Brasil e EUA divergem sobre medidas para aumentar oferta de fertilizantes no mundo
Brasil e Estados Unidos mostraram divergências, nesta quarta-feira, sobre que medidas podem ser tomadas para aumentar a oferta de fertilizantes para a agricultura mundial e, com isso, evitar uma crise inédita de escassez e alta de preços de alimentos no mundo. Durante uma mesa redonda virtual com o tema ‘Insumos para Sistemas Agroalimentares Sustentáveis’, enquanto […]
Reportagem de: O Diário
Brasil e Estados Unidos mostraram divergências, nesta quarta-feira, sobre que medidas podem ser tomadas para aumentar a oferta de fertilizantes para a agricultura mundial e, com isso, evitar uma crise inédita de escassez e alta de preços de alimentos no mundo. Durante uma mesa redonda virtual com o tema ‘Insumos para Sistemas Agroalimentares Sustentáveis’, enquanto a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendia que adubos e fertilizantes sejam excluídos da lista de sanções contra países produtores como a Rússia e a Bielorrússia, sua contraparte nos EUA, Tom Vilsack, afirmava que a saída é subsidiar esses insumos para os produtores americanos e beneficiar nações aliadas com o aumento da oferta.
—Temos que excluir os fertilizantes dos regimes de sanções, como [ocorre com] os alimentos. Reprimir o comércio desses insumos afeta a produtividade no campo, aumenta preço de commodities, reduz a oferta e ameaça a segurança alimentar, especialmente de países mais vulneráveis — disse Tereza Cristina.
A ministra citou a pandemia de Covid-19, que “pôs à prova a capacidade do sistema alimentar global de prover alimentos em quantidade, qualidade e preços acessíveis a todos os habitantes do planeta”. Ela destacou que, com a retomada da atividade econômica, aumentou a demanda global por produtos agropecuários em meio a uma onda inflacionária mundial. Essa situação, acrescentou, foi agravada por sanções à Bielorrússia — o governo daquele país é acusado de violação dos diireitos humanos — no ano passado e, mais recentemente, à Rússia, que entrou em guerra com a Ucrânia.
— Não podemos punir a economia de um país e colocar em risco a economia mundial. São 800 milhões de pessoas que têm fome no mundo — afirmou.
O secretário de Agricultura dos EUA não se manifestou sobre a proposta brasileira, que conta com o apoio de outros países sul-americanos. Ele defendeu que as nações do hemisfério trabalhem para garantir um sistema sustentável de alimentos e disse que a guerra na Ucrânia terá impacto não apenas na agricultura, mas na economia como um todo.
— A guerra é algo que veio para impactar o mundo inteiro e precisamos ter em mente que a cadeia alimentar exige uma complexidade e uma agilidade no transporte que é muito grande — disse.
Tom Vilsack lembrou que, recentemente, o governo americano anunciou que vai destinar US$ 250 milhões para financiar o aumento de fertilizantes nos EUA. Essa oferta adicional, destacou, servirá não apenas aos produtores locais, mas também para os países aliados. E enfatizou que a guerra na Ucrânia não atinge apenas os custos dos insumos, mas a própria democracia.
—Os EUA devem trabalhar em conjunto com vocês para reduzir os custos de insumos, as mudanças climáticas e aumentar a eficiência de nossa produção regional. Recentemente anunciamos que estamos tendo mais produção de fertilizantes para nossos agricultores e para os agricultores de nossas alianças. Os EUA podem não precisar, num futuro próximo, de fertilizantes importados de outros países — enfatizou.
Vilsack afirmou que os EUA querem facilitar uma resposta humanitária na Ucrânia e mitigar os efeitos do conflito. Disse que é preciso conhecer a estrutura da cadeia alimentícia global e desenvolver ferramentas para a produção de commodities.
—Devemos ser cautelosos para não ter políticas que intervenham de maneira pejorativa no custo das commodities. Devemos ter ferramentas para estimular a agricultura, tarifas claras e acessíveis e incentivas o plantio e o aumento da produção dos nossos produtores agrícolas —afirmou.
Participaram do evento ministros da Agricultura das Américas, além de dirigentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).