Presença de balões no céu de Mogi traz preocupações para autoridades
A presença de vários balões sobrevoando a cidade, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (31), marcou o começo do último dia de 2020, em Mogi das Cruzes. Os artefatos, de origem ainda não identificada, eram impulsionados pelo vento da direção de Itaquaquecetuba e Guarulhos, o que levou muita gente a supor que podem ter […]
Reportagem de: O Diário
A presença de vários balões sobrevoando a cidade, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (31), marcou o começo do último dia de 2020, em Mogi das Cruzes. Os artefatos, de origem ainda não identificada, eram impulsionados pelo vento da direção de Itaquaquecetuba e Guarulhos, o que levou muita gente a supor que podem ter sido produzidos por conhecidos grupos de baloeiros existentes nestas duas localidades.
Os balões começam a ser vistos em Mogi por volta das 6 horas e, apesar de poucas pessoas nas ruas neste horário, chamavam a atenção, mesmo com tempo nublado que, por momentos, impedia a visibilidade. Correntes de ventos fortes faziam com que os artefatos ganhassem altitude e velocidade muito acima do normal para tais sobrevoos.
Havia muita preocupação, já que tais objetos ocupavam justamente a rota utilizada por aviões que chegam ou saem dos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Congonhas, na Capital.
A maioria dos balões passou por sobre a cidade, tomando o rumo de Bertioga ou de Biritiba Mirim. Até por volta de 8 horas, não havia qualquer informação do Corpo de Bombeiros sobre eventuais problemas provocados por algum deles. Também não se tinha notícia sobre o acompanhamento desses balões por integrantes de grupos de baloeiros que costumam invadir propriedades públicas ou particulares para o resgate, durante a queda.
A propósito do problema, o Ministério da Aeronáutica informou que “por mais que pareçam distantes, os ambientes de aviões e balões de ar quente se cruzam, o que traz riscos a todos os envolvidos”.
Segundo a nota, “a prática de soltar balões é ilegal e fica mais intensa na época das festas juninas. Por isso, a Força Aérea Brasileira – preocupada com a segurança do tráfego aéreo e, consequentemente, com as vidas que são transportadas diariamente tanto na aviação militar quanto na civil – reforça sua campanha sobre o Risco Baloeiro”.
Casos
A Aeronáutica tem inúmeros casos de problemas causados por balões e seus artefatos , sejam eles explosivos ou banners que ficam dependurados em sua parte inferior, como acontecia com os que sobrevoaram Mogi nesta quinta-feira..
Um dos casos famosos aconteceu numa sexta-feira 17 de junho de 2011, próximo do meio-dia.
“Após decolar do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ), um Airbus A319, de aviação comercial, teve seu percurso normal interrompido. De acordo com o relato do piloto, a aeronave se chocou contra um banner preso a um balão. Vários instrumentos de voo foram degradados e desconectados, pois o plástico do banner se fundiu e avariou os tubos de pitot. A rota do voo precisou ser desviada para o Aeroporto de Confins (MG), onde tripulação e passageiros desembarcaram após o susto. Esta não foi a única ocasião em que rotas de aviões e balões de ar quente se cruzaram – os avistamentos são frequentes e trazem perigo aos profissionais e usuários da aviação”, revela a Agência da Força Aérea.
Fora os encontros diretos, já foram reportados ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) mais de 2,5 mil casos de avistamento de balões próximos a aeródromos e rotas de aeronaves no Brasil. “O registro de poucos acidentes mais graves não espelha a realidade que os pilotos encontram nos céus, principalmente dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, que têm o maior número de comunicados”, afirma um oficial do Cenipa.
Segundo a Aeronáutica, tal presença de balões, por vezes, obriga a realização de manobras que podem ser feitas em etapas delicadas do voo, como no pouso e na decolagem. A arremetida é um processo seguro, mas se uma manobra evasiva tiver de ser feita em uma altura muito baixa, pode se tornar perigosa. Além dos demais prejuízos que isso acarreta: atraso de voo, gasto de combustível desnecessário, complicações no tráfego aéreo, entre outros. “Na melhor das hipóteses, o voo vai atrasar, o tráfego vai ter de ser reorganizado e vai ter prejuízo para os passageiros e profissionais envolvidos”, diz o oficial.