Alto Tietê exportou US$ 93,5 milhões para os Estados Unidos em 2025, mostra levantamento
Principal e maior comprador da região, país americano também aparece em ranking de importações; apesar da forte parceria comercial dos EUA com a região, CIESP Alto Tietê e FIESP saíram em defesa da "soberania brasileira"
10/07/2025 16h48, Atualizado há 3 meses

Terminal de containers | José Paulo Lacerda
De acordo com dados de um levantamento da Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) do Alto Tietê, feito a pedido do O Diário, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações da região durante os cinco primeiros meses de 2025. Além disso, o país americano também ocupa o terceiro lugar no ranking de importações das industrias regionais. Esse cenário, entretanto, pode passar por mudanças após o anúncio de Donald Trump de taxar em 50% todas as exportações brasileiras.
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Segundo os dados do CIESP, as principais mercadorias exportadas pela região foram papel e cartão, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos e materiais elétricos. Em relação ao destino, os dados contabilizados pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) apontam os Estados Unidos (US$ 93,5 milhões), Argentina (US$ 52,7 milhões) e Chile (US$ 24,7 milhões) como os principais compradores da região.
Em relação às importações durante os cinco primeiros meses de 2025, as compras se concentram em máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, plásticos e produtos químicos orgânicos. Nesse cenário, o Alto Tietê importou, principalmente, da China (US$ 106,9 milhões), do Japão (US$ 94,1 milhões) e dos Estados Unidos (US$ 60,9 milhões).
Apesar da preocupação em relação ao mercado americano, que ocupa posições consideráveis tanto como destino quanto como fonte de produtos das indústrias do Alto Tietê, a posição da CIESP e da FIESP se alinham com a declaração do presidente Lula (PT): “a soberania do Brasil deve ser respeitada”.
O diretor regional do Ciesp Alto Tietê, José Francisco Caseiro, ressaltou a preocupação com o “embate” entre Trump e Lula, mas defendeu que a tarifa americana é uma “postura equivocada” e que “tem causado prejuízos concretos e imediatos às nossas relações comerciais”.
“Faltam argumentos concretos em favor dos EUA para uma tarifa de 50% nas importações do Brasil. […] A soberania do Brasil, assim como a de qualquer nação, deve ser respeitada. Questões pessoais e ideológicas de governantes não podem prevalecer em relações internacionais entre nações, pois os danos causados são severos e de difícil reparação, colocando em risco o desenvolvimento e o bem-estar de nossos povos. O diálogo diplomático deve ser respeitado; e com fatos não falsas versões deles”, escreveu Caseiro.
Outro a defender a “soberania brasileira” foi o presidente da FIESP, Josué Gomes da Silva. “Apesar do impacto negativo para a indústria brasileira da elevação de tarifas unilateralmente pelos EUA, entendemos que a soberania nacional é inegociável. Este é um princípio balizador“, escreveu, em nota encaminhada à imprensa.
“Esperamos que a diplomacia e as negociações equilibradas prevaleçam, a despeito de ideologias e preferências pessoais, e que o bom senso volte a nortear a relação entre essas duas grandes nações soberanas”, concluiu o presidente da FIESP.
Para o economista e diretor executivo da Agência de Fomento Empresarial (AGFE) de Mogi das Cruzes, Claudio Costa, a relação do Alto Tietê com o mercado americano se trata de uma “exportação indireta”. “Muitas empresas que estão na região vendem peças e componentes para montadoras, que montam o produto e daí o exportam. Diretamente falando, são os ‘commodities’ agrícolas como que podem ter algum tipo de problema“, explica Costa sobre os impactos da tarifa.
“[…] Eu acho que ainda tem muita emoção envolvendo esse processo todo com o Brasil. Tem que ver a reciprocidade que o Brasil vai ter com relação o mercado americano para, no final, sair do emocional e ir para o racional. No racional você vai ver que isso [a tarifa] não é bom para ninguém, gera inflação. Os Estados Unidos são um parceiro antigo brasileiro”.
Repercussão
Na noite de ontem (9), horas após a carta de Donald Trump anunciando as tarifas de 50% virem a público, o presidente Lula se manifestou e disse que o Brasil “é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.
O embate entre Lula e Trump também repercutiu na esfera estadual. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou a postura do presidente brasileiro e o acusou de estar colocando “a ideologia acima da economia”. São Paulo, vale ressaltar, deve ser um dos estados mais impactos se a tarifa de Trump, de fato, vigorar em 1º de agosto.