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Mulher que chegou a Mogi das Cruzes em 1938 completa 100 anos de vida

Com uma saúde de dar inveja, Lucia Saad Ribas de Aguiar comemora 100 anos

16 de outubro de 2024

Lucia Saad Ribas de Aguiar comemora 100 anos de vida nesta quarta-feira (16)

Foto do Carrosel

Lucia Saad Ribas de Aguiar completa 100 anos de idade em Mogi das Cruzes | Vitor Gianluca.

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Lucia Saad Ribas de Aguiar completa 100 anos de idade em Mogi das Cruzes | Vitor Gianluca.

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Lucia Saad Ribas de Aguiar completa 100 anos de idade em Mogi das Cruzes | Vitor Gianluca.

Lucia Saad Ribas de Aguiar completa 100 anos de idade em Mogi das Cruzes | Vitor Gianluca.

Reportagem de: Vitor Gianluca

Chegar aos 100 anos de idade não é para qualquer um. Ainda mais com tanta lucidez e força quanto a Lucia Saad Ribas de Aguiar, aniversariante desta quarta-feira (16/10). Natural de Ipanema, no Rio de Janeiro, Lucia se mudou para Mogi das Cruzes em 1938. Sem perder o sotaque carioca, o gosto por samba e o amor pelas praias, ela viveu a maior parte da vida na cidade e afirma que se tornou mogiana de coração.

Foi aqui que Lucia se apaixonou pelo mogiano Diógenes Ribas de Aguiar, com quem se casou pela primeira e única vez. E onde teve dois dos três filhos, Marilia Ribas, 61 anos, e Claudio Ribas, 59.A mais velha, Angela Ribas, 65, nasceu em São Paulo.

Mogi 1938

Dona Lucia é filha do comerciante Nassur Saad, um sírio que se mudou para o Brasil com apenas 18 anos de idade, e de Gina Dell’isola Saad, paulista de família italiana. Cresceu próximo ao mar, na bela capital carioca nos anos de 1930. Aos 14 anos, Lucia se mudou para Mogi junto à família, após uma divergência entre o pai e os tios, sócios à época.

De trem de aço, Nassur veio do Rio de Janeiro com o intuito de começar um negócio novo em São Paulo. Com o longo tempo de viagem, acabou descendo em Mogi para tomar um cafezinho e, por coincidência, reencontrou um grande amigo de infância, da Síria.

“A gente fica bobo, como é que aconteceu um encontro desse. Depois de casados, com filhos grandes, eles se encontraram. O amigo dizia conhecer um comerciante que queria vender o negócio dele e se mudar para Santos. ‘Você não quer dar uma olhada’, disse ele. Papai foi e gostou de Mogi. Dias depois, ele enviou um telegrama para mamãe, dizendo que já tinha arrumado um negócio por aqui”, lembra Lucia.

A contragosto, Gina deixou os familiares no Rio de Janeiro e seguiu o marido, com os filhos. Nassur inaugurou um comércio na cidade, o Bazar Mogi. “Quando papai assumiu, a loja não tinha quase nada. Ele foi para São Paulo, comprou muita coisa e encheu aquele bazar, ficou maravilhoso. Tinha louça, barro, vidro, papelaria, brinquedo, bicicleta, de tudo que você possa imaginar“.

Ainda em 1938, Lucia relembra que existiam poucas casas no Centro. O Mercadão é no mesmo local, porém não tinha telhado. Como naquela época não existiam armazéns, açougue ou supermercados, tudo que as pessoas buscavam era comercializado no Mercadão. Além disso, já existiam algumas das principais ruas da cidade, como a Flaviano de Melo, a Barão de Jaceguai e a Paulo Frontin. E os passeios? De acordo com Lucia, as praças da cidade eram os locais que eram realizados os encontros, com as moças de um lado, os rapazes do outro.

Amor pela cidade

Com o sucesso da família no comércio, Lucia viveu o fim da adolescência e boa parte da vida adulta na cidade. Anos depois, acabou se apaixonando pelo mogiano Diógenes Ribas de Aguiar, com quem se casou, na Igreja São Benedito, no Centro. “Eu fui a primeira a casar na Igreja São Benedito, naquela época, todo mundo se casava na Matriz, que era mais bonita. Ninguém fazia casamentos na São Benedito”, recorda.

Lucia Saad vestida de noiva para o casamento com Diógenes Ribas de Aguiar | Acervo Pessoal.
Lucia Saad vestida de noiva para o casamento com Diógenes Ribas de Aguiar | Acervo Pessoal.

Após o casório, Lucia e Diógenes se mudaram para a Capital e tiveram a filha Angela, a mais velha da relação. Após ter vivido alguns anos em São Paulo, Lucia voltou. “Eu morei em São Paulo depois de casada, mas não gostei, aqui é mais sossegado. Mogi é uma cidade gostosa de morar, eu sou mogiana de coração. Eu fiz muitas amizades, me casei e meus filhos nasceram aqui”, diz.

A família de Lucia acabou deixando a cidade, mas ela optou por viver aqui e, curiosamente, o encontro com as irmãs ainda vivas que vivem no Rio de Janeiro e São Paulo, são na maioria das vezes, em Mogi.

Aniversário de 100 anos

Nesta quarta-feira (16), Lucia completa 100 anos de vida com uma saúde física e mental de dar inveja. Além de não conter nenhum tipo de doença grave, ela mantém uma rotina saudável, sem grandes restrições alimentares, com sessões de fisioterapia ao longo da semana e cuidados de beleza, como manicure.

Já às quintas-feiras, se reúne com o grupo de amigas há mais de 22 anos, para pintar lindos quadros, no pequeno ateliê em sua residência. De acordo com as colegas de pintura Margarida Teresinha Santana, Benedita Zadra, Denise Nogueira de Deus Siqueira e Marli Aparecida Russo Toselli, Lucia é a mais concentrada do grupo. Foco que resulta em belas imagens que dão vida as paredes da casa.

Rodeada das pessoas que ama, ela comemora. “É uma alegria muito grande de poder viver esses 100 anos, isso tudo é vontade de Deus. Alegria de ter a minha família sempre reunida, os meus amigos, todas aquelas pessoas que eu gosto. Sinto que a gente precisa viver com muito amor no coração, tudo fica mais fácil”, finaliza.

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