Divisão ideológica define voto para presidente
Na escolha para presidente e governador do Estado nas Eleições 2022 houve uma ligeira mudança no comportamento do eleitorado regional que sempre votou nos candidatos da situação e centro-direita. No primeiro turno, 4 das 10 cidades do Alto Tietê escolheram o petista Fernando Haddad, e 3 deram mais votos a Jair Bolsonaro (PL). No segundo […]
Reportagem de: O Diário
Na escolha para presidente e governador do Estado nas Eleições 2022 houve uma ligeira mudança no comportamento do eleitorado regional que sempre votou nos candidatos da situação e centro-direita. No primeiro turno, 4 das 10 cidades do Alto Tietê escolheram o petista Fernando Haddad, e 3 deram mais votos a Jair Bolsonaro (PL). No segundo turno, o presidente avançou e conquistou Suzano, liderando em 8 das 10 cidades. Duas cidades, Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos continuaram coloridas em vermelho.
As duas cidades fazem limite com Itaim Paulista e Itaquera, cidades da região metropolitana onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o eleito para governar o Brasil, também teve mais votos.
A composição dessas cidades – com uma grande parte de famílias vindas para São Paulo num fenômeno migratório entre as décadas de 1970 e 1980, e a forte divisão ideológica entre os brasileiros têm a ver com a mudança das cores partidárias da região, segundo observa o professor Elias Martins Pereira, do Instituto de Pesquisas e Marketing Paulista, o Ipemp. O feito, no entanto, pode ser temporário, como as eleições municipais, daqui a dois anos, tratarão de dizer.
Elias Pereira comenta que os eleitores de Lula e Bolsonaro se dividiram na defesa de pautas distintas com o combate ao racismo, à homofobia, misoginia e outras, de um lado: e questões relacionadas aos costumes e valores, como família e religião, do outro. Temas comuns, como a educação, foram seccionados – uns defendendo fortemente a valorização dos professores e da escola pública; os outros focados em lemas como a escola sem partido.
Apesar da fina diferença dos votos, 1,8% ou 2 milhões de sufrágios, pesquisador afirma que prevaleceu o repúdio a questões que estavam no debate nacional, como a demora para a compra das vacinas, falas do atual presidente contra os nordestinos.
Tanto que, em São Paulo, a região metropolitana e a Capital – onde há muitas famílias descendentes de nordestinos, deram a vitória a Lula e Haddad, enquanto no interior, a preferência foi por Bolsonaro.
“Foi um erro da campanha bolsonarista acreditar que a vida do país está em torno apenas da classe média, que se beneficia de poder político em setores como o comércio, a indústria e o agronegócio, e abandonar as regiões metropolitanas, que se preocupam com a melhoria da escola para o filho, o emprego, o acesso ao posto de saúde. Essas regiões foram o diferencial para a conquista petista”.
Além disso, avança o professor, o vencedor se beneficiou de seu “histórico de líder popular. carismático e mais experiente do que o Bolsonaro, que colocou em dúvida as urnas eletrônicas e, agora, demora a reconhecer a derrota o que também colabora para prejudicar a imagem dele”.
Pereira lembrou ainda que a vitória de Bolsonaro, em centenas de cidades do Interior de SP, se deu em localidades de baixa densidade demográfica, o que favoreceu o adversário.
Prefeituras
No Alto Tietê, ele comentou que a vitória de Fernando Haddad em quatro cidades é creditada à divisão forjada pela presença de Tarcísio e Rodrigo Garcia, PSDB, que não capitalizou, em votos, o apoio da maioria dos prefeitos do Alto Tietê, alinhados a Valdemar Costa Neto – o outro grande vencedor do pleito com a conquista de 99 deputados e 14 senadores.
“O Valdemar soube fazer a política partidária como ninguém e deverá influenciar, novamente, na disputa pelas prefeituras municipais daqui a dois anos. Ele possível o fundo eleitoral e deverá também se articular com o presidente Lula, ou seja, qual o prefeito que não vai querer estar ao lado dele?”
Na região
Questionado se a virada à esquerda de algumas cidades do Alto Tietê tende a se consolidar, Elias Pereira pondera que a vitória pode ter sido pontual, especialmente porque os prefeitos em exercício estão alinhados com o centro e a direita. Ele prevê, no entanto, o fortalecimento de lideranças que tiveram expressivas votações para deputado, como Marco Bertaiolli e Marcos Damásio, e o sinal de alerta aceso para o prefeito Caio Cunha, “que não cuidou bem de seus candidatos locais, fazendo com que eles tivessem resultados pífios”.
Um país dividido
A socióloga Marina Alvarenga credita os atos antidemocráticos registrados após o resultado das eleições ao perfil psicológico doentio e manipulador do Jair Bolsonaro, que não admitiu a derrota e alimenta a extrema direita representada por uma parte dos eleitores que seguem o presidente.
Segundo ela, a atitude do candidato derrotado é de uma pessoa perversa e mimada, que “bate o pé” ao se ver diante do fracasso nas urnas.
O mais complicado, inclui, é a ressonância encontrada em uma parcela da população. “Nem a direita extrema, nem a esquerda extrema, são modelos para a sociedade”.
Para ela, o pior é o crescimento do fascismo (movimento político e filosófico ou regime – como estabelecido por Benito Mussolini [1883-1945], na Itália, ou o nazismo (Adolf Hitler [1889-1945], que faz prevalecer conceitos de nação e raça sobre os valores individuais, centralizado na figura de uma pessoa, um governo, um ditador).
Questionada sobre quando a polarização poderá ser reduzida, no país, ou em uma mudança conceitual do bolsonarismo, ela lança a pergunta: “Hitler, Fidel Castro, Trump, tiveram cura? O Trump achou que podia invadir o Congresso. Os regimes totalitários, à direita ou esquerda, precisam ser combatidos.
E, esse combate, deve ser com resultado. Temos hoje a defesa da pauta da família e valores, por pessoas que são pretensos moralistas. Da mesma maneira que ouvimos muito sobre o discurso neoliberal, de Lula, mas sabemos que já vimos mais picanha na foto do que no prato”, comenta, defendendo que o extremismo é caminho perigoso para sociedade e a democracia, como os bloqueios em estradas tão bem estabeleceram no país.
Confira a seguir os resultados por cidade da região do Alto Tietê:
Presidente
MOGI DAS CRUZES
Jair Bolsonaro – 56,82 % – 139.298
votos válidos
Lula – 43,18 % -105.855 votos válidos
Brancos – 2,28 % – 5.983 votos
Nulos – 4,40% -11.552 votos
Abstenções – 21,16% – 70.452 votos
SUZANO
Jair Bolsonaro – 53,20 % – 90.882
votos válidos
Lula – 46,80 % – 79.961 votos válidos
Brancos – 2,31 % – 4.238 votos
Nulos – 4,37% – 7.999
Abstenções – 19,99% – 45.733
ITAQUAQUECETUBA
Lula – 53,27 % -87. 364 votos válidos
Jair Bolsonaro – 46,73 % – 87.164 votos
válidos
Brancos – 2,33 % – 4.654 votos
Nulos – 4,29% – 8.574
Abstenções – 20,56% – 51.686
FERRAZ DE VASCONCELOS
Lula – 55,45 % – 55.271 votos válidos
Jair Bolsonaro – 44,55 % – 44.398 votos válidos
Brancos – 2,15 % – 2289 votos
Nulos – 4,36% – 4.653
Abstenções – 20,30% – 27.146
POÁ
Jair Bolsonaro – -51,29 % – 36.451 votos válidos
Lula – 48,71 % – 34.621 votos válidos
Brancos – 2,05 % – 1.552 votos
Nulos – 3,98% – 3.012 votos
Abstenções – 20,23% – 19.180
GUARAREMA
Jair Bolsonaro – 63,65 % – 12.212 votos válidos
Lula – 36,35 % – 6.975 votos válidos
Brancos – 1,80 % – 366 votos
Nulos – 3,55% – 719 votos
Abstenções – 20,95% – 5.373
SALESÓPOLIS
Jair Bolsonaro – 60,26 % 6.834 votos válidos
Lula – 39,74 % 4.506 votos válidos
Brancos – 2,17 % 262 votos
Nulos – 3,76 % 453 votos
Abstenções – 21,74 % 3.348 votos
BIRITIBA MIRIM
Jair Bolsonaro – 60,18% 10.445 votos válidos
Lula – 39,82 % 6.910 votos válidos
Brancos – 2,77 % 518 votos
Nulos – 4,34 % 811 votos
Abstenções – 22,04 % 5281 votos
SANTA ISABEL
Jair Bolsonaro – 61,48 % 19.461 votos válidos
Lula – 38,52 % 12.195 votos válidos
Brancos – 1,91 % 646 votos
Nulos – 4,40 %- 1485 votos
Abstenções – 21,71% 9.371 votos
ARUJÁ
Jair Bolsonaro – 57,30 % – 30.665 votos válidos
Lula – 42,70 % -22.847 votos válidos
Brancos – 1,97 % -1.118 votos
Nulos – 3,96% – 2.253 votos
Abstenções – 19,12% – 14.152 votos
Fonte: TSE
Governador
MOGI DAS CRUZES
Tarcísio – 56,21 % – 129.439 votos válidos
Fernando Haddad – 43,79 % –
100.841 votos válidos
Brancos – 4,75 % – 12.461 votos
Nulos – 7,49 % – 19.667 votos
Abstenções 21,16 % – 70.424 votos
SUZANO
Tarcísio – 52,66 % – 84.117 votos válidos
Fernando Haddad – 47,34 % – 75.610
votos válidos
Brancos – 5,00 % – 9.153 votos
Nulos – 7,69 % – 14.071 votos
Abstenções – 19,99 % – 45.713 votos
ITAQUAQUECETUBA
Fernando Haddad – 53,87 % – 93.088
votos válidos
Tarcísio – 46,13 % – 79.729 votos válidos
Brancos 5,47 % – 10.915 votos
Nulos – 7,94 % – 15.851 votos
Abstenções – 20,56 % – 51. 668 votos
FERRAZ DE VASCONCELOS
Fernando Haddad – 55,91 % – 52.215
votos válidos
Tarcísio – 44,09 % – 41.181 votos válidos
Brancos – 4,82 % – 5.125 votos
Nulos – 7,51 % – 8.005 votos
Abstenções – 20,30 % – 27.134 votos
POÁ
Tarcísio – 50,49 % – 33.747 votos válidos
Fernando Haddad – 49,51 % – 33.089
votos válidos
Brancos – 4,51 % – 3.416 votos
Nulos – 7,12 % – 5.383 votos
Abstenções – 20,23 % – 19180 votos
ARUJÁ
Tarcísio – 57,51 % – 29.112 votos válidos
Fernando Haddad – 42,49 % – 21.510
votos válidos
Brancos – 4,14 % – 2.355 votos
Nulos – 6,87 % – 3.906 votos
Abstenções – 19,92 % – 14.152 votos
BIRITIBA MIRIM
Tarcísio – 61,02 % -9.940 votos válidos
Fernando Haddad – 38,98 % –
6.350 votos válidos
Brancos – 5,53 % – 1.034 votos
Nulos – 7,28 % -1.360 votos
Abstenções – 22,04 % – 5.281 votos
SALESÓPOLIS
Tarcísio – 61,11 % – 6.646 votos válidos
Fernando Haddad – 38,89 % – 4.230
votos válidos
Brancos – 3,88 % – 468 votos
Nulos – 5,90 % – 711 votos
Abstenções – 21,74 % – 3.348 votos
GUARAREMA
Tarcísio – 65,07 % – 11.810 votos válidos
Fernando Haddad – 34,93 % –
6.339 votos válidos
Brancos – 4,03 % – 817 votos
Nulos – 6,44 % – 1.306 votos
Abstenções – 20,95 % 5.372 votos
SANTA ISABEL
Tarcísio – 61,68 % – 18.050 votos válidos
Fernando Haddad – 38,32 % –
11.215 votos válidos
Brancos – 5,02 % – 1.697 votos
Nulos – 8,36 % – 2.825 votos
Abstenções – 21,71 % – 9.371 votos
Fonte: TSE