Mogi perde o advogado Paulo Marcondes de Carvalho, ex-presidente da 17ª OAB
O advogado e ex-presidente da 17ª Subsecção da Ordem dos Advogados (OAB) de Mogi das Cruzes, Paulo Marcondes de Carvalho, morreu nesta segunda-feira (5), aos 91 anos. Ex-professor universitário, ele foi responsável pela formação de uma geração de advogados com atuação na cidade e em outras regiões. Mogiano, ele também trabalhou vários anos como chefe […]
Reportagem de: O Diário
O advogado e ex-presidente da 17ª Subsecção da Ordem dos Advogados (OAB) de Mogi das Cruzes, Paulo Marcondes de Carvalho, morreu nesta segunda-feira (5), aos 91 anos. Ex-professor universitário, ele foi responsável pela formação de uma geração de advogados com atuação na cidade e em outras regiões. Mogiano, ele também trabalhou vários anos como chefe de gabinete da reitoria da então Universidade Braz Cubas (UBC), hoje Centro Universitário Braz Cubas. A causa da morte não foi divulgada.
O velório terá início às 18h30, na sala 1 do Velório Municipal Cristo Redentor, e o sepultamento acontecerá amanhã, às 14 horas, no Cemitério São Salvador, ambos na cidade.
Foi no final dos anos 50 que o mogiano Paulo Marcondes Carvalho iniciou sua trajetória na área educacional, ao lado do grupo que comanda a Universidade Braz Cubas. Inicialmente, lecionou no Liceu Braz Cubas, quando a escola ainda funcionava no prédio da rua Princesa Isabel de Bragança – onde hoje está o Edifício Helbor Tower.
Em 1966, com a abertura da Faculdade de Direito, na rua Francisco Franco, Carvalho passou a fazer parte do corpo docente, onde permaneceu por 30 anos. Foi responsável pelo estágio profissional para o Exame da Ordem (dos Advogados do Brasil) e, no tempo da Federação das Faculdades Braz Cubas, intermediava o relacionamento dos alunos com a direção.
Ele também dirigiu o curso de Direito durante uma década, fez parte do grupo que trabalhou no processo de reconhecimento da Universidade e, de 1992 a dezembro de 2010, exerceu o cargo de chefe de gabinete do reitor da UBC.
Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), com especialização na área civil, na Faculdade do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), também se dedicou à advocacia, foi aprovado no concurso para a Promotoria de Justiça, mas optou por lecionar.
“O Dr. Paulo é o decano dos decanos. A sua inscrição é a mais antiga de Mogi das Cruzes, foi presidente da Subseção, professor universitário e sempre que o chamávamos para qualquer evento da entidade, para ser padrinho na solenidade de entrega de carteiras ou alguma conferência, estava sempre presente, com um sorriso no rosto e era muito querido. A advocacia lamenta bastante e deixa seus sentimentos para seus familiares”, lamentou nesta tarde o presidente da 17ª Subseção da OAB de Mogi, Dirceu do Valle.
A 17ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) postou a seguinte nota sobre a morte de Carvalho nas redes sociais da entidade: “Recebemos com enorme pesar a notícia do falecimento do advogado Paulo Marcondes Carvalho, ex-presidente da OAB Mogi das Cruzes, dono da mais antiga inscrição da subseção, professor de um sem número de colegas, participante sempre, mesmo do alto de suas mais de nove décadas de vida, dos eventos da nossa entidade. O doutor Paulo Marcondes Carvalho, nosso decano e ex-presidente, inscrito na OABSP sob o n. 13.314, advogado com inscrição mais antiga em nossa subseção, com seus mais de 90 anos, foi paraninfo das novas advogadas e dos novos advogados. Na Conferência da Advocacia que se realizou na cidade em 2019, presentes vários ex-presidentes, outros tantos gestores de subseções coirmãs e o então presidente da OAB-SP, Caio Santos, tivemos a oportunidade de lhe aplaudir de pé. E assim sempre se sucedia quando comparecia e nos emprestava sua sabedoria haurida ao longo de sua passagem quase centenária. Definitivamente, as homenagens devem ser feitas em vida, e dessa recomendação a advocacia não se desincumbiu. À família os nossos mais sinceros sentimentos”.
Personagem da série Entrevistas de Domingo, de O Diário, em 6 de fevereiro de 2011, ele relembrou sua trajetória e histórias vividas na cidade. Confira a publicação:
Quais as lembranças da infância em Mogi das Cruzes?
Nasci em uma casa da rua Dr. Ricardo Vilela, mas fui criado no Largo da Matriz, já que meus pais (José e Benedicta Marcondes Carvalho) tinham bar e armazém em frente à Igreja. Éramos em 11 filhos (Castorino, José, Alexandre, Jandira e Eduardo, já falecidos, e Zilda, Julieta, Paulo, Wanda, Luiz Augusto e Maria Elena). Eu gostava de jogar futebol no Largo e, naquela época, as bolas eram feitas de pano. Minha lembrança mais antiga é da Revolução de 1932, quando tinha 3 anos, e via os soldados hospedados no Coronel Almeida. Eles costumavam deixar as armas todas juntas, na praça, enquanto comiam algum petisco e bebiam cerveja no bar do meu pai. Geralmente, eles me davam balas detonadas para que eu brincasse de trenzinho. As ruas por ali eram todas de terra, inclusive a José Bonifácio, 13 de Maio (hoje Dr. Deodato Wertheimer) e Voluntário Fernando Pinheiro Franco. O Centro da Cidade terminava na Rua Braz Cubas. Depois, só havia chácaras e lembro até havia um projeto para colocar um bonde da xidade até o Socorro.
Ficaram mais histórias desta época?
Ainda na infância, torcia para o Vila Santista, que era do Ângelo Pereira Passos, e tinha o campo na rua Francisco Franco. Quase todos os domingos, assistia aos jogos lá. Já na juventude, frequentava os bailes da Portuguesa e do Itapeti Clube, do qual fui sócio, além dos cinemas Vera Cruz, Parque, Odeon e Urupema. O Avenida era o mais chique. Os homens usavam paletó e gravata e as mulheres salto alto. Na cidade, tínhamos bons restaurantes, como o Estância dos Reis, que também era um hotel, Cantina Mogiana e Piatto D’oro.
Onde o senhor estudou?
Fiz parte da turma que inaugurou o Instituto Dona Placidina, na rua Senador Dantas, porque antes a escola funcionava em outro lugar. Ali, tive aulas com as freiras francesas, da Irmandade de São Vicente de Paulo, que usavam chapéus brancos enormes e pontiagudos, e eram bastante exigentes. Tinha um bom comportamento, mas algumas vezes, fiquei de castigo, sem poder jogar futebol no intervalo das aulas. Seguíamos, realmente, uma disciplina rígida. Depois, aos 11 anos, fui para o seminário do Colégio Pirapora do Bom Jesus, onde fiz o colegial e o ginásio. Em seguida, estudei Filosofia no Seminário Central de São Paulo, na Capital e, aos 23 anos, descobri que o sacerdócio não era o que eu queria seguir.
E o que o senhor fez?
Optei por lecionar e, em 1955, voltei para Mogi das Cruzes, onde meus pais continuavam morando, e entrei na Faculdade de Direito da PUC (Pontifícia Universidade Cató-lica), na Capital. Viajava todos os dias para São Paulo, a bordo trem de madeira. Saía de Mogi às 5 horas para chegar às 8 na PUC, em Perdizes. Voltava e ia direto dar aula. Em 1957, criamos a Associação de Universitários de Mogi, a Aumc, que reunia estudantes como Jair Monsores, Mauricio Najar, Henrique Borenstein, Cândida Plaza Teixeira, Fabio Arouche, João Afonso Neto, entre outros. Tínhamos uma intensa atividade cultural, trazíamos conferencistas de São Paulo para falar de temas como petróleo, espaço sideral, entre outros. Uma vez, o ministro Nelson Hungria ficou três dias hospedado na casa do Carlito (Carlos Augusto Ferreira Alves) e, conosco, visitou o Mercado Municipal e outros pontos da Cidade. A Associação era tão ativa que, quando o prefeito Rodopho Jungers foi cassado por impeachment, o Aldo Razo o substituiu e projetou várias obras para a cidade, sem muitos critérios e que representavam gastos desnecessários, como a reforma do Largo da Matriz, numa época em que Mogi não tinha nem rede de esgoto. Então, nós nos reunimos, pintamos toda a praça e ele desistiu da obra.
O senhor se dedicou à advocacia?
Ainda solteiro, em 1961, prestei concurso, entrei na Promotoria Pública e comecei a trabalhar em São Paulo. Depois de casado, fui para Paraguassú Paulista, onde moramos seis meses. Lá participei de um júri que mobilizou toda a Cidade. Era o julgamento de um rapaz que tinha assassinado o tio com 20 facadas e pegou 12 anos de reclusão. Mas naquele tempo, o promotor não tinha muitas atividades como hoje. Só depois da Constituição Federal de 1988 é que começou a mudar. Além disso, sentíamos muita saudade da família e vínhamos todos os finais de semana para Mogi, então, decidi que queria continuar dando aulas e voltamos para a Cidade. Passei a advogar no Escritório Codex, na José Bonifácio, onde meu irmão Alexandre era contador. Fui presidente da 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, em Mogi, e, durante 10 anos, advogado da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, sendo responsável, inclusive, pelas comemorações de seus 50 anos. Desde 1979, faço parte do Colégio Brasileiro de Faculdades de Direito, que todos os anos organiza um encontro nacional.
Onde o senhor lecionou?
Como conhecia o Dr. Bóris Grinberg, o professor Mauricio Chermann e o Dr. Plínio Boucault, que era o diretor do Liceu Braz Cubes, a primeira escola onde lecionei foi lá. Nesta época, as aulas aconteciam num prédio da rua Princesa Isabel de Bragança, na área onde hoje está o Edifício Helbor Tower. Também dei aulas em Suzano, São Miguel, Guararema, onde ajudei a fundar o Ginásio, e no Instituto de Educação (atual Escola Estadual Dr. Washington Luís). Lecionava para turmas do ginasial, colegial e Curso Normal, incluindo a Química Industrial, no Liceu, quando a escola já funcionava na Capitão Manoel Caetano. Em 1966, com a abertura da Faculdade de Direito, na Francisco Franco, comecei a dar aulas lá, onde lecionei 30 anos, dirigi o curso durante uma década, fui responsável pelo estágio profissional para o Exame da Ordem (dos Advogados do Brasil) e, no tempo da Federação das Faculdades Braz Cubas, intermediava o relacionamento dos alunos com a direção, cuidava da organização dos diretórios acadêmicos e tinha um bom contato com os estudantes, tanto que fui patrono, paraninfo e dei nome a várias turmas. Também recebi várias homenagens deles.
Como foram os primeiros anos do curso de Direito da Braz Cubas?
Foi uma oportunidade para vários mogianos que não tinham tido chance de fazer um curso superior, porque na Cidade só havia a Faculdade de Letras da Omec (Organização Mogiana de Educação e Cultura), criada em 1962. Então, muitos alunos já tinham meia idade. Além disso, o curso atraía, principalmente, moradores das regiões do ABC, Vale do Paraíba, Baixada Santista, entre outras. As turmas reuniam cerca de 200 alunos e a primeira delas se formou em 1970, da qual fui o patrono, o Walter de Abreu Garcez o paraninfo e o Sebastião Cascardo, que foi prefeito de Mogi, deu nome à turma. A formatura aconteceu no prédio do Cine Avenida. Neste início, o curso também tinha professores como Antonio Motta Neto, Amador de Oliveira, José de Anchieta, José Alves, Carlos Martins de Souza, Oswaldo Rico, entre outros.
E os alunos?
O Tote (Tirreno Da San Biagio, fundador de O Diário) é da primeira turma. Já da terceira, que se formou em 1972, fica mais fácil lembrar porque tenho um álbum em casa. Dela fizeram parte Argeu Batalha, Isidoro Dori Boucault Netto, Áurea Lombardi, Benedicto Sasso, Fábio Batista Pereira, Cyro Alves de Souza, Jaques de Camargo Penteado, Rivaldo de Azevedo Neto, Alfredo Campolino dos Santos, Arnaldo Martins Silva, Aristides Silva, Dirceu Rodrigues Lopes, Francisco Conde, José Geraldo Lopes, Juarez de Oliveira, Rafael Garcia Martinez, Silvio Ramos, Benedito Couto, Benedito Morais, Israel Alves dos Santos e muitos outros de Mogi. O médico e deputado federal Jorge Maluly Neto, Gabriel Marques de Carvalho, que é desembargador e presidiu o Tribunal de Justiça de Roraima, Floriano Peixoto Pereira Júnior, que foi diretor de penitenciárias, Oswaldo Sobral, que dirigia hospital em São Paulo, Raul de Souza Amaral, que também era médico, e Olten Ayres de Abreu, que foi juiz de futebol em São Paulo, também se formaram na Braz Cubas.
Depois de professor, o senhor passou a diretor do curso?
Dirigi o curso por 10 anos e, quando a Braz Cubas foi reconhecida como Universidade, em 1985, fui diretor do Centro de Economia, Administração, Direito, Letras e Comunicação, que eram os cursos com aulas no Campus II, da Francisco Franco. Fiquei no cargo até 1992, quando passei a chefe de gabinete da Reitoria, onde permaneci até o final do ano passado, mesmo depois de ter me aposentado, em 1995. Além desta atividade, que incluía entre outras responsabilidades, os cerimoniais de eventos e a coordenação de programas como o Fies (Financiamento Estudantil) e ProUni (Universidade Para Todos), durante 20 anos preparei o vestibular da Braz Cubas. Elaborava as questões, o tema da redação e cuidava da correção das provas. Era o tempo em que cerca de 6 mil candidatos vinham prestar o exame em Mogi. A permanência deles aqui mudava toda a Cidade, que ficava lotada. Alguns, de mais longe, chegavam inclusive a acampar.
O senhor teve participação no processo de reconhecimento da Universidade?
Em 1984, quando teve início este processo, foi nomeada uma Comissão do Conselho Federal de Educação para acompanhar a Carta Consulta. Fiz parte do grupo, também formado pelo Pércio Chamma Júnior, Dílson Del Bem, Benedito Franco e Alberto Borges, o Bugrão, que preparou os vários volumes com temas como administração, estrutura física e acadêmica, além do plano de desenvolvimento da instituição, que eram exigidos. Foi um trabalho complexo, que levou dois anos. Nós nos reuníamos quase todos os dias para redigir os documentos, que eram revisados junto pela Comissão do Conselho Federal, que fazia as modificações necessárias. No final de 1985, foi aprovado o reconhecimento da Braz Cubas como Universidade.
As universidades foram determinantes no progresso da cidade?
Sim. Elas mudaram as características de Mogi. Para se ter uma ideia, quando a Huber Warco veio para cá, não conseguia preencher os cargos porque não havia mão de obra qualificada na Cidade. O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) era o único que preparava profissionais para a indústria, mas oferecia poucas vagas. Então, foram as universidades que formaram a mão de obra da qual a Cidade carecia. Hoje, a grande maioria dos advogados fez Direito na Braz Cubas, que também formou delegados, promotores, juízes e desembargadores.
O Campus II, do qual o senhor foi diretor, recebeu várias personalidades em seu auditório…
Zerbini (Euryclides de Jesus), Fernanda Montenegro, Romeu Tuma e várias autoridades da área jurídica passaram por lá. Lembro que levamos a Fernanda Montenegro para jantar no restaurante Panela Preta, em Jundiapeba, que era de uma família de finlandeses e um dos melhores de Mogi, além de bastante requintado. Em 1986, a Braz Cubas sediou o Encontro Brasileiro de Faculdades de Direito, aberto pelo ministro do Supremo, Moreira Alves (José Carlos), que fez uma conferência sobre ética profissional. Reunimos pessoas de todo o País, do Norte ao Sul, e minha mulher ficou encarregada de receber as esposas dos convidados.
Onde o senhor conheceu sua mulher?
Nós nos conhecemos no tempo em que dava aulas em Guararema, no Ginásio Roberto Feijó, que tinha ajudado a fundar e era dirigido pelo Dr. Bóris. Ela vinha de Taubaté e parou em Guararema para trocar de ônibus. Pegamos a mesma condução e viemos conversando até Mogi, onde ela também morava. O namoro começou ali e nos casamos em 1962. Temos uma intensa participação na Igreja Católica e fazemos parte do primeiro grupo fundado em Mogi, em 1968, do Movimento Equipes de Nossa Senhora, criado há 43 anos pelo padre Henri Caffarel, na França, durante a Guerra. O objetivo é reunir os casais que queiram manter a espiritualidade conjugal, com orações, meditação, diálogo e troca de experiências, que reforçam o relacionamento e atingem toda a família.
Quais suas distrações?
Gosto de viajar e conheço Europa, Estados Unidos, Argentina, Paraguai, entre outros. Também leio muito, tenho vários livros, inclusive os antigos de Direito Romano. Além disso, como me adaptei bem à Internet, pesquiso bastante e, graças ao aprendizado do seminário, entendo francês, italiano, espanhol e latim. Para me exercitar, faço caminhadas na Vila Oliveira, onde moro há dois anos, depois de ficar 30 na José Urbano Sanches, no Socorro.
O senhor tem envolvimento em outras atividades na Cidade?
Assisti à sagração do bispo dom Paulo Rolim Loureiro, em São Paulo, e sua posse, na Catedral, em 1962. Depois, fui às sagrações do bispo dom Emílio (Pignoli) e de dom Paulo (Mascarenhas Roxo). Durante vários anos, com minha mulher, comandei o curso de noivos, que reunia 100 pessoas a cada mês, Colégio Tomás de Aquino, no Mogilar. Além disso, tenho envolvimento com a Festa do Divino Espírito Santo desde a infância, já que ela acontecia no Largo da Matriz. Lembro que, no sobrado do meu pai, havia uma saída de água para a rua, onde ele colocava uma torneira para o pessoal da roça tomar a água, que vinha da Serra (do Itapeti). Aos sábados, costumava-se soltar um porco ensebado na praça e quem o pegasse ficava com ele. Em 1974, eu e a Leila fomos capitães do mastro, quando meu irmão Alexandre e minha cunhada eram festeiros. Mas já participávamos desde 1973 e ainda hoje estão envolvidos com o afogado. Todos os anos, minha família serve o prato para cerca de 5 mil pessoas, após a Entrada dos Palmitos, e acompanhamos a programação religiosa e folclórica da festa.