Tutora acusa Clínica Caramelo de negligência após morte de cadela
Instituição ressaltou que a possibilidade de eutanásia foi discutida com a família apenas no contexto de um quadro clínico grave, sem perspectiva de melhora, e negou falhas no atendimento

Clínica Caramelo | Fabio Pereira/O Diário
Reportagem de: Fabio Pereira
Patrícia Mello, tutora de uma cadela chamada Lua, denunciou um suposto erro médico e negligência no atendimento prestado pela Clínica de Atendimento Veterinário Público, conhecida como Clínica Caramelo, em Mogi das Cruzes. Em nota, a administração municipal negou a existência de falhas nos procedimentos de atendimento e afirmou que foram seguidos os protocolos médicos (leia mais abaixo).
Segundo Patrícia, após uma cirurgia realizada na unidade, a saúde do animal se agravou, levando à morte na última sexta-feira (30/5). Ela afirma, ainda, que a equipe médica teria admitido falha no diagnóstico. “Fizeram uma cirurgia enorme nela pra tirar um tumor. Tiraram as cinco mamas de um lado e castraram, mas o tumor no baço já estava desde o primeiro ultrassom e eles não tiraram”, disse a tutora.
Patrícia relata que, após o procedimento, o estado de saúde da cadela se agravou, com episódios de inapetência e sinais de dor. “Desde a cirurgia ela começou a ficar debilitada, sem comer. Levamos várias vezes na clínica e eles só davam remédio para dor“, completa.
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Em resposta, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal informou que a Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV) é a responsável pelo atendimento na clínica, localizada na rua Dr. Deodato Wertheimer, 40.
A SPMV detalhou que o primeiro atendimento ocorreu em 19 de março, quando foi registrada uma formação mamária com evolução de aproximadamente um mês. Após exames pré-operatórios, foi realizada no dia 17 de abril uma cirurgia de mastectomia unilateral, ovariohisterectomia e linfadenectomia, sem intercorrências, segundo a instituição.
De acordo com a SPMV, em 16 de maio a tutora voltou à clínica relatando falta de apetite e diarreia na cadela. Foi solicitada nova coleta hematológica. Posteriormente, na última sexta-feira, Lua passou por atendimento emergencial. A tutora havia realizado, por conta própria, uma ultrassonografia abdominal em clínica particular no dia anterior, que indicou a presença de uma neoformação.
“Um dos veterinários da Caramelo falou que era impossível ele não ter visto um tumor daquele tamanho numa cirurgia tão grande”, afirmou a tutora, destacando que o exame indicava a presença de um tumor próximo ao baço desde antes da cirurgia. Ela acusa a clínica de ter negligenciado essa informação, mesmo após sucessivos retornos.
“Simplesmente quiseram fazer eutanásia na Lua, porque disseram que estava com metástase. Para esconder o erro deles, né?”, denunciou Patrícia. Segundo ela, após confronto com a equipe médica, houve admissão de falha. A tutora informou ainda que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) on-line relatando o caso.
A SPMV afirma que esclareceu à tutora que o ultrassom não conseguia determinar o local exato da formação, sendo necessária uma tomografia – “procedimento inviável diante do quadro clínico do animal”. Assim, foram discutidas duas possibilidades: uma cirurgia de laparotomia exploratória, com prognóstico reservado e risco elevado de óbito, ou cuidados paliativos.
De acordo com a SPMV, a tutora optou pela cirurgia de laparotomia exploratória. Contudo, ao ser direcionada ao centro cirúrgico, a cadela sofreu uma parada cardiorrespiratória e, apesar das tentativas de reanimação, não resistiu.
A instituição ressaltou que a possibilidade de eutanásia foi discutida com a família apenas no contexto de um quadro clínico grave, sem perspectiva de melhora, e negou falhas no atendimento.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal informou que o caso está sob análise e que solicitou à SPMV todas as informações necessárias para avaliar eventuais medidas.