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Mulher trans é jogada de carro e arrastada no asfalto em Mogi

A Polícia Civil de Mogi das Cruzes deverá investigar um caso de transfobia ocorrido na cidade na última quarta-feira (21). A vítima foi uma jovem trans de 19 anos. Ela fazia programa e estava no carro com o cliente, que disse que não pagaria pelo serviço e, então, a jogou do carro e a arrastou […]

27 de junho de 2023

Reportagem de: O Diário

A Polícia Civil de Mogi das Cruzes deverá investigar um caso de transfobia ocorrido na cidade na última quarta-feira (21). A vítima foi uma jovem trans de 19 anos. Ela fazia programa e estava no carro com o cliente, que disse que não pagaria pelo serviço e, então, a jogou do carro e a arrastou no asfalto por alguns metros.

O Boletim de Ocorrência foi registrado no sábado (24), quando a jovem recebeu o auxílio da presidente do Fórum Mogiano LGBT, Alexandra Braga. Segundo Alexandra, a vítima é uma mulher preta, periférica e viciada em crack. Tendo vivido em uma casa de acolhimento, ela não chegou a ter uma família e receber cuidados, o que a levou ao mundo das drogas.

“Na madrugada da quarta-feira, ela saiu com um cara para fazer programa e, ao terminar, ele não quis pagar. Com o carro em movimento, ele decidiu abrir a porta e jogar ela para fora. Ela foi arrastada, até que ele parou, desceu e efetuou socos e ponta pés contra ela. Ele chamou ela de coisas como ‘traveco’ e ‘viado’ e ainda disse que só não mataria ela no Pico do Urubu porque estava atrasado para um compromisso. Depois disso, deixou ela no Centro, perto do Terminal Central”, conta a vice-presidente.

A vítima foi acolhida na casa da avó, que não tem condições de ajudá-la e não entende a identidade de gênero da neta. Por isso, Alexandra foi até o local, para que elas pudessem fazer o Boletim de Ocorrência, que foi registrado na Seccional de Mogi como Lesão Corporal. A jovem também realizou o exame de corpo de delito, nesta segunda-feira (26), no Instituto Médico Legal (IML). Agora, os representantes do Fórum LGBT pretendem procurar pelas câmeras de segurança no entorno do Termina Central, nas quais pretendem encontrar imagens que possam identificar o autor do crime.

“Nós vamos cobrar que a Polícia investigue quem cometeu essa atrocidade. Nós não podemos permitir que alguém arraste outra dessa maneira cruel e isso fique impune. Esse homem, após fazer o programa, se transformou em um cara que odeia sua própria sexualidade, não se assume e desconta o ódio em outra pessoa. Isso é cruel”, finaliza Alexandra.

Violência

Pelo 14º ano seguido o Brasil foi o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo. Os dados são divulgados pelo Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e apontam México e Estados Unidos em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no país. Outras 20 tiraram a própria vida em virtude de discriminação e do preconceito. Entre os assassinatos, 130 referem-se a mulheres trans e travestis e uma a homem trans. A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos. Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos.

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