Trump impõe tarifa de 50% sobre exportações brasileiras e critica tratamento a Bolsonaro
Manifestação de Trump ocorre na mesma semana em que ele e Lula trocaram críticas em razão da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro; segundo norte-americano, medida entra em vigor no dia 1º de agosto
09/07/2025 19h29, Atualizado há 3 meses
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou nesta quarta-feira (9/7) uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os EUA. A medida, segundo Trump, entra em vigor no dia 1º de agosto.
No documento, Trump menciona o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, como justificativa para a decisão. Ele também critica ações do STF contra apoiadores de Bolsonaro residentes nos Estados Unidos.
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“A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump.
O presidente norte-americano também acusa o Brasil de interferir na liberdade de expressão e de promover censura a plataformas americanas:
“Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro).
A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta”, disse Trump.
A manifestação de Trump ocorre na mesma semana em que ele e Lula trocaram críticas em razão da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. Trump chegou a ameaçar tarifas contra os países do bloco, o que agora se concretiza no caso do Brasil.
Trump também acusa o Brasil de manter uma relação comercial injusta com os EUA:
“Tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil.
“Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco. Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu País”.
A declaração contrasta com dados oficiais: o comércio entre Brasil e EUA gira em torno de US$ 80 bilhões por ano, com superávit de US$ 200 milhões para os Estados Unidos.
Trump também fez ameaças caso o Brasil decida retaliar:
“Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos.
Esse déficit é uma grande ameaça à economia e, de fato, à nossa segurança nacional!”
O presidente norte-americano afirmou que está aberto a revisar as tarifas caso o Brasil abra seu mercado e elimine barreiras:
“Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América”, finaliza
Ao final da carta, Trump anunciou a abertura de uma investigação sobre o que chamou de “ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas” no País.
Até o momento, o governo brasileiro não respondeu oficialmente à carta.