Advogado mogiano fala do trabalho ao lado de Pertence. “Fará muita falta”
A morte o jurista brasileiro Sepúlveda Pertence, aos 85 anos, teve significado especial para o advogado mogiano Miguel Francisco Urbano Nagib, o Vacico, filho do empresário e cirurgião dentista Miguel Nagib. Vacico trabalhou ao lado de Sepúlveda, como seu assessor, no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, e após a aposentadoria dele, em 2007, integrou a […]
Reportagem de: O Diário
A morte o jurista brasileiro Sepúlveda Pertence, aos 85 anos, teve significado especial para o advogado mogiano Miguel Francisco Urbano Nagib, o Vacico, filho do empresário e cirurgião dentista Miguel Nagib.
Vacico trabalhou ao lado de Sepúlveda, como seu assessor, no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, e após a aposentadoria dele, em 2007, integrou a equipe de seu escritório, na Capital Federal, até 2017.
O jurista que morreu domingo (2), no Hospital Sírio Libanês, foi sepultado nesta segunda-feira (3), às 16h30, no Cemitério Campo da Esperança – Ala dos Pioneiros, em Brasília.
Defensor incansável da democracia, Sepúlveda Pertence dedicou grande parte de sua vida ao Direito, tendo atuado por vários anos na advocacia; foi professor e procurador-geral da República.
Teve importante papel na reconstrução democrática que resultou na Constituição de 1988, e atuou como ministro da Suprema Corte de 1989 a 2007. Atuou também como juiz do TSE.
Ele estava internado há cerca de uma semana no Hospital Sírio Libanês.
Da Itália, onde se encontra, em férias com a família, Vacico conversou com a coluna, via WhatsApp, e lamentou a morte do amigo.
“Sempre nos entendemos muito bem, profissionalmente”, disse o mogiano, lembrando que “eu e Sepúlveda tínhamos uma sensibilidade jurídica parecida, embora eu fosse um micróbio e ele um gigante”.
“Foi um dos homens mais inteligentes que conheci. Tinha uma cultura jurídica impressionante, uma memória prodigiosa. Conhecia profundamente a jurisprudência do Tribunal. Dava gosto trabalhar com ele. E ele também gostava de trabalhar comigo (modéstia à parte) o que é motivo de muito orgulho para mim”, disse Nagib.
Nagib e Sepúlveda sempre se entenderam, a despeito das enormes diferenças ideológicas de ambos. O mogiano, pessoa de direita, idealizador e defensor ferrenho da Escola Sem Partido; já o mineiro de Sabará, homem de esquerda, participou ativamente do enfrentamento ao governo militar pós-1964.
“Mas isso nunca interferiu no nosso relacionamento profissional, graças a outra característica que eu sempre admirei no ministro Pertence: como juiz, ele era um legalista, que não se valia da função para promover suas visões pessoais, coisa rara hoje em dia, infelizmente”, afirma o mogiano, que esclarece:
“Mesmo que eventualmente não concordasse com determinado preceito legal, ele se curvava ao seu comando, como todo bom juiz deveria fazer (ressalvadas, é claro, as leis patentemente iníquas).”
Segundo Nagib, Sepúlveda Pertence “ tinha plena consciência da sua responsabilidade como juiz de um tribunal como o Supremo Tribunal Federal”.
E conclui:
“Deixou um imenso legado no Direito e no STF. O ministro Pertence vai fazer muita falta”.