Turismo em Mogi enfrenta problemas com setor hoteleiro
A Prefeitura de Mogi pretende realizar um campeonato de Voo Livre, nos dias 26 e 27 de agosto, no Pico do Urubu, uma competição que deve atrair cinco mil pessoas para a cidade. A questão é: tem vagas em hotéis no município para acomodar as pessoas que vem de outros locais? O secretário municipal de […]
Reportagem de: O Diário
A Prefeitura de Mogi pretende realizar um campeonato de Voo Livre, nos dias 26 e 27 de agosto, no Pico do Urubu, uma competição que deve atrair cinco mil pessoas para a cidade. A questão é: tem vagas em hotéis no município para acomodar as pessoas que vem de outros locais?
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Pedro Komura, disse que essa é uma preocupação da gestão, quando se planeja a realização de grandes eventos na cidade.
Há cerca de três semanas foi realizado um campeonato de ciclismo na avenida das Orquídeas, com 600 participantes. Cerca de 150 deles se acomodaram em hotéis, da cidade que ficaram lotados.
Atualmente são 23 hotéis cadastrados na Prefeitura de Mogi, com cerca de duas mil vagas, o que, segundo Komura já está no limite. Essa falta de estrutura hoteleira pode ser um empecilho para o desenvolvimento do turismo local.
Sobre o evento planejado para o Pico do Urubu, o secretário conta que já se reuniu com representantes do setor, mas não confirmou se a cidade será capaz de abrigar os turistas que virão para o campeonato.
“Participei dessa reunião na semana passada justamente para apresentação do evento os representantes de hotéis da cidade e a gerente de um deles reclamou que não há vagas sobrando, por causa dos eventos de casamento aos finais de semana”.
Esse é um motivo de preocupações no setor de hospitalidade na cidade, que nos últimos meses descobriu um nicho novo rentável: as festas de casamento.
De acordo com Komura, houve um aumento significativo de chácaras disponibilizadas no município para esses eventos. Como são muitas as celebrações aos finais de semana, os convidados de outras cidades são acomodados em hotéis.
As pessoas estão procurando esses espaços para as celebrações, como avalia o secretário, poque estão querendo locais mais amplos, belos e afastados, seguros, com privacidade e comodidade.
Ele observa que tem muita procura por parte de casais de outras cidades, como São Paulo, e até locais mais distantes. O Clube Med Lake Paradise, localizado no distrito de Jundiapeba, também é muito procurado para festas de casamentos.
O hotel de luxo, ao lado da represa, oferece opções de espaço e realiza até 10 casamentos por semana. Para se ter uma ideia, atualmente tem fila de espera e mais de 300 celebrações agendadas até o final do ano.
Tudo isso reforça a vocação da cidade para o turismo, um setor que merece mais atenção no Município e está entre as prioridades da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação, segundo o titular da pasta. Komura afirma que estão sendo desenvolvidas estratégias para ampliar a divulgação, atrair investidores, buscar parcerias e preparar a cidade para isso.
Hotelaria
O setor de hotelaria, é atualmente um dos mais promissores na cidade, pela demanda que deve crescer ainda mais com os projetos da pasta para ampliar as opções na cidade.
“Até pouco tempo, havia uma lacuna nos hotéis, porque a maior ocupação ocorria aos durante a semana, pelo turismo de negócio, e aos finais de semana a ocupação era baixa, uma situação bem diferente agora pelo nicho promissor que são os casamentos”.
Para ampliar a estrutura, além de divulgar o potencial da cidade, Komura conta que tem conversado com empresários do setor para convencê-los a investir no município.
O secretário revela ainda a pasta está participado de diversas feiras dessa área para levar o nome da cidade, trocar informações, se atualizar a respeito de novos projetos.
Economia
A ideia é estimular o turismo e outras cadeias de negócios, como a floricultura.
“Para essas festas que acontecem em Mogi, os organizadores vão até Holambra comprar as flores, sendo que essas mesmas flores são produzidas no município e vendidas para Holambra. Temos que encurtar esse caminho para que os produtos sejam adquiridos na própria cidade”, sugere, dizendo ainda que esse tipo de situação ocorre pela falta de informação sobre o que é produzido em Mogi.
Os trabalhos em parceira estão sendo realizados com o Sebrae. Já o Senac está contribuindo com os cursos de capacitação de profissionais para atuar nessa área.
“O nosso grande desafio é conseguir os recursos e fazer a lição de casa, divulgando o potencial da cidade e mostrando tudo o que nós temos. Esse é o grande desafio, porque o turismo é bem complexo e depende de ações coordenadas com a participação de outras secretarias, como Planejamento, Esportes, Infraestrutura, Cultura e outras. A gente precisa atuar em vários setores para viabilizar os projetos em Mogi, buscar parceiros, para melhorar a demanda turística e atualizar o inventário do turismo”, argumenta o secretário de Desenvolvimento.
Projetos
Para incrementar o setor, Pedro Komura também divulga novos projetos que estão sendo planejados, como a realização de uma grande Feira de Negócios, programada para acontecer em maio de 2024, na área do Centro Municipal Integrado (CMI) “Deputado Maurício Najar”, no Mogilar.
O evento acontecerá uma semana após a Festa do Divino, que é realizada nesse mesmo local.
O objetivo é divulgar o que o município produz. “Tem muita gente que não sabe que a cidade fabrica tal produto e vai comprar em outro lugar, sendo que tem fábrica aqui”, reforça.
O turismo religioso também terá atenção, com investimentos em sinalização e melhorias da Rota da Luz, que começa em Mogi, segue por Sabaúna e vai sentido às cidades do Vale do Paraíba até chegar a Aparecida.
O distrito de Sabaúna é outro local que chama atenção por seu potencial para diversas atividades, incluindo ciclismo, turismo de aventura, histórico, religioso, ecológico.
Atualmente, de acordo com Komura, a Prefeitura estuda a possibilidade de desapropriar um local conhecido como Pedreira, uma propriedade particular no distrito, bastante frequentada e usada para prática de esportes como a tirolesa.
“Sabaúna é um distrito forte e turismo e precisa oferecer estrutura aos visitantes que frequentam o local, como água, banheiro, essas coisas assim, além do comércio. O local recebe cerca 2000 a 2500 pessoas aos finais de semana, mas chega certa hora que acaba tudo e já não tem mais onde comer, e os comerciantes acabam perdendo dinheiro”, observa o secretário.
O turismo de pesca, é outra promessa para a cidade que tem 30 pesqueiros cadastrados. A pasta de Desenvolvimento elaborou um folheto, com um roteiro para divulgar os locais.
A procura não é só aos finais de semana. O secretário conta que existe grande demandas às segundas-feiras, principalmente por feirantes que trabalham aos finais de semana. Segundo afirma, há filas em alguns deles e a procura não é só por mogianos, mas por pessoas de toda a região.
Outro projeto é a proposta de criação do circuito cervejeiro, porém, para isso, será preciso promover alguns ajustes na Lei de Zoneamento para que empreendedores podem abrir fábricas para produzir a bebida de forma artesanal.
Diversificação
Outra novidade, será o desenvolvimento de site exclusivo para divulgar a cidade. Para ele, há mogianos que não conhecem as opções turísticas existentes na própria cidade.
Ele fala com entusiasmo sobre algumas curiosidades da cidade, como os hotéis pouco divulgados. Cita um espaço em meio a natureza, com chalés, localizado nas proximidades do Orquidário Oriental, na Serra do Itapeti. E um hotel fazenda na estrada da Moralogia, diferenciado por oferecer ao hóspede uma experiência em meio à natureza. Outro que fica em Biritiba Ussu, preparado para receber pets. “Sabia que na moralogia tem o morador de um sitio que tem o maior mamoeiro do mundo? Ele vai entrar para o livro dos recordes (o Guinness Book) e pouca gente sabe disso”, cometa.
Possui ainda as propriedades rurais, que oferecem oportunidades aos visitantes de contato com o cultivo de frutos, hortaliças, flores, cogumelos e frutas exóticas. As festas da colônia japonesa, como o Akimatsuri e Furusato, entre outras, estão no radar do secretário para atrair visitantes, gerar emprego e receita.
Entre as rotas turísticas, para esportes de aventura, ele cita a Pedra do Sapo, Cruz do Século, Parque das Neblinas, além de museus, casarios e monumentos que fazem parte da história do Brasil. O desafio é tornar realidade para o turismo o que a cidade possui há séculos
Hospitalidade
O Club Med Lake Paradise – Resort Lake Paradise, hotel de luxo localizado em Jundiapeba, é um local que tem registrado uma grande procura para festas de casamentos, e tem capacidade para realizar mais de um evento por dia. No local, é desenvolvido um projeto de capacitação, geração de emprego e incentivo à agricultura local.
O vice-presidente de operações do Club Med, o mogiano Guillermo Muro, disse que o local oferece atualmente mais de um salão e área para festas. Ele conta que estão sendo realizados 10 casamentos por semana no Lake Paradise e que até o final de 2023 há mais de 300 celebrações agendadas.
Para manter o padrão de atendimento no hotel, com a demanda crescente que vem sendo registrada no local, e seguir a política de “atuar de forma correta ambientalmente no mercado onde atuam”, ele explica que o Lake Paradise fez uma parceria com a Prefeitura de Mogi para formar mão de obra e desenvolver os mercados locais.
Ele alega que existe hoje uma grande carência em hospitalidade, uma situação agravada com a pandemia da Covid-19, que interrompeu os serviços de hotelaria, e fez com muitos profissionais da área acabassem procurando outras atividades, provocando assim uma carência de profissionais no setor.
Por conta disso, Guillermo, que também é mogiano e tem proximidade com o prefeito Caio Cunha (PODE) e com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Pedro Komura, explica estimulou a parceria entre a Prefeitura e o Lake Paradise, para a criação da primeira escola de hospitalidade em conjunto com o Senac, que é quem ministra as aulas.
Estão sendo formados profissionais para atuar como cozinheiras, arrumadeiras, recreação, governança, garçons, recepção e outros. Em setembro começará uma nova turma para o curso de culinária.
O Club Med já conta com uma equipe de mais de 550 funcionários fixos, e outros 250 colaboradores intermitentes, que trabalham de acordo com a ocupação do hotel.
A Escola de Hospitalidade, como destaca Guillermo, tem um caráter social, por isso, além de respeitar a ordem de chegada e de inscrição, as pessoas devem ter receita de até um salário mínimo. Os cursos formam até 120 pessoas, que são escolhidas para atuar no local a partir de requesitos como o desempenho. Os cursos duram dois meses, com 160 horas.
As aulas teóricas acontecem no Senac, a Prefeitura paga o transporte e faz o recrutamento dos alunos para o Senac, e o Club Med oferece a estrutura, alimentação e treinamento técnico.
Além disso, existe um trabalho feito com pequenos agricultores da cidade, para que passem a produzir produtos orgânicos para abastecer o hotel.