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O Sentir para preservação ambiental

Como esses eventos nos conduzem a uma reflexão sobre nosso comprometimento e nossas ações em direção a um futuro sustentável?

9 de abril de 2024

Mata Atlântica da Serra do Itapeti | Divulgação PMMC

Reportagem de:

Alexandre Hilsdorf

As mudanças climáticas estão afetando todos nós de maneiras palpáveis. Ondas de calor e frio extremos, incêndios florestais mais frequentes e chuvas intensas que causam enchentes e perdas de vidas tornaram-se eventos comuns em muitas regiões do mundo. Um estudo realizado pelo Instituto Escolhas revelou que, entre 1985 e 2019, a cidade de São Paulo experimentou um aumento médio de temperatura de 1°C, com previsões indicando um aumento adicional de 0,6°C até 2030. Para aqueles que subestimam esse aumento, pesquisas demonstram que cada grau de elevação na temperatura está associado a um aumento de 3,3% nas mortes por diversas causas. Essa realidade incerta se estende para além do clima, afetando a produção de alimentos e a preservação dos ecossistemas em nosso planeta.

Diante desse cenário, surge a questão crucial: como esses eventos nos conduzem a uma reflexão sobre nosso comprometimento e nossas ações em direção a um futuro sustentável? As emoções desempenham um papel fundamental nesse processo, impulsionando nossas relações com outras espécies e com o meio ambiente como um todo. Elas moldam nosso desenvolvimento social e são a fonte primordial de aprendizado, nos guiando na busca por experiências que nos proporcionem prazer e conforto. Pense naquele filme que o emocionou profundamente – mesmo após muito tempo, detalhes da história permanecem vívidos em sua memória.

No entanto, ao passarmos por nosso cotidiano, muitas vezes nos tornamos insensíveis à presença da natureza ao nosso redor. O rio Tietê e a Mata Atlântica da Serra do Itapeti, por exemplo, são elementos essenciais do ambiente de nossa cidade que frequentemente passam despercebidos. Essa falta de conexão emocional com a natureza pode minar nosso interesse na conservação ambiental e na proteção dos ecossistemas locais.

Um exemplo ilustrativo desse desafio é a preservação dos urubus e sua relação com a saúde humana. Em 2004, três espécies de urubus nativas do sul da Ásia e da Índia enfrentaram uma séria ameaça, com uma diminuição alarmante de 97% em suas populações. Apesar de sua aparência repulsiva aos nossos olhos, salvar essas aves da extinção é um imperativo ético. A ausência dos urubus nos céus, no entanto, tem ramificações profundas e inesperadas. Estudos revelaram que a morte dessas aves estava ligada ao uso indiscriminado do medicamento diclofenaco em bovinos, ministrado aos bovinos para aliviar dores nesses animais. Contudo, em urubus, esse medicamento leva à falência renal. Na Índia, os bovinos são sagrados e, após a morte desses animais, são os urubus que fazem o trabalho de reciclagem dos cadáveres. Assim, o consumo dos animais que tomaram o anti-inflamatório levava à morte dos urubus, que deixando de consumir as carcaças, estas apodreciam e tornavam-se incubadoras para doenças e, ao serem consumidas por cães, fizeram com que as populações selvagens de cães aumentassem, e com isso os casos de raiva em humanos.

Esse relato é apenas um exemplo de como o destino de uma espécie está intrinsecamente ligado ao nosso próprio destino. Nossas emoções têm o poder de nos motivar na proteção ambiental, despertando empatia e compaixão pelas outras formas de vida que compartilham conosco nosso planeta. A conexão emocional com o meio ambiente nos incita a assumir a responsabilidade pela sua preservação, impulsionando-nos a agir como agentes de mudança em busca de um futuro mais equilibrado e sustentável para as gerações presentes e futuras.

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