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Acesso entre Ayrton Senna e Taboão terá de vencer burocracia do Estado

A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) deverá decidir, após uma avaliação técnica a ser realizada em setembro, se aprova o anteprojeto elaborado pela Ecopistas para implantação de um acesso interligando o distrito industrial do Taboão à rodovia Ayrton Senna da Silva. A proposta da concessionária já recebeu o aval dos empresários […]

18 de agosto de 2023

Reportagem de: O Diário

A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) deverá decidir, após uma avaliação técnica a ser realizada em setembro, se aprova o anteprojeto elaborado pela Ecopistas para implantação de um acesso interligando o distrito industrial do Taboão à rodovia Ayrton Senna da Silva. A proposta da concessionária já recebeu o aval dos empresários que integram a  Associação Gestora do Distrito Industrial do Taboão (Agestab).

Caso consiga ultrapassar, com sucesso, uma longa trajetória burocrática junto a órgãos técnicos da área de transportes do governo estadual, o projeto começará, enfim, a ser implantado visando assegurar melhores condições de logística às empresas industriais, agricultores e mineradores que atualmente reclamam das dificuldades para chegar ou sair com seus produtos pela rodovia Ayrton Senna.

Caso consiga passar pelo crivo dos engenheiros e outros técnicos da Artesp, o anteprojeto receberá autorização para se transformar em um projeto executivo, pelas mãos dos profissionais contratados pela Ecopistas para a conclusão do trabalho e para promover eventuais alterações que venham a ser determinadas para sua execução.

Apesar de todas essas exigências, a burocracia estatal não terminará aí. Antes de começar a sair do papel, o projeto definitivo ainda terá de ser submetido à Secretaria de Parcerias e Investimentos do governo estadual, onde caberá ao secretário Rafael Benini decidir sobre a inclusão ou não da construção do dispositivo no contrato de concessão já firmado entre a Ecopistas e o governo do Estado. 

Somente após essa verdadeira maratona é que terá início, finalmente, a fase de obras para a implantação do acesso, o antigo sonho dos empresários e demais moradores da região do Taboão, um portento de 15 milhões de metros quadrados, dos quais, 11 milhões permanecem à espera de ocupação, especialmente por indústrias de grande porte, já que toda aquela área está classificada como Zona de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI-1), uma das poucas, com tais características e zoneamento, ainda existentes no Estado de São Paulo.

Projeto 

A proposta inicialmente apresentada aos empreendedores do distrito do Taboão pela Ecopistas prevê a construção da uma via paralela, à direita da rodovia Ayrton Senna, no sentido São Paulo, com 7,2 km de extensão.

O desvio, com duas faixas de tráfego além de passeio deverá receber parte do trânsito de entrada e saída do Taboão, canalizando os veículos na direção do Trevo Waldemar Costa Filho, um conjunto de alças existente no cruzamento das rodovias Ayrton Senna da Silva e Mogi-Dutra.

Dali, os condutores poderão seguir na direção de São Paulo ou do Rio Janeiro, passando pelo Vale do Paraíba, bastando utilizar as alças dos viadutos ali existentes.

Toda essa estratégia de engenharia tem um motivo muito simples: por ser uma via de característica expressa, a Ayrton Senna não pode receber tráfego de vias secundárias diretamente em suas pistas, para não atrapalhar a rapidez e a segurança programadas para a rodovia, desde o seu nascimento, em 1º de maio de 1982, data de sua inauguração.

Apesar de relativamente curto, o desvio deverá contar com rotatórias de acessos a estradas vicinais que atravessam o interior do distrito, além de viadutos sobre os trilhos da MRS-Logística que serpenteiam por aquele trecho do ramal do Parateí para que os trens de carga possam servir empresas ali situadas, como a Cimento Tupy, por exemplo. 

Além do entroncamento existente junto à estrada Mauro Auricchio, na altura do Km 51 da Ayrton Senna, onde se localiza o chamado retorno operacional de veículos, o projeto de Ecopistas prevê outras duas rotatórias, que darão acesso às estradas vicinais Recanto da Floresta, que leva à Laborcel, empresa mais próxima, e Takeo Matsumoto, ao lado da Indústria de Filtros Santa Fé. As vicinais servem ao interior do distrito do Taboão.

O desvio exigirá também a construção de dois viadutos sobre os trilhos da MRS-Logística, na região da antiga Estação São Bento, visando garantir melhores condições de movimentação aos veículos sem a necessidade de cruzamentos em nível e evitando os riscos de acidentes.

Segundo a Ecopistas, a execução do projeto implicará na pavimentação de uma área total de 48 mil m².

Taboão precisa de infraestrutura para ser um grande polo industrial

Com uma localização estratégica, em meio ao corredor formado pelas vias Dutra e Ayrton, a meia hora do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, e no caminho para os portos de Santos e São Sebastião, o distrito do Taboão, cortado por um ramal ferroviário, é visto por arquitetos e urbanistas como o futuro polo industrial de Mogi das Cruzes, já que dispõe de 15 km² de área, dos quais, 11 km² ainda estão à espera de ocupação. Um espaço que a Lei de Zoneamento consagrou como Zona de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI-1), um dos poucos do Estado apto a receber grandes indústrias.

Apesar de já abrigar perto de 70 empresas, entre elas, a General Motors e o Centro de Distribuição da Kimberly Clark, o distrito ainda depende da “visão estratégica do governo do Estado” para ser dotado da infraestrutura capaz de torná-lo atrativo a novas indústrias, como garante o secretário municipal de Urbanismo, Claudio de Faria Rodrigues.

Entre as necessidades do distrito estão a abertura de vias mais largas e pavimentadas para receber caminhões, fornecimento adequado de energia elétrica, infraestrutura digital, além de transporte coletivo para atender moradores e futuros trabalhadores.

Reivindicações que têm sido feitas, com insistência, durante os últimos anos, pela Associação Gestora do Distrito Industrial do Taboão (Agestab), integrada por 45 empresas, de diferentes segmentos, como automotivo, plásticos, químico, cimento, colchões, filtros, baterias, locação de equipamentos, entre outras, responsáveis pela geração de 5 mil empregos diretos e cerca de 15 mil indiretos. 

Falando em nome da comunidade empresarial do Taboão, a Agestab tem sido a grande responsável por mobilizar políticos e órgãos de dentro e fora do governo visando obter melhorias para o distrito. O acesso para a rodovia Ayrton Senna, uma de suas mais antigas bandeiras, será um dos muitos resultados concretos desse trabalho.

Além de todo o seu potencial industrial, o distrito localizado a 10 km de distância do centro de Mogi, merece maior atenção das autoridades, inclusive as municipais, já que comporta também diferentes nichos de produção. É lá que ocorre, por exemplo, a extração de areia por 13 mineradoras, que coloca o município entre os maiores arrecadadores da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), paga pelas mineradoras. Em todo o Estado de São Paulo, a arrecadação anual da CFEM é de cerca de R$ 60 milhões, cabendo aos municípios 60% do total. Dos 645 municípios paulistas, apenas 15 deles respondem  por cerca de 45% do total arrecadado. Mogi está entre eles.

E se existe a compensação, há também o fantasma da degradação ambiental, pouco fiscalizada pela Cetesb e outros órgãos ambientais do Estado e município.

Outro importante espaço do Taboão, segundo o Sindicato Rural de Mogi, é ocupado por cerca de 100 produtores agrícolas, a maioria deles de origem oriental, vinculados à Associação Cultural e Agrícola do Bairro do Itapeti. O Itapeti é um bairro inserido no distrito, onde estão, principalmente, os floricultores, responsáveis por colocar Mogi entre os maiores produtores de orquídeas do País. 

Unidades produtivas como Qualiflores, Suculentas Santa Rosa, Orquidário Suzuki, WA Comércio de Flores e Orquidário Oriental são algumas das mais conhecidas e responsáveis por diferentes flores, com destaque para as espécies tradicionais de orquídeas, assim como pelo desenvolvimento genético de novos tipos da planta, conhecidas por sua beleza.

Localizado na área Norte do município de Mogi das Cruzes, o Taboão ainda tem a maior parte de suas áreas vinculada à família de Raul Lerário, antigo morador da cidade Guararema, uma das vizinhas do distrito mogiano Os outros municípios limítrofes são Arujá, Santa Isabel e Itaquaquecetuba.

E enquanto espera pela infraestrutura, tão defendida por seus atuais ocupantes, a enorme área do Taboão acaba por despertar interesses nada edificantes, como a instalação de um mega depósito de lixo, pretendida por um poderoso grupo econômico, que só não foi adiante em razão de uma mobilização comunitária jamais vista na história de Mogi das Cruzes.

Riscos semelhantes ainda existem; por isso, a necessidade urgente de se dar ao Taboão a destinação que ele realmente merece. (D.V.)

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