“Golpe da ata” muda votação e provoca irritação em prefeito de Biritiba Mirim
Residindo atualmente em Mogi, Elias Tomé da Silva Pires é filho de uma tradicional família de Biritiba Mirim, onde foi um dos primeiros vereadores da cidade, logo após a sua emancipação político-administrativa. Até então, Biritiba era um distrito pertencente a Mogi das Cruzes. Com a elevação à condição de município, vieram as eleições e os […]
Reportagem de: O Diário
Residindo atualmente em Mogi, Elias Tomé da Silva Pires é filho de uma tradicional família de Biritiba Mirim, onde foi um dos primeiros vereadores da cidade, logo após a sua emancipação político-administrativa.
Até então, Biritiba era um distrito pertencente a Mogi das Cruzes.
Com a elevação à condição de município, vieram as eleições e os primeiros prefeitos.
Joaquim Ribeiro Coelho, o Joaquim Padeiro, foi um deles e, logo depois de eleito, decidiu enviar à Câmara Municipal um projeto de lei visando disciplinar o funcionamento da única feira livre da cidade.
Sua proposta, entretanto, não autorizava a comercialização de produtos para cama, mesa, banho e assemelhados.
O vereador Antonio Carlos Salgado de Abreu apresentou uma emenda à ideia do prefeito contemplando justamente os produtos não autorizados.
A proposta foi aprovada por seus colegas.
O Legislativo de Biritiba Mirim tinha, à época, nove vereadores.
Quatro de situação, quatro de oposição e o presidente, Elias Tomé da Silva Pires.
Joaquim Padeiro não gostou de ser confrontado e vetou a emenda vitoriosa na Câmara.
O veto retornou ao Legislativo para, como manda a lei, ser apreciado pelos vereadores.
Para derrubá-lo seriam necessários os votos de dois terços dos vereadores, algo praticamente impossível numa Casa tão equilibrada entre os prós e os contras.
Mas não na Biritiba Mirim daqueles tempos.
A emenda acabou promulgada pelo presidente Elias da Silva Pires, que simplesmente ignorou o veto do alcaide.
O prefeito ingressou na Justiça com um mandado de segurança contra a decisão tomada pelo Legislativo.
Alegava, principalmente, não ter havido os dois terços dos votos necessários para a derrubada de seu veto e, sim, o empate lógico.
No Tribunal, o representante do Executivo, ao ler a ata feita após a votação, sentiu que ele e seu representado haviam sido passados para trás.
Eles então descobriram que tinham sido vítimas do “golpe da ata”.
Afinal, na sessão em que o veto do prefeito fora rejeitado, todos os presentes assinaram a ata confirmando a decisão relativa à derrubada do veto de Joaquim Padeiro.
Inclusive os integrantes do grupo situacionista.
O prefeito jamais perdoou Elias da Silva Pires por ter perdido aquela votação, de maneira quase infantil. Algo inaceitável para um político com a experiência e sagacidade dele.
O ex-presidente da Câmara ainda dá boas risadas, sempre que conta essas e outras tantas histórias de tempos em que a política permitia tais demonstrações de “esperteza” explícita, como em Biritiba Mirim.
Ah, esse Jânio Quadros…
Jânio Quadros, que tinha fama de moralista, certa vez levou a mulher, Eloá, para um passeio no sul da Espanha, em 1989.
Por sugestão do amigo Augusto Marzagão, que os acompanhava, foram passear na praia de Marbella, onde viram mulheres fazendo topless, algo pouco comum àquela época.
“Que falta de respeito”, exclamou Jânio, “caminhamos para o apocalipse”.
De volta para o hotel, dona Eloá subiu para descansar no quarto.
E quando Marzagão já se preparava para pedir desculpas, Jânio se revelou:
“Marzagão, Eloá tem sono pesado. Vamos dar um mergulho naquela praia e ver se pegamos alguma boa onda…”
(História contada pelo jornalista Claudio Humberto Rosa e Silva, em seu livro “O Poder Sem Pudor”, repleto de histórias que se tornaram clássicas do folclore político brasileiro.)
Deu bicho na cabeça
Informado que os nomes “Severino” e “Juvenal” eram finalistas na voação para batizar o jumento que iria se tornar mascote de um programa da antiga MTV, o então presidente da Câmara, o folclórico deputado federal Severino Cavalcanti, não perdeu a esportiva.
E assegurou, confiante:
“Nem essa eleição eu perco!”
Acertou: os internautas da emissora deram ao jegue o seu nome.
Outra, entre políticos e bichos. Ao ser corrigida quando chamou o deputado liberal baiano João Leão de “João Leitão”, a então deputada carioca Denise Frossard se explicou:
“Nunca tive intimidade com bichos…”
Ironia pura, já que foi ela quem colocou na cadeia os principais bicheiros do Rio de Janeiro. (Outras histórias folclóricas lembradas por Claudio Humberto).
No fio do bigode
Nos tempos em que o fio de bigode era avalista de negócios, Waldemar Costa Filho assumiu a Prefeitura de Mogi, em seu primeiro mandato (1969-1972) e se viu às voltas em relação a pendências com o principal financiador de sua campanha, em 1968.
Acerta daqui, ajeita dali, os dois combinaram: a dívida seria paga com a casa da avenida Voluntário Fernando Pinheiro, que Waldemar construíra quando deixou a Mineração Geral do Brasil.
E foi assim que Manoel Bezerra de Melo e família mudaram-se, em seguida, para a bela casa de tijolinhos vermelhos aparentes, que se destacava na arquitetura das demais residências daquele trecho da tradicional avenida mogiana.