Vídeo: ‘Usei ferro quente, de soldar’, disse Bolsonaro sobre tornozeleira danificada
Tentativa de manipular o equipamento foi levada em consideração por Alexandre de Moraes ao ordenar a prisão preventiva do ex-presidente
22/11/2025 18h54, Atualizado há 10 horas
Tornozeleira | SEAP Divulgação
A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal registrou, em vídeo e em relatório oficial, que Jair Bolsonaro admitiu ter usado um ferro de solda para tentar danificar a tornozeleira eletrônica que utiliza por determinação judicial. A confissão foi feita diretamente a uma agente responsável pela checagem do equipamento.
Essa tentativa de manipular o monitoramento eletrônico foi um dos elementos levados em consideração pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao ordenar a prisão preventiva do ex-presidente. No despacho, emitido na tarde deste sábado (22), o ministro requisitou que a defesa esclareça o motivo da ação.
Segundo o relatório assinado por Rita Gaio, diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, o dispositivo apresentava “marcas evidentes de queimadura” em toda a área de fechamento, algo incompatível com a explicação inicial de que o equipamento teria sido danificado ao bater em uma escada.
Nas imagens registradas pela equipe da Seape, Bolsonaro é questionado sobre o horário e as circunstâncias do episódio. Ele afirma que tentou mexer na tornozeleira no fim da tarde e, ao ser perguntado sobre o instrumento utilizado, respondeu: “Usei ferro quente. Ferro de soldar”. Ferramentas desse tipo, capazes de atingir altas temperaturas, são comumente usadas para derreter metal.
O sistema de monitoramento registrou o alerta de violação às 0h07 deste sábado. De acordo com o relatório, agentes foram imediatamente ao endereço para checar o equipamento, e a diretora adjunta do Cime também se deslocou ao local para verificar a situação pessoalmente.
Com base nessas informações, Moraes destacou que Bolsonaro havia reconhecido a tentativa de dano ao equipamento e determinou que sua defesa se manifeste em até 24 horas. Poucas horas depois, a Polícia Federal cumpriu a ordem de prisão preventiva, no contexto das investigações da suposta trama golpista.
Desde agosto, Bolsonaro estava em prisão domiciliar. A nova ordem de prisão, sustentada pelo ministro Alexandre de Moraes e respaldada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumenta risco à ordem pública diante dos novos fatos, entre eles a possível violação do monitoramento e a possibilidade de fuga, além da vigília convocada por Flávio Bolsonaro nas proximidades da residência do ex-presidente.
A defesa do ex-presidente divulgou nota afirmando que a decisão foi motivada por uma “vigília de orações”, atividade que, segundo os advogados, estaria protegida pela Constituição. A equipe jurídica classificou a medida como surpreendente e prometeu recorrer.
A PF chegou à casa de Bolsonaro por volta das 6h, levando-o cerca de 20 minutos depois para a Superintendência da corporação em Brasília, onde ficará preso em uma sala com cama, mesa e banheiro privativo.
Enquanto isso, aliados tentaram minimizar a gravidade dos relatos sobre a tentativa de adulterar a tornozeleira, referindo-se às informações como “narrativas”. Em mensagens internas, parlamentares da oposição pediam cautela e solicitavam que se distinguisse o que seria comprovado do que seria apenas especulação sobre a suposta interferência no equipamento.