Neste ano, ao menos 173 crianças já foram vítimas de violência em Mogi
O caso do mogian Henrique, de 3 anos, que morreu ao dar entrada na Santa Casa de Mogi das Cruzes e teria sido vítima de maus-tratos, segundo desconfiou a médica que o atendeu no hospital e chamou a Polícia Militar, reacende a preocupação com casos de agressões a menores na cidade. Leia também: Testemunhas reforçam […]
07/11/2020 05h00, Atualizado há 60 meses
O caso do mogian Henrique, de 3 anos, que morreu ao dar entrada na Santa Casa de Mogi das Cruzes e teria sido vítima de maus-tratos, segundo desconfiou a médica que o atendeu no hospital e chamou a Polícia Militar, reacende a preocupação com casos de agressões a menores na cidade.
Leia também: Testemunhas reforçam suspeita de maus-tratos a Henrique, de 3 anos
De janeiro a outubro deste ano, 173 crianças até 12 anos sofreram violência no município, sendo a maioria praticada por agressores com vínculos familiares muito próximos das vítimas, como mães (91 ocorrências) e pais (38). As informações divulgadas ontem pela Secretaria Municipal de Saúde correspondem aos registros do Departamento de Vigilância em Saúde da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura Municipal, enviados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SinanNet), do Ministério da Saúde.
O levantamento aponta que a maior parte das agressões ocorre contra menores de 1 ano e crianças desta idade, com 29 registros em cada faixa etária. Em seguida, aparecem as vítimas com 2 anos (16 ocorrências), seguidas das crianças com 3 e 4 anos (13 notificações cada). A incidência é menor entre 10 e 11 anos, com 9 registros em cada situação.
Do total de 173 vítimas contabilizadas até outubro deste ano, 89 são do sexo feminino e 84 do masculino.
A maioria das notificações está relacionada à negligência e abandono, com 75 casos, seguida por violência física (55), sexual (41), psicológica e moral (11). Houve uma ocorrência de tortura no período.
Além dos próprios pais, que lideram agressões a menores de 12 anos, constam amigos e conhecidos, responsáveis por 14 dos casos, padrastos (8), desconhecidos (6), seguidos por irmãos (2), madrasta (1), cuidador (1) e própria pessoa (1). Há ainda o registro de violência praticada por pessoas com outros vínculos com as vítimas, que soma 27 denúncias.
Em Mogi das Cruzes, a informatização do Sistema Integrado de Saúde (SIS) colaborou para o combate à violência contra crianças e adolescentes. Com os prontuários disponíveis em todas as unidades é possível o cruzamento de dados sobre os atendimentos de casos suspeitos. A iniciativa ganhou destaque nacional, como inovação sobre o tema.
“Quando uma pessoa agride o filho, por exemplo, geralmente vai buscar atendimento em uma unidade longe de sua casa. Lá, é feito o cadastro do paciente, com todas as informações. Em caso da agressão se repetir, o pai busca outra unidade para não ser reconhecido. Com o sistema informatizado é possível o cruzamento dos dados e quando ocorrem casos suspeitos, por lei, o médico é obrigado a fazer a comunicação aos órgãos responsáveis”, detalha a Secretaria.