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Médico e professor Wilmes Roberto Teixeira morre aos 94 anos

Na medicina legal, foi destaque ao implantar o IML de Mogi e ganhou reconhecimento internacional ao identificar o corpo do nazista Joseph Mengele

24 de janeiro de 2025

Médico e professor Wilmes Roberto Teixeira morre aos 94 anos | Divulgação.

Reportagem de: Vitor Gianluca

Médico, professor e escritor, Wilmes Roberto Gonçalves de Teixeira morreu aos 94 anos, nesta sexta-feira (24/1). Reconhecido como um dos pioneiros na abordagem da “síndrome do bebê espancado” no Brasil, Wilmes foi autor de artigos que receberam reconhecimento nacional e internacional. A contribuição científica foi frequentemente destacada por veículos de comunicação de grande alcance ao redor do mundo, como a TV Globo, BBC e emissoras dos Estados Unidos.

Wilmes Teixeira veio para Mogi das Cruzes ainda menino, quando o pai, Lázaro Gonçalves Teixeira assumiu a direção do Ginásio Estadual de Mogi das Cruzes (hoje Washington Luís). Mais velho, Wilmes cursou Medicina na USP e retornou para Mogi em 1959, onde viveu até o final da vida. Segundo ele, em uma entrevista concedida ao O Diário de Mogi, no dia 18 de julho de 2004, escolheu viver na cidade por conta das qualidades, que combina o ritmo de vida do interior com a proximidade à Grande São Paulo.

O profissional atuou como clínico geral, ginecologista e médico de grandes empresas da região, além de professor em universidades locais. Na medicina legal, foi destaque ao implantar o IML de Mogi e ganhou reconhecimento internacional ao identificar o corpo do nazista Joseph Mengele. Também fundou o primeiro Centro de Investigação de Crimes Sexuais (CICS) do Brasil, tornando-se uma referência na área.

“Fui o fundador (do IML de Mogi) e, durante muitos anos, era o único médico legista da região. Acumulava as funções de médico legista na cidade com minha clínica particular”, disse Wilmes durante a entrevista concedida em 2004.

Obra

Como escritor, Wilmes produziu as seguintes obras: Elementos e Exercícios de Medicina Legal (1970); Asfixiologia Médico-Legal (1978); Medicina Legal: Identificação Médico-Legal (1978); Sexologia Médico-Legal (1978); Tanatologia Médico-Legal (1978); Toxicologia Médico-Legal (1978); e Manual de Medicina Legal (2008); e, o mais recente, “Josef Mengele – Dos tempos de guerra até seu esqueleto” (2023).

Na última, Teixeira conta a história de Josef Mengele, um médico alemão e oficial nazista conhecido como o “Anjo da Morte” por conta das atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial. Ele nasceu em 1911 e ganhou notoriedade como coronel-médico da SS, da força paramilitar do regime nazista, atuou nos campos de extermínio de Auschwitz. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, se escondeu em vários países, o último deles, o Brasil. Era conhecido por realizar experimentos médicos cruéis e desumanos em prisioneiros, especialmente em gêmeos, com o objetivo de avançar teorias pseudocientíficas sobre eugenia e genética.

“Ele tinha 68 anos, estava passando um final de semana em Bertioga e morreu afogado. Em geral, o exame em vítima de afogamento é sumário, não fazem a autópsia, somente o exame externo, até porque são casos testemunhados. O problema é que ele tinha identidade falsa e foi enterrado assim em Embu, perto de São Paulo. Depois de seis anos, intermediários da família que sabiam que ele tinha morrido, porque ele tinha nazistas aqui que o protegiam, acabaram fazendo com que a notícia vazasse. Isso chegou ao conhecimento, através do Consulado Alemão, da Polícia Federal e começou-se uma investigação no esqueleto dele. Esse trabalho durou um mês. Envolveu dois peritos alemães, seis americanos e seis brasileiros”, afirmou o autor.

“Há pelo menos 20 anos venho reunindo histórias para este livro. Ao longo dos capítulos, relato casos para que o leitor vá se familiarizando com esse tipo de trabalho e saiba como é possível fazer o reconhecimento de um esqueleto”, contou Wilmes ao lançar a obra.

Wilmes Teixeira era casado com a professora e doutora Cândida Maria Plaza Teixeira (in memorian) e pai de três filhos. Até o momento, não há informações sobre e velório e sepultamento do médico.

Esta reportagem está em atualização.

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