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A audiência pública e a nova ciência

Quatro vezes prefeito de Mogi das Cruzes, Waldemar Costa Filho costumava dedicar pelo menos um dia da semana para atender ao público, que se inscrevia antecipadamente. Era o dia em que ele, conhecedor profundo da cidade, tinha diante de sua mesa pessoas vindas dos mais diferentes pontos da cidade, com as mais diversas reivindicações.  Elas […]

22 de maio de 2021

Reportagem de: O Diário

Quatro vezes prefeito de Mogi das Cruzes, Waldemar Costa Filho costumava dedicar pelo menos um dia da semana para atender ao público, que se inscrevia antecipadamente. Era o dia em que ele, conhecedor profundo da cidade, tinha diante de sua mesa pessoas vindas dos mais diferentes pontos da cidade, com as mais diversas reivindicações. 

Elas não sabiam, mas significavam para o prefeito um verdadeiro termômetro de como estava a aceitação de seu governo e do atendimento às principais queixas dos moradores. Era também um dia de inevitáveis surpresas. Tanto para o prefeito, como para alguns secretários, especialmente convidados por ele para acompanhar o peditório.

Dono de respostas desconcertantes, capazes de deixar sem rumo os seus interlocutores, Waldemar também se divertia muito com tudo o que acontecia em seu gabinete no dia em que recepcionava tanto pessoas amigas, velhos conhecidos dos tempos da Mineração Geral do Brasil, quanto gente que ele nunca vira e que, muitas vezes, se assustava com o estilo direto e, às vezes, até agressivo do mineiro de Juiz de Fora que ganhou a simpatia dos mogianos com suas atitudes inusitadas e administrações de resultados até hoje ainda reconhecidos pela comunidade.

Mas voltemos às audiências públicas, há muito tempo esquecidas pelos sucessores de Waldemar no cargo de prefeito de Mogi.
Certo dia, em seu quarto e último mandato, Waldemar estava atendendo ao público, como fazia, sempre ao lado de seu fiel escudeiro, o vice-prefeito e médico Melquíades Machado Portela. Quando necessário e algum problema exigia, chamava algum secretário da área para ajudá-lo na solução dos pedidos. 

Naquela tarde, como o assunto era ligado à área da Assistência Social, ele mandou chamar o secretário Dirceu do Valle, outro que acompanhou o prefeito em vários mandatos.

Com Dirceu na sala, o prefeito voltou a ouvir a reivindicação do munícipe e indagou diretamente ao secretário da pasta se seria possível atender àquele pedido. Dirceu foi taxativo: “Não, senhor prefeito!”. E ficou tudo por isso mesmo.

A audiência continuou normalmente, até que, depois de concluída, Waldemar, intrigado, voltou a chamar Dirceu e perguntou a ele por que havia sido tão incisivo em sua respota negativa.

“Eu usei a psicognomia”, respondeu.

“E que diabos é isso?” – quis saber o prefeito, ainda mais curioso.

“Pela expressão facial do homem, vi que estava mentindo”, explicou o secretário.
Waldemar apelou:“Melquíades, é isso mesmo?”

E o vice, colocando panos quentes na história:“É possível, seu Waldemar… é possível…”

A conversa não avançou um único milímetro a mais.

O padre e a caiçara

O leitor Joel Avelino Ribeiro relembra mais uma  do  Vale do Ribeira. Lá por volta de 1965/67, numa pequena cidade, surgiu o comentário de que o velho prefeito andava traindo a esposa com uma bela e jovem caiçara. Os comentários ganharam proporção descontrolável. E foi aí que umas senhoras se reuniram e decidiram procurar o padre e pedir que ele tivesse um conversa séria com o prefeito sobre “a pouca vergonha praticada por quem deveria ser um exemplo à sociedade”. O padre chamou o prefeito e pediu explicações:  “Sr. vigário, a essa altura de minha idade, sem muita saúde e com problemas de visão, eu nego essas acusações e digo que quando vejo uma mulher pelada na minha frente, eu simplesmente enxergo um mourão de cerca.” E assim, o tempo passou e o caso acabou no esquecimento…

Bacias leiteras

Agenor Pereira, um feirante que se elegeu vereador em Poá, transformando em epíteto o bordão de um programa humorístico da televisão que dizia “O macaco tá certo”, tornou-se frequentador assíduo dos congressos da categoria, onde ficou conhecido por apresentar as mais inusitadas propostas.  Numa delas, endereçada à Organização das Nações Unidas, a conhecida ONU, ele propôs uma solução miraculosa capaz, segundo Agenor, de acabar de vez com a fome no mundo: tratar as crianças da Índia e das regiões mais pobres da África com leite de… baleias.  

Para isso, ele sugeriu a criação, em determinados pontos dos oceanos mais próximos dessas localidades, das chamadas “bacias leiteiras” que, com o confinamento delas, poderiam ser ordenhadas. A proposta do vereador foi enviada, mas até hoje não obteve qualquer resposta da ONU.

Candidatura forçada

A história foi contada pelo consultor Gaudêncio  Torquato, em suas “Porandubas Políticas”. E aconteceu em Palmares, na Mata Sul do Estado de Pernambuco: “Em 1976, o candidato da Arena a prefeito de Palmares renunciou. O governador de Pernambuco na época, Moura Cavalcanti, correu lá e pesquisou: ‘Quem é mais popular na cidade?’ Resposta: ‘O gaguinho. Não fala nada’. Foi forçado a assumir a candidatura. Subiu no palanque, endeusado pela oração do governador: ‘Prefeito não precisa falar. Precisa agir’. A multidão, comovida, aplaudia o gaguinho, que apenas gesticulava com o V da vitória. Sem dizer um A, ganhou. Os gaguinhos já têm mais vez no território eleitoral. Nossa democracia, de claudicante, está melhorando. Tornando-se mais participante”.

Velhos amigos

O médico cearense Melquíades Machado Portela, ligado ao grupo político de Padre Melo, foi escolhido para ser vice de Waldemar em seu quarto e derradeiro mandato de prefeito. Foi o que se chama de “casamento perfeito”. Os dois se entenderam  e estiveram juntos por muito tempo. O médico acompanhou  todo o tratamento do câncer que levou Waldemar à morte, em 26 de abril  de 2001

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