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Lamen produzido por empresa de Mogi não usa produto investigado pela Anvisa

A proibição do comércio e uso, além do recolhimento de lotes de massa de uma das fabricantes de macarrão japonês determinada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) levou a empresa MN Própolis, de Mogi das Cruzes, a divulgar um comunicado sobre assunto que desperta interesse público desde a morte e intoxicação de animais, provocada […]

26 de setembro de 2022

Reportagem de: O Diário

A proibição do comércio e uso, além do recolhimento de lotes de massa de uma das fabricantes de macarrão japonês determinada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) levou a empresa MN Própolis, de Mogi das Cruzes, a divulgar um comunicado sobre assunto que desperta interesse público desde a morte e intoxicação de animais, provocada pelo consumo de petiscos de determinados fabricantes e investigações sobre a identificação da substância propilenoglicol contaminada com etilenoglicol. A MN Própolis produz massa para lámen, mas não utiliza o ingrediente que virou o foco das atenções, a partir de resolução da Anvisa, publicada na semana passada.

No último dia 21 de setembro, a resolução da Anvisa de número 3.122 proibiu a comercialização, distribuição e uso das massas alimentícias da empresa BBBR Indústria e Comércio de Macarrão Ltda. – CNPJ 34.258.991/0001-29, que tem o nome fantasia de Keishi, fabricadas entre 25/7/2022 e 24/8/2022. Também foi determinado o recolhimento dos produtos.

A indústria alimentícia utiliza o propilenoglicol, usado como conservante em algumas linhas, segundo a apuração. Já o etilenoglicol não é usado para a fabricação de alimentos.

A determinação da Anvisa faz parte da investigação sobre o caso do propilenoglicol contaminado com etilenoglicol, que causou a intoxicação e a morte de animais.

Segundo a agência, o propilenoglicol contaminado foi fornecido pela empresa Tecno Clean Industrial Ltda. A Anvisa realizou inspeção na BBBR Indústria e verificou que essa empresa adquiriu e usou o insumo contaminado como ingrediente na linha de produção de suas massas.  

Segundo os dados fornecidos aos agentes públicos, a empresa é responsável pela produção e comércio de vários tipos de massas de estilo oriental, tais como udon, yakisoba, lamen, além de massas de salgados, como gyoza. Os produtos são vendidos também na forma de massas congeladas. 

Em nota oficial distribuída à imprensa na semana passada, a Keishi afirma que o lote em referência corresponde a pouco mais de 1% dos itens fabricados pela empresa. Diz que também entrou com contato com os compradores para prestar informações e que colabora com a Anvisa e Vigilância Sanitária para a rastrealidade do lote.

Além disso, no comunicado, a empresa lembra que, como se trata de lote fabricado há um mês “não houve estoque a recolher e nenhum relato de dano à saúde de consumidores”.

 O etilenoglicol   

O etilenoglicol é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática quando ingerido, podendo inclusive levar à morte. Não há autorização para o uso dessa substância em alimentos. 

O propilenoglicol, segundo explica a Anvisa, é um aditivo alimentar propilenoglicol (INS 1520) autorizado para alguns alimentos. Porém, seu uso não é permitido na categoria de massas alimentícias, conforme a RDC 60/2007.

Muitas indústrias utilizam o propilenoglicol nos processos de refrigeração, em que não há contato direto com o alimento. Portanto, quando o propilenoglicol é usado apenas no processo de refrigeração, não há necessariamente risco ao consumo dos produtos das empresas que tenham adquirido o insumo contaminado. 

MN Própolis

Em comunicado distribuído ao mercado, a empresa MN Própolis destaca o fato de não utilizar essa substância em suas massas. A fabricante não usa o composto proibido para a fabricação de lámen e outros itens alimentícios.

Segundo Leonardo Franco, da MN Própolis, a nota ao mercado foi uma maneira encontrada para se posiconar frente aos consumidores e compradores. As notícias sobre as determinações da Anvisa destinadas a um dos fabricantes do mercado acontecem ao mesmo tempo em que esse setor que envolve outros pratos típicos da culinária japonesa registra crescimento, após o período da pandemia, responsável por uma retração no setor de restaurantes e mercados. 

Além de restaurantes japoneses, Leonardo conta que há uma alta procura pela massa por frequentadores e chefes de outras cozinhas, como a coreana, chinesa e tailandesa. “No desenvolvimento dos nossos produtos já não utilizávamos o propilenoglicol e esse caso serviu para fortalecer o nosso objetivo de oferecer uma linha de alimentos de qualidade e com produtos naturais e autorizados”, disse.

No comunicado, a empresa afirma que nos 30 anos de atividades sempre foram usados “ingredientes naturais e orgânicos”.

A mensagem acrescenta que “com rigorosos testes em cada etapa do processo produtivos, garantimos a máxima confiabilidade de cada produto entregue à sociedade”.

Em referência às notícias de mercado, destaca a nota, “declaramos que não utilizamos o propilenoglicol em nenhuma de nossas masas e em nenhum dos nossos produtos. Nosso caminho continuará seguindo pela segurança que somente ingredientes de alta confiabilidade podem oferecer”.

O que fazer?

Segundo a resolução da Anvisa, “empresas que tenham as massas da marca Keishi (BBBR Indústria e Comércio de Macarrão Ltda.) não devem comercializá-las e nem as utilizar. Consumidores que tenham comprado algum desses produtos também não devem utilizá-los. Em ambos os casos, deve-se entrar em contato com a empresa, para devolução dos produtos”.   

Já o consumidor que não encontrar a data de fabricação no rótulo do produto, ele deve entrar em contato com a empresa, para confirmar sua fabricação. “Se não houver certeza a respeito dessa informação, não consuma o produto”, reforça a nota. 

Ações em andamento 

A Anvisa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e os órgãos de Vigilância Sanitária locais seguem com a investigação de forma minuciosa e continuarão realizando inspeções diárias nas empresas envolvidas.  

As informações sobre as empresas e a rastreabilidade dos produtos continuam sendo atualizadas diariamente. Dessa forma, prossegue o processo de investigação dos fatos.  

Ainda não foi protocolado nenhum recolhimento voluntário junto à Anvisa, mas todas as empresas envolvidas estão sendo rigorosamente acompanhadas e, se for verificada a necessidade de recolhimento de produtos, a Anvisa fará sua determinação.

De acordo com a agência, uma vistoria na empresa em São Paulo detectou na produção das massas o uso de propilenoglicol contaminado fornecido pela empresa Tecno Clean. O insumo industrial é o mesmo utilizado na fabricação de petiscos que podem ter causado a morte de cães.

Assim como no caso dos petiscos para cães, a suspeita das autoridades é que o composto, utilizado para amaciar e evitar a presença de fungos em alimentos, tenha sido contaminado por monoetilenoglicol, uma substância tóxica. Essa substância, também conhecida como etilenoglicol, é da mesma família da apontada como responsável pela morte de dez pessoas que consumiram a cerveja Belorizontina, produzida pela Backer, em 2019.

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