Festival de voo livre promete ‘lotar’ o céu de Mogi em agosto; confira
Mogi das Cruzes receberá nos próximos dias 26 e 27 de agosto o Festival 35 Anos MCVL – sucessor do tradicional Festival de Primavera do Voo Livre. O evento promete ‘lotar’ os céus da cidade a partir do Pico do Urubu, que tem um “salto cobiçado” e atrai pilotos até de outros países. Os organizadores […]
Reportagem de: O Diário
Mogi das Cruzes receberá nos próximos dias 26 e 27 de agosto o Festival 35 Anos MCVL – sucessor do tradicional Festival de Primavera do Voo Livre. O evento promete ‘lotar’ os céus da cidade a partir do Pico do Urubu, que tem um “salto cobiçado” e atrai pilotos até de outros países. Os organizadores preveem cerca de cinco mil participantes ao longo dos dois dias de programação, entre admiradores e praticantes do parapente. Estes esperam por um dia de sol e vento favorável para saltar do ponto mais alto da cidade, com seus 1.140 metros de altitude e vista privilegiada.
Devem participar cerca de 130 pilotos, incluindo os de países como Estados Unidos e Equador, que fazem inscrição mediante a doação de 1kg de alimento.
Apoiado pela Prefeitura, o evento é organizado pelo Mogi Clube de Voo Livre (MCVL) e neste ano celebra os 35 anos do grupo. Mantendo uma tradição, o festival destaca a força (e potencial) dos esportes radicais na cidade, além dos desafios enfrentados pelo município para receber um número elevado de turistas, o que tem pressionado o setor hoteleiro ao limite (leia mais abaixo).
A entrada ao evento é gratuita ao público. Famílias podem acompanhar os saltos de parapente do mirante instalado no topo do pico. Os mais corajosos, também podem saltar com instrutores. Recomenda-se pesquisar sobre o assunto antes e considerar os riscos.
Entre as atrações, estão inclusos: voo duplo panorâmico para turistas, competições e confraternizações entre os níveis, e a cerimônia de premiação. Neste ano, não haverá palco para música ao vivo, mas o evento deve contar com DJ e barracas de alimentação.
As competições acontecem em duas modalidades: XCCountry – onde é avaliado o voo de longa distância, mais permanência e pouso na “mosca”, em que os pilotos tentam pousar o mais próximo possível de um alvo no chão.
O Mogi Clube de Voo Livre foi fundado em 1988 por quatro amigos pilotos de asa delta, que tinham o desejo de divulgar o esporte. O clube tinha como objetivo promover o esporte e realizar eventos de acordo com as normas dos órgãos competentes.
Léo Elias da Cruz, presidente do clube, fala sobre a importância do Pico do Urubu e também dos voos livres para Mogi das Cruzes: “É um esporte maravilhoso. Tem uma linda vista panorâmica, é muito prazeroso. Vem gente do mundo todo. O interessante é que as pessoas da cidade também conheçam essa riqueza”, cita ele.
Ele conta que espera um dia de diversão para toda a família durante o evento, que deve movimentar diversos setores da economia mogiana.
“Teremos cerca de 130 pilotos, que trazem a família e passeiam na cidade. O Pico sempre atrai muitas pessoas, incluindo de outros países”, conta. “Isso é bom para toda a cidade”, acredita.
O presidente destaca que Mogi das Cruzes tem um “salto cobiçado”. Isso por conta das condições da cidade, natureza ao redor, altitude, etc.
Com os anos, a cidade também exportou campeões e nomes de peso do voo livre.
Pilotos experientes podem saltar de Mogi e pousar nas areias de Bertioga. Isso depende de boas condições climáticas. O resultado é uma viagem de tirar o fôlego que dura cerca de 1h30. Existem pilotos que já fizeram essa viagem 90 vezes.
Vídeos da ‘aventura’ podem ser encontrados no YouTube. “Eu ainda vou experimentar”, garante Elias.
A história do piloto com o parapente é recente, mas mostra como, nas palavras dele, é um esporte apaixonante.
Ele saltou pela primeira vez há apenas três anos. Conheceu o parapente na edição de 2019 do festival. Depois disso, não parou mais e até se tornou presidente do Clube de Voo Livre.
Lembra que, assim como em outras áreas, o parapente também tem seus desafios. Questões como o local de pouso definido ajudariam a comunidade.
O local onde os praticantes do voo livre pousam em Mogi é uma área particular. Esse, segundo ele, é um assunto polêmico. “Seria interessante se a Prefeitura preparasse uma área própria para os pousos”, sugere.
Segundo Elias, o encontro este ano mudou de nome – antes Festival de Primavera – para homenagear o aniversário de 35 anos do clube.
Os pilotos que tenham interesse em participar devem buscar mais informações no Facebook e Instagram do MCVL.
O Pico
O Pico do Urubu é um local valioso na cidade, mas também apresenta uma série de desafios, incluindo questões de segurança e proteção ambiental. Localizado a mais de mil metros acima do nível do mar, é o ponto mais alto de Mogi das Cruzes. O acesso é feito pela estrada da Cruz do Século, no bairro do Rodeio, através de um caminho íngreme, porém adequado para carros de passeio.
Além de atrair os amantes do voo livre, o local também recebe os adeptos do montanhismo, por causa de suas trilhas, e corridas.
A orientação da Prefeitura é nunca fazer a trilha sozinho: é importante estar acompanhado de guias de turismo especializados. Recomenda-se que as trilhas sejam utilizadas apenas por adeptos dos esportes de aventura com experiência no percurso ideal de cada trilha.
Um desafio é a retomada dos saltos de asa delta, que foram interrompidos desde o fechamento da rampa, após uma ação do Ministério Público.
O parapente
O parapente, também chamado de paraglider, é uma modalidade de voo livre que utiliza uma asa flexível e inflável para permitir que o piloto planeie pelos céus. É uma combinação entre um paraquedas e uma asa delta, proporcionando uma experiência única e emocionante para os praticantes.
O equipamento é projetado para decolar a partir de encostas ou ser lançado no ar através de rebocadores ou guinchos. Ao contrário de outros equipamentos de voo, ele é compacto.
Uma das principais características é a sua capacidade de voar por longas distâncias e realizar voos de crosscountry. Para essa modalidade, Mogi serve um prato cheio, com a viagem até Bertioga sendo o maior exemplo.
Turismo: oportunidades e desafios
No mês passado, a reportagem de O Diário mostrou os problemas enfrentados pelo setor hoteleiro em Mogi.
Atualmente, existem 23 hotéis cadastrados na Prefeitura de Mogi, com cerca de duas mil vagas, o que representa a capacidade máxima. Essa falta de infraestrutura hoteleira pode ser um obstáculo para o desenvolvimento do turismo local. O evento de voo livre em agosto pretende reunir 5 mil participantes.
A reportagem apresentou os planos para o desenvolvimento do setor. Nesta quinta-feira (6), o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Pedro Komura, informou que está negociando com pousadas e também com pessoas envolvidas no turismo rural para eliminar esse “gargalo” e aumentar a oferta de acomodações. “O diálogo está em andamento e esperamos obter resultados positivos em breve”, declarou a nota da Prefeitura.
“Além disso, estamos trabalhando em conjunto com o prefeito Caio Cunha e o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) para discutir as demandas do setor e buscar uma colaboração conjunta na resolução desse desafio”, afirmou a Assessoria de Imprensa da Prefeitura.
Confira em O Diário a matéria que mostrou os desafios e as promessas para o setor na cidade, que tem planos de incentivar ainda mais a vinda de turismos com ideias como a criação de um setor cervejeiro e uma Feira de Negócios, programada para acontecer em maio de 2024, na área do Centro Municipal Integrado (CMI) “Deputado Maurício Najar”, no Mogilar.
Praticantes do Voo Livre defendem mais investimentos na modalidade. O argumento é de que a atenção pode incentivar não apenas no esporte, mas como outras áreas de Mogi, como o turismo ecológico.