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7 a cada 10 casos atendidos pelo PS não são urgentes, diz Santa Casa de Mogi

Instituição orienta população a procurar unidade certa para cada tipo de atendimento, evitando causar vítimas fatais por sobrecarga do sistema.

30 de janeiro de 2025

Pronto Socorro (PS) da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes | Foto: divulgação

Reportagem de: O Diário

De cada dez pessoas que procuram o Pronto Socorro (PS) da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes, em média, sete não são casos de urgência e poderiam ser atendidos em outra unidade. A estimativa é da supervisora de Enfermagem do Plantão Noturno do Pronto-Socorro da Santa Casa, Kátia Aparecida dos Santos.

De acordo com a Kátia, é comum as pessoas procurarem o serviço de urgência e emergência para tratar uma dor crônica, que se arrasta há meses, para internação de um etilista (dependente de álcool), lavagem de ouvido para remover o cerúmen (cera), trocar receituário médico, renovar curativos, obter atestado para justificar falta ao trabalho e até para fazer um teste de gravidez. “São serviços disponíveis na rede básica de saúde, bastando fazer o agendamento. Não faz sentido buscar atendimento no Pronto-Socorro”, observa.

Kátia ressalta ainda orientações para esses pacientes. Por exemplo, o PS intervém para conter convulsões sofridas por etílicos, mas, o fundamental é que eles procurem o devido tratamento na rede básica de saúde. Os mogianos dispõem de programas municipais e também do Centro de Atenção Psicossocial-Álcool e Drogas (Caps-AD).

Em outro exemplo, Kátia detalha que é atendimento de urgência o caso de alguém com dor de ouvido. Já a limpeza do cerúmem é um procedimento oferecido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O mesmo vale para testes rápidos de HIV, sífilis e outras doenças sexualmente transmissíveis. Ela lembra que estão disponíveis na rede básica de saúde. Também cresce o número de pessoas que buscam o PS após picadas de cobra e aranha, assim como mordidas de cães e gatos.

Em Mogi das Cruzes, o Hospital Luzia de Pinho Melo é o único que dispõe de soro para tratar vítimas de picadas de animais peçonhentos. “Quando o PS da Santa Casa recebe esse paciente, precisa arrumar ambulância para transportá-lo até lá. É um tempo precioso de socorro médico, perdido na logística de locomoção. Seria bem diferente se a pessoa fosse diretamente ao local certo”, relata a enfermeira, assinalando que aquela unidade presta socorro imediato para esses casos. Ela também informa que a vacina antirrábica só está disponível na UPA Rodeio. 

Uso consciente do Pronto-Socorro salva vidas

Ao procurar o Pronto-Socorro da Santa Casa com problemas de saúde que podem ser atendidos em outros equipamentos, o paciente retarda a assistência para casos de urgência e emergência, que são o foco da unidade. “Quando você usa mal o Pronto-Socorro, prejudica o atendimento de quem está em risco de morte”, alerta o vice-provedor do hospital filantrópico, Flávio Ferreira Mattos, ao assinalar que o respeito ao propósito do PS  garante que aqueles que realmente precisam de cuidados urgentes recebam atenção rápida e eficaz.

A rede pública de saúde dispõe de equipamentos para atender diferentes casos. A porta de entrada para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) são as UBS e as Unidades de Saúde da Família (USF). Estão aparelhadas para solucionar cerca de 80% das necessidades de assistência apresentadas pelos usuários, oferecendo pré-natal, pediatria, acompanhamento de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, além do tratamento de tuberculose e hanseníase. É onde o paciente deve buscar atendimento para consultas, tratamentos, vacinas, injeções, curativos, trocas de sondas e renovação de receitas. Em Mogi das Cruzes, os agendamentos são realizados pelo telefone 160, do Sistema Integrado de Saúde (SIS). A Prefeitura mantém convênio com a Santa Casa para atendimento dos munícipes no Pronto-Socorro do hospital.

O sistema mogiano de saúde pública também conta com três Unidades de Pronto Atendimento (UPA), localizadas no Rodeio, Oropó e Jundiapeba. Todas têm funcionamento ininterrupto e capacidade para atender mais de 90% dos pacientes sem necessidade de encaminhamento ao pronto-socorro hospitalar. Apresentam estrutura física e operacional para tratar urgências e emergências relacionadas à febre e pressão arterial altas, fraturas, cortes, infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Estão diretamente ligadas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Mattos propõe a união dos gestores de saúde, num trabalho conjunto com a Prefeitura, para viabilizar a produção de um Guia de Orientações ao Uso do SIS. Ideia do vice-provedor é que a campanha educativa seja levada às escolas e entidades sociais assim como aos profissionais de saúde, por meio de palestras.

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