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Engenheiro aponta viabilidade técnica para levar trem até César

“Estender a circulação dos trens de subúrbio até César de Souza é tecnicamente viável”. A avaliação do engenheiro ferroviário aposentado Adelson Portela Martins, 66 anos, rebate a principal justificativa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para não estender ao distrito a operação da linha 11-Coral – responsável pelo trajeto entre as estações Luz, na […]

29 de outubro de 2020

Reportagem de: O Diário

“Estender a circulação dos trens de subúrbio até César de Souza é tecnicamente viável”. A avaliação do engenheiro ferroviário aposentado Adelson Portela Martins, 66 anos, rebate a principal justificativa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para não estender ao distrito a operação da linha 11-Coral – responsável pelo trajeto entre as estações Luz, na capital paulista, e Estudantes, em Mogi das Cruzes.

Desde 2008, quando teve início o movimento popular liderado por usuários do transporte ferroviário, representantes de associações de bairro e profissionais de várias áreas da cidade, com apoio de O Diário, a CPTM descarta a possibilidade de atender a reivindicação com o mesmo argumento: “Existe inviabilidade técnica para levar a Linha 11-Coral até César de Souza, visto que o trecho em questão é uma faixa de domínio sem eletrificação e designada apenas para o transporte de cargas”.

No entanto, segundo o engenheiro aposentado após 32 anos de trabalho na área – desde a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), Companhia Brasileira de Trens Metropolitanos (CBTU) e a própria CPTM -, o projeto que compreende o trecho de no máximo quatro quilômetros pode ser concretizado se houver vontade e dinheiro. 

“Do ponto de vista técnico é viável e não há nada que o impeça. O benefício, principalmente social, será grande para os moradores da região, assim como para aliviar o trânsito, e a existência do leito ferroviário, com a linha singela (única), contribui para reduzir obstáculos”, explica, acrescentando que o ideal seria duplicar a linha férrea para evitar problemas futuros com o compartilhamento, como possíveis incidentes que exijam a interrupção temporária de uma delas.

Além da duplicação da linha, Martins aponta que a eletrificação do trecho não encontraria obstáculos. “Como a via permanente já existe, assim como o leito para colocação de mais uma linha nesta faixa ferroviária, a parte aérea, suspensa por pórticos, e a sinalização para atender o intervalo dos trens podem ser resolvidas no projeto, que incluirá a obra civil de construção da ponte sobre o rio Tietê, já que na atual só há espaço para uma linha, e a construção de nova estação antes da passagem de nível da avenida Ricieri José Marcatto, evitando o fechamento da cancela para circulação dos trens”, detalha.

O engenheiro tem uma ideia para a CPTM comprovar a demanda de usuários e que poderia ser viabilizada de imediato. “É possível colocar uma composição com dois a três carros, puxada por locomotiva, sem necessidade de duplicação da linha e eletrificação neste primeiro momento, para levar e trazer passageiros da Estudantes a César e vice-versa. Seria um teste e o embrião da circulação do subúrbio até o distrito”, aposta.

O compartilhamento do transporte de passageiros e de carga – este último sob responsabilidade da MRS Logística – no trecho também é possível, segundo Martins. “Pode haver um acordo, já que os trens de carga só passam por lá em alguns horários e existe faixa ferroviária para conciliar os dois serviços”, completa.

 

CUSTOS

Levantamento sobre os custos para extensão da circulação dos trens de subúrbio entre Estudantes e César de Souza, feito pela Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. (Emplasa) em maio de 2011, prevê investimentos de R$ 65,5 milhões (eletrificação da rede aérea, R$ 26,9 mi (via permanente), R$ 13,6 mi (sinalização), R$ 5,8 mi (trilhos) e R$ 7,3 mi (edificação da nova estação). 

 

PASSAGEIRO

Morador do bairro Vila Nova Aparecida, em César de Souza, o servidor público estadual aposentado Claudio Braz dos Santos Chagas, 65 anos, avalia que a extensão dos trens de subúrbio até o distrito traria inúmeros benefícios à população, contribuindo na prevenção e redução dos casos de violência. “Dependendo do local em que mora, muita gente que embarca no trem às 4h50 com destino a São Paulo sai por volta das 4 horas de casa e anda a pé até cinco quilômetros para chegar à Estudantes, porque não tem condições de pagar pagar o ônibus todos os dias. Neste trajeto, corre riscos. Já houve vários assaltos. Se o trem saísse daqui, isso seria evitado”, explica. 

 

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