Moradores de Taiaçupeba pedem transporte escolar
Mães de alunos contam que crianças têm que atravessar grandes trechos sem asfalto, iluminação e policiamento para chegar à escola

Sem o transporte escolar, alunos precisam ir a pé até a escola | Reprodução/Whatsapp
Reportagem de: Fabricio Mello
Perigoso, sem estrutura e cansativo: é assim que as mães dos alunos da Escola Municipal Rural Professora Eunice de Almeida, em Taiaçupeba, bairro de Mogi das Cruzes, descrevem o percurso que as crianças precisam fazer para chegar à escola. A alternativa para evitar o trajeto seria usar o transporte escolar, mas, segundo elas, desde o começo do ano a Prefeitura parou de fornecer o serviço após uma revisão para adequar o município à legislação.
A situação teria começado no início deste mês, quando um comunicado foi enviado aos responsáveis avisando sobre a interrupção do serviço do transporte (veja imagem abaixo). No bilhete, a direção escolar informava que os alunos que não se enquadrassem nos critérios da lei municipal – ou seja, morarem a mais de 2 km da unidade de ensino – não teriam mais acesso ao transporte escolar.

O problema, segundo as mães, é a falta de estrutura na região. Os relatos obtidos pelo O Diário contam que as crianças precisam atravessar um longo trecho de estrada de terra. No local, as mães contam que falta iluminação e policiamento, além de, por se tratar de uma zona rural, existir o risco das crianças terem contato com animais peçonhentos.
“Tem épocas que está chovendo e a gente, que é adulto, não consegue passar do portão de casa, que dirá uma criança de 6 ou 7 anos,” relata Leiciclecia Pereira, que é mãe de duas crianças matriculadas na escola. “É injusto. Tiraram o transporte da gente por conta de 100, 200 metros. Algumas crianças conseguem pegar a van e outras não.”
Para Thais Araújo, que também perdeu o acesso ao transporte escolar, o problema não acaba por aí. Ela conta que, devido ao esforço de ir e vir da unidade, os pontos de uma cesárea recente abriram. Thais é mãe de duas crianças, de 10 e 5 anos, matriculadas na escola Professora Eunice de Almeida e de um bebê de colo.
Os moradores seguem tentando se mobilizar para mudar a situação enfrentada pelo bairro. Ao O Diário, Marcos Araújo, que é líder da comunidade, contou que eles estão planejando uma ação para protestar contra a mudança feita pela Secretaria de Educação e pretendem entrar com um pedido formal para que a legislação seja revisada.
O que diz a Secretaria de Educação?
Em nota encaminhada ao O Diário, a Secretaria de Educação de Mogi das Cruzes informou que “o transporte escolar da rede municipal de ensino é regido pela Lei nº. 7.410/2018, e, no seu art. 4º, determina que será concedido transporte escolar para alunos que residirem a mais de 2 quilômetros da unidade escolar e situações de difícil acesso”.
A pasta também informou que verificou os endereços dos alunos citados nesta reportagem e que os mesmos não atendem aos requisitos da legislação e por isso não tem acesso ao transporte escolar.