Moradores da Riviera, em Bertioga, enfrentaram uma noite de pesadelo
Ruas e prédios alagados, carros boiando em garagens, veículos presos nas ruas invadidas pela enxurrada, falta de energia elétrica, de internet e até de televisão, ondas enormes na praia, ventos fortíssimos e chuva, muita chuva. Todos esses fatores contribuíram para transformar num verdadeiro pesadelo para os moradores do condomínio de Alto Padrão, Riviera de São […]
Reportagem de: O Diário
Ruas e prédios alagados, carros boiando em garagens, veículos presos nas ruas invadidas pela enxurrada, falta de energia elétrica, de internet e até de televisão, ondas enormes na praia, ventos fortíssimos e chuva, muita chuva.
Todos esses fatores contribuíram para transformar num verdadeiro pesadelo para os moradores do condomínio de Alto Padrão, Riviera de São Lourenço, em Bertioga, a noite de sábado (18) e madrugada deste domingo (19).
Aquele que deveria ser mais um início de carnaval com muita tranquilidade para os milhares de moradores dos inúmeros prédios do local acabou se tornando uma noite de preocupação e transtornos para todos aqueles que jamais haviam deparado com o que aconteceu nas últimas horas, no interior da área de lazer mais frequentada por mogianos, no litoral da Baixada Santista.
Tudo era sol, tranquilidade e calmaria pra os turistas e moradores que aproveitavam para curtir a tarde de verão na praia localizada defronte ao condomínio.
Até que por volta de 16h30, tudo começou a mudar. De uma hora para outra, o céu escureceu e um vento muito forte vindo do mar passou a assustar as pessoas que saíram correndo em direção aos prédios onde moravam.
Até então, todos pensavam ser algo passageiro, o que não aconteceu.
Por volta das 17 horas veio a chuva.
Mas uma chuva que poucos tinham visto naquela região do litoral.
Não demorou muito tempo para que os moradores do local notassem que algo de muito anormal estava acontecendo. Os córregos que atravessam o condomínio começaram a encher e, algum tempo depois, os moradores dos chamados “prédios pés na areia”, aqueles mais próximos da praia, passaram a conviver com a ameaça da água vinda da direção do mar e que ameaçava invadir os subsolos das edificações.
Não demorou muito e os zeladores, apavorados, começaram a interfonar para os moradores avisando que deveriam descer com urgência para retirar seus carros, pois as garagens estavam sendo invadidas, rapidamente pelas enchentes.
Foi um corre-corre e quando os donos dos veículos chegaram, já encontraram a água batendo pelas canelas.
Alguns conseguiram retirar os veículos. Muitos, no entanto, continuaram nas garagens e logo estavam boiando , numa cena jamais presenciada pelos moradores.
“Em 30 anos que tenho apartamento na Riviera, isso nunca aconteceu”, afirmou a mogiana Norma Martins, moradora do Módulo 7 do condomínio.
Enquanto vivia o drama de tantos problemas, Norma, no final da noite de sábado, ainda encontrou forças – e coragem – para ir buscar a filha e outros familiares que, ignorando a situação de Bertioga, saíram de Mogi das Cruzes para passar o carnaval na Riviera.
Não houve tempo para avisar. Quando ela ligou, a filha já estava descendo a serra e só lhe restava ajudá-la a buscar a segurança do apartamento, mesmo sob a chuva que continuava a castigar, como incrível intensidade toda aquela região.
A família foi conduzida em segurança para casa.
Mas o mesmo não aconteceu com o garoto Caio, que se aventurou, correndo sozinho pelo corredor interno do prédio – como mostram algumas filmagens apresentadas na internet- e acabou desaparecendo. Em plena noite de chuva, muitos saíram em busca do garoto que, até neste domingo, pela manhã, foi encontrado no bairro de São Lourenço.
Com tanta chuva e ventos, a Riviera superlotada passou a enfrentar outros problemas. Logo começou a faltar energia elétrica e os geradores dos prédios, que ficavam nas garagens, não podiam ser acionados pois estavam cobertos de água.
A televisão a cabo deixou de funcionar, assim como a internet.
Os aquecedores de água também já não funcionavam e as geladeiras, normalmente cheias com suprimentos para todo o carnaval passaram a ser outra preocupação para os moradores.
Após a verdadeira noite de horror, a manhã de domingo, já sem chuva, mostrou um cenário desolador numa praia cheia de entulhos e muita sujeira, carros boiando nas garagens e gente desesperada querendo retornar a Mogi e outras cidades, recebendo a notícia de que a Mogi-Bertioga, principal caminho para o regresso, também estava interditada, com a pista afundada.
A solução era retirar o que podiam das geladeiras, colocar nos carros e buscar subir a Serra o mais rápido possível, pois os riscos de nova tempestade não estavam descartados.
“Todos vivem um drama por aqui. Estamos todos sem garagem, sem comunicação, embora a energia tenha voltado agora cedo. Mas, infelizmente, não há mais condições de ficar por aqui e nós vamos embora”, disse Norma Martins, que resume tudo o que passou numa única frase:
“Foi o caos!” – finalizou.