Brasil cai da 3ª para 10ª posição em ranking do interesse em fazer negócios com o país
O Brasil está menos atraente para os investidores. Levantamento da PwC, empresa de consultoria e auditoria, mostra que houve uma redução no interesse de outros países em fazer negócios com o Brasil nos últimos anos. Até 2013, o Brasil sempre figurou entre os três principais mercados estratégicos para os CEOs globais. Mas, nos últimos anos, […]
Reportagem de: O Diário
O Brasil está menos atraente para os investidores. Levantamento da PwC, empresa de consultoria e auditoria, mostra que houve uma redução no interesse de outros países em fazer negócios com o Brasil nos últimos anos. Até 2013, o Brasil sempre figurou entre os três principais mercados estratégicos para os CEOs globais.
Mas, nos últimos anos, o Brasil caiu sete posições nesse ranking e, este ano, apareceu na décima posição, de acordo com a Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC.
— É uma notícia ruim, mas não surpreende. O país não passou tão bem pela crise sanitária, e a capacidade das instituições políticas para geração de crises trouxe preocupação. Além disso, as reformas que estavam previstas não andaram. Com isso, o país foi perdendo relevância na pauta de investimentos — disse Marcos Castro, sócio-presidente da PwC Brasil.
Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia são os países com mais interesse no mercado brasileiro. O país perdeu importância para Peru, Estados Unidos e México este ano em relação ao ano anterior.
O levantamento mostrou que Estados Unidos, China e Argentina serão os principais mercados estratégicos para empresas brasileiras nos próximos 12 meses. A expectativa de negócios com os EUA cresceu de 40% em 2021 para 50% em 2022; com a Argentina de 9% para 19%; e com a China houve um leve aumento de 33% para 34% em 2022.
Os presidentes de empresas brasileiras, porém, estão menos otimistas com a retomada da economia local este ano na comparação com 2021. De acordo com o levantamento, 77% dos entrevistados acreditam na retomada econômica este ano frente aos 85% que apostavam nesse movimento no ano passado. Apesar da queda, o grupo de otimistas ainda é relevante.
O levantamento ouviu mais de 4.400 executivos, em 89 países, com uma participação de cerca de 4% de líderes do Brasil.
— Apesar de uma redução do patamar em relação ao ano passado, há um tom de otimismo na pesquisa entre os CEOs brasileiros com a expectativa de volta à normalidade brasileira e global, com o avanço da vacinação, boa performance de grandes empresas e das Bolsas de Valores — diz Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil, que lembra que o levantamento aconteceu entre outubro e novembro do ano passado, portanto, antes da nova onda de contaminações de Covid-19 provocada pela variante ômicron.
Globalmente, o levantamento mostrou que também é de 77% o percentual de CEOs entrevistados na pesquisa que estão otimistas com a recuperação da economia mundial este ano. Esse percentual é um recorde de otimismo entre os líderes globais desde 2012.
Os executivos brasileiros se mostraram mais otimistas na comparação com os executivos de outros países em relação ao crescimento das receitas de suas empresas nos próximos 12 meses. Pelo menos, 63% dos entrevistados no Brasil afirmaram estarem confiantes no aumento da receita, enquanto o percentual global é de 56%.
No Brasil, os executivos das indústrias do agronegócio (74%), serviços financeiros (61%), consumo (68%) e tecnologia, mídia e telecomunicações (67%) são os mais otimistas em relação ao crescimento de suas receitas ao longo de 2022.
As maiores preocupações, entre os executivos brasileiros, com seus negócios estão relacionadas com a instabilidade econômica (69%), riscos cibernéticos (50%) e desigualdade social (38%). Para quase todas as ameaças, o que gera apreensão entre os CEOs é o potencial impacto no crescimento da receita. Os líderes brasileiros temem queda nas vendas, dificuldades para levantar capital e capacidade de atrair e reter talentos. Já globalmente, a maior ameaça apontada pelos CEOs são os riscos cibernéticos.
— No levantamento do ano passado, o principal risco apontado era a pandemia — disse o presidente da PwC Brasil.
A urgência do combate às mudanças climáticas e iniciativas de inclusão (na sigla em inglês Environmental, Social and Corporate Governance – ESG) também foram abordadas na pesquisa, mas as respostas mostraram que ainda há muito a avançar, apesar do tema já ter entrado na pauta das empresas. As estratégias das companhias para essas práticas ainda são influenciadas principalmente por métricas de negócios não condicionadas às questões ambientais e sociais.
Apenas 13% dos CEOs no Brasil mencionaram que suas empresas têm metas relacionadas à diversidade de gênero, redução de emissões de CO2 e índices de representatividade étnica relacionadas ao seu plano de remuneração variável.