Famílias do Jardim Vieira lutam para ter direito a água
Um dos mais antigos moradores da Estrada da Moralogia, Antonio Raimundo Reis, está inconformado com o novo direcionamento dado pelo Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) sobre a manutenção de três caixas d’água instaladas no Jardim Vieira, para atender um grupo de famílias que reside em uma região mais alta e não conta com […]
19/04/2021 17h29, Atualizado há 54 meses
Um dos mais antigos moradores da Estrada da Moralogia, Antonio Raimundo Reis, está inconformado com o novo direcionamento dado pelo Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) sobre a manutenção de três caixas d’água instaladas no Jardim Vieira, para atender um grupo de famílias que reside em uma região mais alta e não conta com poço artesiano. O Semae afirma que estudos serão feitos e aponta dificuldades técnicas para atender ao pedido, de imediato.
Essa pendência é antiga. A Estrada da Moralogia intercorta a Serra do Itapeti e registra um forte crescimento do número de moradores com o desmembramento de antigas propriedades. Outras melhorias urbanas passaram a fazer parte do diálogo com o poder municipal. O saneamento é um deles.
As dificuldades para o acesso à água de famílias que residem em áreas mais altas vinham sendo apresentadas ao Semae e a vereadores da Câmara Municipal, como relata Antonio.
Diante das dificuldades para se instalar um poço comunitário no lugar, a medida paliativa seria acionar três caixas d’água que foram colocadas nas próximidades de um núcleo mais ocupado por famílias do Jardim Vieira – o lugar possui hoje, segundo estima o morador, cerca de 300 residências.
A reivindicação da comunidade é que essas caixas recebam a água de caminhões-pipa. “Esse pedido estava para ser atendido, na gestão passada, porém, na semana retrasada, fui ao Semae, e soube que os caminhões não serão encaminhados. E as famílias continuarão com dificuldades e utilizando a água armazenada da chuva”, comenta, reclamando da falta de atenção ao bairro, onde os moradores também pagam impostos.
Segundo Antonio, a informação recebida pelos moradores e por um assessor do vereador Juliano Botelho, é que a demanda para se instalar uma estação elevatória também não será atendida.
“Isso não está certo, porque também somos moradores de Mogi, e pagamos os impostos, que são até mais altos do que os cobrados na cidade”. diz ele.
O outro lado
Em resposta à demanda, o Semae explicou, por meio da Coordenadoria de Comunicação, que a autarquia não atende à região rural da cidade, apenas a área urbana. Destaca ainda que as famílias da Estrada da Moralogia contam com poços artesianos. A exceção é o Jardim Vieira.
E esclarece que a atual gestão, “em nenhum momento, negou o pedido (do Jardim Vieira). O que a direção afirma é que é inviável o atendimento imediato, devido a questões técnicas”.
Sobre o enchimento das caixas d’água, o governo municipal reforça que elas não foram ‘construídas’ no Jardim Vieira. O que houve é que após a implantação, no ano passado, de um sistema de abastecimento nas Chácaras Guanabara (loteamento da região do Taboão), três reservatórios de plástico (polietileno), de 5 mil litros cada e que atendiam aquele bairro, foram levados para o Jardim Vieira, na gestão anterior, mas sem um estudo detalhado de como seria o sistema para abastecê-los”.
Segundo o Semae, em áreas rurais, o único local da cidade que solicita tal atendimento, na atualidade, é o Jardim Vieira.
A direção da autarquia também esclarece que não há como levar os caminhões-pipa ao local: “Atualmente, os cinco caminhões disponíveis já estão com rotas definidas para atender às demandas existentes. A autarquia está realizando obras com o objetivo de reduzir a demanda atual e desta forma, possibilitar o atendimento de novas áreas. Um exemplo dessas obras é a recente extensão de redes até o Centro de Controle de Zoonoses e Centro de Bem-Estar animal, atualmente abastecidos com caminhão-pipa, mas que até o próximo mês receberão água por meio da adutora de Sabaúna.
Na atualidade 98% da área urbana é atendida pelo sistema de água. E, o restante, segundo a resposta, ” são trechos parciais que não possuem rede. Os projetos para atendimento são as ações de expansão de redes.
O custo para se levar a água ao Jardim Vieira é estimado em cerca de R$ 2 milhões. “A Estrada da Moralogia fica em área rural e a autarquia atende a área urbana. A exceção naquela região é o Jardim Vieira. Não é possível, no momento, fazer estimativas precisas de valor e prazo, pois serão necessários estudos técnicos e projetos. Não é um processo simples, como detalharemos aqui”, informa, acrescentando, no entanto, que “estudos hidrológicos mostraram que a região do Jardim Vieira apresenta solo rochoso composto por quartzito, mármore, metacalcário e outros com vazão explorável por poço de 1 a 23 metros cúbicos por hora. Naquela região, estima-se profundidades elevadas para encontrar água de boa qualidade, segundo os levantamentos preliminares.Levando em consideração a composição do solo e a profundidade do poço, os investimentos poderão exceder a ordem de R$ 2 milhões para criação de um poço e rede, mas isso sem considerar a operação”.
Alem do valor, outra consideração são as implicações burocráticas. “Importante salientar ainda a necessidade de outorga do Governo do Estado (Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE) para permissão de perfuração e uso da água subterrânea”.
Um representante da direção do Semae foi ao bairro, na semana passada, para “entender melhor o problema e buscar uma alternativa”, ttrouxe o posicionamento.