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Testemunhas reforçam suspeita de maus-tratos a Henrique, de 3 anos

O delegado João Renato Weselowski, do 2º Distrito Policial de Mogi das Cruzes, informou na tarde desta sexta-feira (dia 6) que a Polícia Civil trabalha com todas as hipóteses na investigação da morte do garoto Henrique, de 3 anos, que ocorreu nesta semana após ele dar entrada na Santa Casa de Mogi das Cruzes. No […]

7 de novembro de 2020

Reportagem de: O Diário

O delegado João Renato Weselowski, do 2º Distrito Policial de Mogi das Cruzes, informou na tarde desta sexta-feira (dia 6) que a Polícia Civil trabalha com todas as hipóteses na investigação da morte do garoto Henrique, de 3 anos, que ocorreu nesta semana após ele dar entrada na Santa Casa de Mogi das Cruzes. No entanto, a autoridade disse que não irá divulgar detalhes para não comprometer o trabalho.

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O relato das testemunhas reforça a suspeita da médica que atendeu Henrique no hospital, de que o menino estaria sofrendo maus-tratos. A vida dele, que sorria para as fotos, não era de alegrias, segundo contam pessoas que foram ao 2º DP de Mogi prestar depoimento sobre o caso.

Os relatos falam em agressões e choro constante no período em que o pai não estava em casa, além da proibição de brincar com outras crianças.

Foi a médica que acionou a Polícia Militar e relatou que havia verificado indícios de maus-tratos, com “lesões de má higiene e ferimentos na gengiva”. Na delegacia, o pai negou que o filho fosse maltratado e disse que ele havia passado mal depois de comer um pedaço de pizza. Henrique faleceu na quarta-feira, após receber cuidados médicos, e foi enterrado no dia seguinte, no Cemitério da Saudade.

Os últimos cinco meses de vida do garoto foi em uma casa inacabada, em uma rua sem pavimento e ao lado de um córrego, no Jardim Aeroporto I, em Mogi das Cruzes. A reportagem de O Diário esteve no local e encontrou o imóvel fechado.

Aparentemente não havia ninguém por lá, mas quem vive no entorno diz que esse era o cenário de sempre. Sabia-se que ali morava alguém porque o pai, um ajudante de eletricista de 49 anos, costumava madrugar para ir ao trabalho e voltar já com o dia escurecendo.

O movimento da casa era o barulho do choro de Henrique. “Ela batia muito, todos os dias. A casa ficava o dia inteiro fechada. A criança vivia em cárcere. Uma vez, o meu filho foi chamar ele para brincar, mas ela não deixou. O menino só saia de casa no dia da folga do pai e a gente via ele passar com o garoto no colo”, conta uma das testemunhas. As pessoas temiam falar e se identificar, mas estavam consternadas na manhã de sexta-feira.

Apesar de ressaltarem a versão de um pai trabalhador, as testemunhas são unânimes em dizer que caberia a ele verificar como o filho estava todos os dias, quando chegasse em casa. Na versão de quem o conhecia, o pai sabia dos maus-tratos sofridos por Henrique e estava buscando uma alternativa para que a madrasta deixasse a residência.

“Desde quando ele estava construindo aqui, já falava que essa nova mulher que ele tinha arrumado batia muito no Henrique. Recentemente, ele tinha pedido ajuda para uma vizinha para conseguir um advogado e tirar a mulher de casa. Mas não deu tempo”, contou uma das moradoras das proximidades.

Henrique também já não tinha mãe. Ela morreu há sete meses. Nesta época, o garoto já se encontrava sob a guarda do pai. A madrasta estava grávida de um irmãozinho dele, que hoje tem cerca de cinco meses. As testemunhas contam que a casa do casal abrigava ainda uma irmã, o cunhado e um sobrinho da madrasta.

Testemunhas contaram para a reportagem na sexta-feira (06) que Henrique chorou o dia inteiro. Uma delas disse que se a situação persistisse, chamaria a Polícia. Na manhã do dia seguinte à morte do garoto, a viatura já estava no local em busca da madrasta.

Com o ocorrido, de acordo com testemunhas ouvidas por O Diário, os familiares dela entraram na casa, fizeram inúmeras malas e levaram embora. Desde então, nenhum deles foi mais visto. Uma pessoa, no entanto, fotografou a saída dos moradores.

 

O outro lado

Larissa Rodrigues

Um parente materno de Henrique, que também preferiu não se identificar, conta que há duas semanas o pai foi à casa da ex-sogra com o filho nos braços e contou que estava desconfiando que a atual mulher estaria gritando com Henrique, porque ele estava com comportamento diferente. Na ocasião, um tio teria pedido ao ex-cunhado que desse a guarda da criança para ele, que assim o pequeno receberia um tratamento melhor e o pai o buscaria para passear ou visitá-lo quando quisesse vê-lo.

“Mas ele disse que a guarda era dele, e iria deixar com uma senhora que cuidava das outras filhas da minha irmã”, diz, pedindo para não ser identificado.

O caso do menino Henrique Costa dos Santos, de 3 anos, foi registrado na última quarta-feira como morte suspeita pelo 1º DP de Mogi das Cruzes. O delegado titular da unidade, Francisco Del Poente, contou ter acompanhado o caso até a necrópsia. Depois disso, o Boletim de Ocorrência seria encaminhado para o 2º DP da cidade, onde as investigações vão prosseguir.

Na quarta-feira, o pai da vítima, de 49 anos, prestou depoimento. A autoridade policial solicitou exame necroscópico para constatar as causas da morte e realiza diligências a fim de esclarecer os fatos. O atestado de óbito apontou como causa “trauma agudo do abdômen por agente contundente”.

 

 

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