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Arte de Mauricio Chaer brota e rende frutos, como cacaus gigantes

Desde que passou a esculpir a partir de galhos de árvore, Mauricio Chaer deu novo fôlego à arte urbana em Mogi das Cruzes. A paisagem local já foi colorida com árvores, escadas e também cruzes desenvolvidas com esta técnica pelo artista mogiano, que transforma em arte materiais que seriam descartados. Mas a cidade já não […]

9 de julho de 2022

Reportagem de: O Diário

Desde que passou a esculpir a partir de galhos de árvore, Mauricio Chaer deu novo fôlego à arte urbana em Mogi das Cruzes. A paisagem local já foi colorida com árvores, escadas e também cruzes desenvolvidas com esta técnica pelo artista mogiano, que transforma em arte materiais que seriam descartados. Mas a cidade já não é suficiente. Os trabalhos de Chaer estão ganhando o país – e o mundo.

Recentemente, na rede social LinkedIn o empresário Alexandre Costa, conhecido como Alê, da Cacau Show, compartilhou uma foto em que aparece ao lado de Luiza Helena Trajano, proprietária do Magazine Luiza. Ao fundo desta imagem é possível perceber três grandes cacaus com tons de amarelo, marrom e vermelho. São obras de Chaer, feitas com galhos de cedro e revestidas em lã.

E não são somente estas duas personalidades que têm acesso às obras do mogiano. As peças produzidas por Chaer estão espalhadas em lojas da Cacau Show em todo o Brasil. Com 2,10 metros de altura, os “cacaus” decoram os maiores pontos da franquia, e são encomendas do próprio Alê Costa.

Quando a reportagem de O Diário ligou para Chaer, para esta entrevista, ele estava justamente trabalhando para este cliente. Depois de fazer dezenas de esculturas grandes, agora a aposta é o inverso: um painel enorme sim, de 8 x 6 metros, mas feito de 800 pequenos cacaus, com 25 centímetros cada, para a loja de Linhares, no Espírito Santo. 

Tem mais. Sob encomenda de Alê Costa, o mogiano tem criado, com as cascas do cacau, mandalas, porta-guardanapos, saboneteiras e até mesmo um chacoalho – que é usado pelo empresário em apresentações musicais, com banda.

Por intermédio do chocolatier, a arte de Chaer foi exportada para a Europa. “Ele me pediu um para dar de presente na Itália, com 1,5 metro. Depois pediu de 1 metro e agora fizemos 40 luminárias para o hotel dele, em Campos do Jordão, com 90 centímetros cada”, conta o artista.

Tudo isso começou pela bem-vinda insistência do fotógrafo Lailson Santos, conta Chaer. “Ele é ‘chegadão’ do Alê e me apresentou, assim como já tinha feito com o Lucio (Bittencourt, também artista plástico de Mogi). O Alê teve a ideia de fazer o cacau, e como é desbravador, quis usar também a casca, porque ninguém usa, já que não é tão dura como a do coco”.

Para os formatos maiores, quando há ajudantes envolvidos, Chaer investe uma semana de trabalho. E, claro, muitos, mas muitos galhinhos de cedro. “Estou sempre pegando eles. Além da minha casa/ateliê, tem alguns lugares que eu vou em Mogi, como uma escola onde o (Paulo) Seccomandi pinta, e há três árvores”, explica Chaer, que ainda encontra tempo para produzir outras obras.

A ideia dele é reunir material para uma nova exposição, tão grande quanto ‘Galhinhos Entre Nós’, que contou com um túnel colorido na parte externa do Centro Cultural de Mogi das Cruzes, em 2019. 

Dessa vez, o palco será o Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi, em Suzano. “Estou marcando para 2023 para poder apresentar obras novas”, diz ele, que costuma ficar pelo menos dois anos planejando e criando, em silêncio, para depois mostrar os trabalhos ao mundo.

“Todo dia tenho uma ideia. É incrível isso. Se estou fazendo uma peça, já começo a pensar em outra”, comenta Chaer, que comemora a instalação de dois bancos de concretos feitos por ele no Casarão da Memória suzanense. Este tipo de trabalho é próximo da estética que ele usava antes de se encantar pelos galinhos.

Em Mogi, há várias esculturas assinadas pelo artista feitas em concreto e decoradas com pastilhas de cerâmica. É o caso da ‘Figura Tomando Sol’, que diverte os visitantes da praça praça Assumpção Ramirez Eroles, mais conhecida como “praça do Habib’s”, por exemplo. 

As técnicas tradicionais se misturam com as modernas para que as tais ideias saiam da cabeça de Chaer. E todo o processo criativo é compartilhado nas redes sociais dele, que está, neste momento, criando uma espiral de ferro e coberta com pequenos galhos. Os seguidores puderam opinar se a obra ficaria mais interessante na vertical ou na horizontal. 

Provavelmente a instalação final, com influências do período barroco, será na vertical, já que assim a escultura parece estar “brotando” do chão. É daí que vem o título desta reportagem. O mogiano Mauricio Chaer tem plantado conceitos e colhido frutos, como cacaus gigantes e coloridos.

 

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