Diário Logo

PF indicia Valdemar Costa Neto, Jair Bolsonaro e mais 35 pessoas em inquérito sobre tentativa de golpe

Desde o ano passado, a PF investiga ações golpistas e iniciativas que representaram ameaças ao país entre 2022 e 2023, abrangendo o período após a eleição de Lula

21 de novembro de 2024

Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro | AFP e Isac Nóbrega/PR.

Reportagem de: Vitor Gianluca

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) estão na lista de indiciados divulgada pela Policia Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (21/11). Ao todo, 37 nomes compõem a lista de indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa (veja abaixo as penas para cada um desses crimes).

O indiciamento está relacionado ao inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Desde o ano passado, a Polícia Federal investiga ações golpistas e iniciativas que representaram ameaças ao país entre 2022 e 2023, abrangendo o período após a eleição de Lula.

Valdemar Costa Neto (PL)

Dentre os 37 nomes, quatro foram indiciados pelos três crimes, são eles: Braga Netto, general da reserva do Exército, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro e candidato a vice na chapa que perdeu a eleição de 2022; o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o policial federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin); e o mogiano Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), partido de Bolsonaro.

A lista completa de nomes foi divulgada nesta quinta-feira (21/11), com autorização do STF. Confira a lista completa com os nomes dos indiciados:

  1. AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
  2. ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
  3. ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
  4. ALMIR GARNIER SANTOS
  5. AMAURI FERES SAAD
  6. ANDERSON GUSTAVO TORRES
  7. ANDERSON LIMA DE MOURA
  8. ANGELO MARTINS DENICOLI
  9. AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
  10. BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
  11. CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
  12. CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
  13. CLEVERSON NEY MAGALHÃES
  14. ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
  15. FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
  16. FILIPE GARCIA MARTINS
  17. FERNANDO CERIMEDO
  18. GIANCARLO GOMES RODRIGUES
  19. GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
  20. HÉLIO FERREIRA LIMA
  21. JAIR MESSIAS BOLSONARO
  22. JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
  23. LAERCIO VERGILIO
  24. MARCELO BORMEVET
  25. MARCELO COSTA CÂMARA
  26. MARIO FERNANDES
  27. MAURO CESAR BARBOSA CID
  28. NILTON DINIZ RODRIGUES
  29. PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
  30. PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
  31. RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
  32. RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
  33. SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
  34. TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
  35. VALDEMAR COSTA NETO
  36. WALTER SOUZA BRAGA NETTO
  37. WLADIMIR MATOS SOARE

Segundo a PF, todas as pessoas citadas foram indicadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Penas previstas

  • Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão;
  • Abolição violenta do Estado democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão;
  • Integrar organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.

Relatório entregue ao STF

O relatório do inquérito tem mais de 800 páginas e foi concluído no início da tarde. Ele será entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). Após a entrega, cabe à Procuradoria-geral da República (PGR) denunciar ou não os indiciados ao Supremo. Caso a Corte aceite a denúncia, eles se tornam réus e serão julgados.

Nota da PF

Confira a nota da Polícia Federal na íntegra sobre o indiciamento:

A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.

O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.

As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:

  • a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
  • b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
  • c) Núcleo Jurídico;
  • d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
  • e) Núcleo de Inteligência Paralela;
  • f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas

Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Valdemar não comenta

A reportagem de O Diário tentou contato com a assessoria de Valdemar Costa Neto, mas não conseguiu retorno. À imprensa nacional, o presidente nacional do PL não quis se manifestar sobre o indiciamento da PF. “Sem comentários. Não vamos comentar”, disse o advogado Marcelo Bessa, nesta quinta-feira.

Já Jair Bolsonaro, em seu perfil na rede social X, replicou uma entrevista que deu para o portal “Metrópoles”. Ele atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator do caso.

“O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei.”

Ainda na entrevista, Bolsonaro afirmou que vai esperar orientações do seu advogado.

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar.”

Veja Também