúncias sobre concurso de Itaquá e prefeitura questiona empresa realizadora
Concurso Público de Itaquaquecetuba vira assunto nas redes sociais e candidatos falam sobre transparência na realização da prova

Prefeitura de Itaquaquecetuba | Dayane Oliveira
Reportagem de: Fabio Pereira
Após polêmicas nas redes sociais, o Concurso Público da Prefeitura de Itaquaquecetuba chegou ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). O Poder Público também mandou ofício para a empresa responsável com questionamentos sobre o processo seletivo. Segundo relatos, os aprovados nas primeiras colocações seriam funcionários comissionados da administração municipal.
A prefeitura se pronunciou informando que “solicitou, em caráter emergencial, esclarecimentos ao instituto IGD-RH, responsável pela aplicação das provas e tabulação dos resultados”. A assessoria de comunicação também se manifestou em nota ao O Diário (leia mais abaixo).
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O Ministério Público confirmou o recebimento das denúncias. “O MPSP tem recebido diversas denúncias que estão sendo recepcionadas na promotoria de Justiça de Itaquaquecetuba, e ainda estão em fase de distribuição para a promotoria responsável“, diz em nota.
Para Larissa Batista, que prestou o concurso e faz parte de um grupo de candidatos que pede esclarecimentos, os números da classificação final despertaram dúvidas.
“Quando saiu a lista com as notas das provas objetivas, percebemos que diversos aprovados ocupam cargos comissionados na prefeitura. Trabalhei como estagiária [em escolas de Itaquá] e conheço muitos dos nomes que aparecem entre os primeiros colocados, com notas altíssimas. Isso gerou uma preocupação legítima entre os candidatos”, afirma.
Ela conta que, em um grupo criado para discutir o concurso, foram feitas comparações entre a lista de aprovados e os dados disponíveis no Portal da Transparência.
“Vimos que muitos dos que tiveram as maiores notas são diretores, coordenadores e outros servidores comissionados. O nível de acerto chama atenção, com notas muito altas para um concurso tão concorrido”, explica.
Outra candidata, que não quis se identificar, relata que seu nome não apareceu na lista de classificação, apesar de sua pontuação ter sido suficiente para seguir no processo.
“Muitos candidatos apontaram problemas, como a falta de acesso ao espelho da prova e ao gabarito individual. Também houve relatos de pessoas que chegaram ao local de prova e descobriram que seus nomes não estavam na lista, impossibilitando a participação”, conta.
Os candidatos também apontam que a alta concentração de notas elevadas entre servidores comissionados levanta dúvidas sobre a transparência do concurso. Segundo relatos, os primeiros 100 colocados teriam obtido entre 96 e 98 pontos, o que gerou questionamentos sobre a dificuldade da prova e a nota de corte considerada elevada.
Prefeitura se manifesta
Diante dos questionamentos, a Prefeitura de Itaquaquecetuba afirmou que “o edital do concurso contou com todas as informações, regras e critérios necessários para consulta dos candidatos”. Questionada sobre o número de funcionários comissionados aprovados, a administração declarou que “não há como mensurar, pois ainda não há informações sobre a aprovação final do concurso”.
Sobre as reclamações, a prefeitura destacou que “está ciente das preocupações levantadas e já tomou a iniciativa de oficiar a empresa responsável pelo concurso para garantir a transparência e lisura do processo”.
Caso na Alesp
Além das denúncias formais ao Ministério Público, o grupo tenta agendar uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para ampliar o debate sobre o tema. As deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Mônica Seixas (PSOL-SP) enviaram um ofício, na última quinta-feira (13/3), para a Prefeitura de Itaquaquecetuba, solicitando esclarecimentos sobre o processo seletivo.
As parlamentares também questionam a escolha da banca organizadora, o Instituto de Gestão e Desenvolvimento Social (IGD-RH), e solicitam detalhes sobre os critérios de elaboração, aplicação e correção das provas.