“A medula pegou”; veja a história de superação do apresentador William Tanida
Jornalista da TV Diário foi diagnosticado com Mieloma Múltiplo, um câncer que afeta as células plasmáticas, no início de 2023
William Tanida recebeu a notícia de que a medula óssea foi aceita no dia 15 deste mês | Arquivo Pessoal
Reportagem de: Ana Lívia Terribille
Depois de ser diagnosticado com Mieloma Múltiplo, câncer que afeta as células plasmáticas, o apresentador e jornalista da TV Diário, William Tanida, precisou enfrentar uma série de desafios. Ao encarar o tratamento de frente, o comunicador recebeu, neste mês de maio, a notícia que tanto desejava: suas chances de cura.
Em entrevista para O Diário, William contou como foi a descoberta da doença e como passou a lidar com a situação. “Em abril de 2022, fui fazer um exame periódico, como de costume, mas esse exame apresentou uma anemia, que eu nunca tinha tido, e eu resolvi investigar a causa.”
“O médico me passou algumas medicações, mas o quadro não melhorava. Passei por diversos especialistas e foi um nefrologista que começou a desconfiar, pois a minha anemia estava afetando os rins. Através de outros exames mais aprofundados, fui encaminhado a um hematologista e a médica me disse que eu poderia ter um tipo de câncer raro no sangue, o mieloma múltiplo,” explicou.
Segundo Tanida, o tipo de câncer que o acometeu acontece diretamente na medula óssea, tornando mais difícil a descoberta do diagnóstico, pois ele fica oculto. “Fiz diversos exames e, no início de 2023, saiu o resultado indicando a doença,” ressaltou.
Para William, já suspeitando que poderia ser um câncer, a descoberta não foi tão impactante. No entanto, demorou para a ficha cair. “Mas quando a ficha cai, você percebe que é grave.”
Geralmente, esse tipo de câncer afeta pessoas com mais de 65 anos. Tanida, aos 52 anos, é considerado jovem para enfrentar essa enfermidade.
Tratamento
Durante a entrevista, William contou como foi o processo de tratamento. Segundo ele, o mecanismo é longo e dura, em média, um ano. Ele realizou todos os procedimentos no Instituto de Oncologia, em Mogi das Cruzes, com todo o suporte necessário.
“No ano passado, em 2023, recebi semanalmente várias sessões de quimioterapia. Ela foi mais fraca, sem muitas reações, apenas enjoos, febre e dores nos ossos.” Durante a conversa, o apresentador aproveitou para evidenciar os principais sintomas da doença: cansaço e fraturas nos ossos.
Como a quimioterapia era menos agressiva, William passou por 32 sessões e continuou trabalhando, apresentando o jornal da manhã todos os dias. “Meu trabalho me fortalecia e ajudava minha saúde mental, porque ficar em casa, sabendo que tem uma doença grave e sem fazer nada, é terrível.” Mesmo com sua força, o processo foi muito complicado.
Transplante de Medula Óssea
Durante seu tratamento em Mogi das Cruzes, Tanida se preparava para algo ainda maior: o transplante de medula óssea. Embora o transplante muitas vezes envolva a busca por um doador compatível, o caso do apresentador foi diferente.
William passou por um tratamento revolucionário chamado transplante autólogo, onde as células precursoras da medula óssea provêm do próprio paciente. O processo envolve tomar medicamentos que ajudam a cultivar células saudáveis, que são então coletadas, congeladas, e o paciente passa por uma quimioterapia mais forte. Depois, as células saudáveis são reintroduzidas no corpo.
Para verificar se a medula foi aceita pelo organismo, são necessários cerca de 10 dias. No caso do comunicador, exames de sangue confirmaram a aceitação da medula no 9º dia, em 15 de maio deste ano. “Eu choro toda vez que lembro desse momento.”
Todo o processo do transplante de medula óssea foi realizado no Hospital Inglês – Transplante de Medula Óssea, em São Paulo e, após a notícia da aceitação da medula no organismo, Tanida foi informado que terá alta do hospital antes mesmo do esperado.
Novos Desafios
Devido à exposição durante o tratamento, William enfrentou complicações, como plaquetas baixas e infecções. Sua esposa, Mayra de Freitas Castro, doou as plaquetas. “Posso dizer que o amor dela está correndo nas minhas veias agora,” expressou.
Tanida é acompanhado diariamente por sua esposa Mayra e sua irmã Myriam Tanida, pois precisa de companhia constante.
Perspectiva para o Futuro
“Eu lido com meu emocional através do trabalho.” Mesmo com os altos e baixos, Tanida continua realizando suas tarefas. Ele grava pequenos vídeos para publicar uma reportagem sobre sua experiência e conscientizar as pessoas sobre a importância de exames periódicos.
“Descobri que uma anemia, que ninguém dá muita bola, estava escondendo um câncer raro.” Tanida ressalta que a doença não é hereditária, mas um “prêmio de azar.”
Por fim, o apresentador diz que suas expectativas são as melhores possíveis para o futuro. Após a alta, precisará de 30 dias de repouso. Embora a medula óssea tenha sido aceita, ainda não produz a defesa total do organismo, então é importante esperar que ela funcione 100%. Para William, é como se seu corpo tivesse sido reiniciado, mas ele está feliz.
“Todas as mensagens de carinho, apoio, força e orações que recebi durante todo o tratamento fizeram uma diferença incrível. Além da oportunidade de continuar trabalhando na TV até o último dia antes de ir para o hospital,” finaliza.
William Tanida: trajetória no jornalismo
William Tanida, jornalista da TV Diário, tem uma trajetória profissional inspiradora, marcada por dedicação e aprendizado constante. Formado em comunicação pelo Mackenzie na década de 90, sua primeira formação foi em publicidade e propaganda, área que nunca exerceu profissionalmente. Durante seus estudos em publicidade, Tanida iniciou sua carreira como estagiário na Globo SP, localizada na Santa Cecília, São Paulo, e não no prédio atual.
“Lá tive meu primeiro contato com o jornalismo e atuei em várias áreas, aprendendo tudo sobre TV. Como tive muito contato com jornalistas, eles foram meus professores diretos, mas eu nunca imaginei que seria jornalista ou repórter. Decidi fazer jornalismo para trabalhar como cinegrafista,” explica Tanida.
Após alcançar o objetivo de se tornar cinegrafista, nos anos 2000, surgiu uma oportunidade única. A TV Diário estava prestes a ser inaugurada e procurava um jornalista oriental devido ao apelo cultural na região do Alto Tietê. Na época, não havia repórteres japoneses, e Tanida acabou se tornando um pioneiro.
“A ideia veio de um editor-chefe do Jornal da Globo, que me sugeriu para a TV Diário. Quando fui conversar com o primeiro gerente, pensei que seria cinegrafista em Mogi. Mas ele me disse que eu seria repórter e apresentador. Fiquei surpreso, pois minha experiência com TV era limitada. Eu sabia trabalhar com imagem, mas não sabia nem segurar um microfone,” lembra Tanida.
Ao longo dos anos, o comunicador aprendeu e se desenvolveu profissionalmente na TV Diário. “Tudo que sei sobre jornalismo aprendi na TV Diário: apresentar, fazer reportagens. Hoje, sou o jornalista mais antigo da emissora, por incrível que pareça.”
Tanida apresentou todos os jornais da emissora e passou um período como editor-chefe de um programa de ecologia, uma experiência que ele descreve como transformadora. “Eu amava fazer esse programa, ele me abriu as portas para o mundo. Viajei muito, para diversas partes do país.”