Média de óbitos poderá ser mantida até agosto em Mogi, segundo o secretário de Saúde
Mantido no cargo como secretário municipal de Saúde, o médico Henrique Naufel afirma que a média diária de duas a três mortes pela Covid-19 poderá se repetir até julho ou agosto, caso continue o relaxamento dos índices de isolamento social – em Mogi das Cruzes, esse patamar está abaixo dos 40% há meses – e […]
Reportagem de: O Diário
Mantido no cargo como secretário municipal de Saúde, o médico Henrique Naufel afirma que a média diária de duas a três mortes pela Covid-19 poderá se repetir até julho ou agosto, caso continue o relaxamento dos índices de isolamento social – em Mogi das Cruzes, esse patamar está abaixo dos 40% há meses – e o ritmo da cobertura vacinal que poderá ter início, no Estado de São Paulo, no próximo dia 25 deste mês.
Mesmo diante dessa previsão contida, o médico assegura que apesar da alta da contaminação e óbitos no Brasil e no mundo, a condição e atendimento aos pacientes em Mogi das Cruzes é segura, com a possibilidade de se abrir mais 10 leitos de UTI a qualquer momento, se necessário.
A fase atual da pandemia, no entanto, o preocupa porque principalmente os “jovens pensam que são imbatíveis” e estão circulando mais e sem a máscara facial, se tornando um potente disseminador do vírus, inclusive entre os familiares e amigos.
Na primeira entrevista no cargo que já ocupava na administração do ex-prefeito Marcus Melo (PSDB), o médico considerou ainda prematuro decidir a volta às aulas presenciais em fevereiro e lembrou que, no ano passado, no segundo semestre, os rumos da pandemia mudaram, obrigando todo o mundo a voltar alguns passos nas atividades sociais nos últimos feriados.
Veja os principais pontos da entrevista sobre a pandemia, a vacinação e o futuro:
Situação não está segura, está controlada
Para o secretário Naufel, a fase atual da pandemia não é segura, porque há um crescimento do número de casos e mortes, embora o teto de registros não ultrapasse o que a cidade viveu entre julho e agosto, quando ocorreu o pico desta crise de saúde.
‘É uma situação sob controle porque a cidade se preparou e tem a possibilidade de abrir mais 10 leitos de UTI ou de enfermaria, no Hospital Municipal de Braz Cubas, a qualquer momento.”
Abaixo de 100%
Em nenhum momento, segundo ele, a cidade alcançou a ocupação de 100% dos leitos na pandemia. “Não tivemos essa ocupação, mas não temos uma folga, uma largueza extrema, caso a demanda aumente acima do que registramos até agora. Por isso, o distanciamento, uso de máscara facial e do álcool em gel são tão necessários para controlar os casos e inibir as situações mais graves”.
UnicaFisio
Desde o final do ano passado, quando foi aberta, o maior pico de ocupação dos leitos da UnicaFisio, que está fazendo as vezes do Hospital de Campanha, fechado em outubro, foi de 20 leitos. O lugar tem 30 leitos para a Covid, e poderá chegar a 60, se houver demanda.
Instalada ao lado Hospital Municipal de Braz Cubas, o serviço recebe pacientes que já apresentaram quadro mais sensíveis e graves e estão em situação mais controlada.
Números
O Hospital Municipal de Braz Cubas tem 128 leitos para a Covid-19, sendo 54 de UTI. É o maior complexo municipal de tratamento intensivo na região. Para se comparar: no Hospital Luzia de Pinho Melo, são 20 leitos; em Ferraz de Vasconcelos, 16, e Itaquaquecetuba, apenas 2.
Letalidade
O índice de letalidade de Mogi das Cruzes, segundo o secretário de Saúde é de 4,3% (a Fundação Seade, que recebe os dados com um certo atraso, aponta que essa taxa é de 4,7%). Naufel admite que o número é alto, mas conta que o dado pode mascarar a realidade. Isso porque o dato tem como base de comparação os pacientes testados para a doença, sendo que a testagem ainda é muito abaixo da ideal.
“Se tivessemos mais testes, esse índice tende a se diluir. Mas, não deixa de ser uma margem alta”, concorda.
Segundo ele, há mais testes disponíveis – a cidade tem um estoque de 5 mil unidades atualmente, e está realizando cerca de 2,5 mil testes nos cinco centros de referência (como as Upas) por mês. Ampliar os testes e acelerar o encaminhamento dos casos aos serviços de saúde são condições para reduzir as mortes.
Mortes na região
Ao comentar os índices de letalidade nas cidades da Região, onde as cidades menores têm as maiores porcentagens, o secretário afirma que um motivo para isso pode ser a morosidade do paciente à rede de saúde.
Hoje, na cidade, entre 30 e 40% dos pacientes são moradores dos municípios vizinhos.
Pé no chão
Apesar da expectativa sobre o início da vacinação, no próximo dia 25, no Estado de São Paulo, Henrique Naufel afirma que a média de duas a três mortes por dia, em Mogi, pode perdurar até julho e agosto se “a população continuar como hoje, descuidada. O nosso índice de isolamento é muito baixo, 39%, e poucos cuidados podem muito nessa luta”. Para ele, ainda, em meio à segunda onda de casos, é prematuro considerar a volta das em fevereiro. “É uma questão que precisa ser melhor avaliada, e tomada com base científica, com base na situação das próximas semanas”.