7 a cada 10 casos atendidos pelo PS não são urgentes, diz Santa Casa de Mogi
Instituição orienta população a procurar unidade certa para cada tipo de atendimento, evitando causar vítimas fatais por sobrecarga do sistema.

Pronto Socorro (PS) da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes | Foto: divulgação
Reportagem de: O Diário
De cada dez pessoas que procuram o Pronto Socorro (PS) da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes, em média, sete não são casos de urgência e poderiam ser atendidos em outra unidade. A estimativa é da supervisora de Enfermagem do Plantão Noturno do Pronto-Socorro da Santa Casa, Kátia Aparecida dos Santos.
De acordo com a Kátia, é comum as pessoas procurarem o serviço de urgência e emergência para tratar uma dor crônica, que se arrasta há meses, para internação de um etilista (dependente de álcool), lavagem de ouvido para remover o cerúmen (cera), trocar receituário médico, renovar curativos, obter atestado para justificar falta ao trabalho e até para fazer um teste de gravidez. “São serviços disponíveis na rede básica de saúde, bastando fazer o agendamento. Não faz sentido buscar atendimento no Pronto-Socorro”, observa.
Kátia ressalta ainda orientações para esses pacientes. Por exemplo, o PS intervém para conter convulsões sofridas por etílicos, mas, o fundamental é que eles procurem o devido tratamento na rede básica de saúde. Os mogianos dispõem de programas municipais e também do Centro de Atenção Psicossocial-Álcool e Drogas (Caps-AD).
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Em outro exemplo, Kátia detalha que é atendimento de urgência o caso de alguém com dor de ouvido. Já a limpeza do cerúmem é um procedimento oferecido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O mesmo vale para testes rápidos de HIV, sífilis e outras doenças sexualmente transmissíveis. Ela lembra que estão disponíveis na rede básica de saúde. Também cresce o número de pessoas que buscam o PS após picadas de cobra e aranha, assim como mordidas de cães e gatos.
Em Mogi das Cruzes, o Hospital Luzia de Pinho Melo é o único que dispõe de soro para tratar vítimas de picadas de animais peçonhentos. “Quando o PS da Santa Casa recebe esse paciente, precisa arrumar ambulância para transportá-lo até lá. É um tempo precioso de socorro médico, perdido na logística de locomoção. Seria bem diferente se a pessoa fosse diretamente ao local certo”, relata a enfermeira, assinalando que aquela unidade presta socorro imediato para esses casos. Ela também informa que a vacina antirrábica só está disponível na UPA Rodeio.
Uso consciente do Pronto-Socorro salva vidas
Ao procurar o Pronto-Socorro da Santa Casa com problemas de saúde que podem ser atendidos em outros equipamentos, o paciente retarda a assistência para casos de urgência e emergência, que são o foco da unidade. “Quando você usa mal o Pronto-Socorro, prejudica o atendimento de quem está em risco de morte”, alerta o vice-provedor do hospital filantrópico, Flávio Ferreira Mattos, ao assinalar que o respeito ao propósito do PS garante que aqueles que realmente precisam de cuidados urgentes recebam atenção rápida e eficaz.
A rede pública de saúde dispõe de equipamentos para atender diferentes casos. A porta de entrada para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) são as UBS e as Unidades de Saúde da Família (USF). Estão aparelhadas para solucionar cerca de 80% das necessidades de assistência apresentadas pelos usuários, oferecendo pré-natal, pediatria, acompanhamento de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, além do tratamento de tuberculose e hanseníase. É onde o paciente deve buscar atendimento para consultas, tratamentos, vacinas, injeções, curativos, trocas de sondas e renovação de receitas. Em Mogi das Cruzes, os agendamentos são realizados pelo telefone 160, do Sistema Integrado de Saúde (SIS). A Prefeitura mantém convênio com a Santa Casa para atendimento dos munícipes no Pronto-Socorro do hospital.
O sistema mogiano de saúde pública também conta com três Unidades de Pronto Atendimento (UPA), localizadas no Rodeio, Oropó e Jundiapeba. Todas têm funcionamento ininterrupto e capacidade para atender mais de 90% dos pacientes sem necessidade de encaminhamento ao pronto-socorro hospitalar. Apresentam estrutura física e operacional para tratar urgências e emergências relacionadas à febre e pressão arterial altas, fraturas, cortes, infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Estão diretamente ligadas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Mattos propõe a união dos gestores de saúde, num trabalho conjunto com a Prefeitura, para viabilizar a produção de um Guia de Orientações ao Uso do SIS. Ideia do vice-provedor é que a campanha educativa seja levada às escolas e entidades sociais assim como aos profissionais de saúde, por meio de palestras.