Dia do Orgulho LGBTQIA+: o papel da educação na formação de gerações mais inclusivas
Mortes violentas ainda preocupam; especialista destaca atuação consciente de pais e educadores
27/06/2025 11h42, Atualizado há 4 meses
O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado em 28 de junho | Reprodução/Shutterstock
No mês de junho, dedicado ao Orgulho LGBTQIAPN+, a educação assume um papel essencial na formação das novas gerações. O dia 28 de junho simboliza o marco das celebrações e reflexões que vão além do período, ao inspirar práticas inclusivas ao longo de todo o ano e impulsionar a construção de um futuro livre de discriminação.
As práticas de respeito à diversidade se desenvolvem quando aprendemos a conviver com diferenças envolvendo raça, gênero, condições físicas e intelectuais. A psicóloga Mayrla Pinheiro, da Hapvida, destaca que esse convívio ajuda a construir atitudes mais respeitosas.
Na região do Alto Tietê, conforme levantamento do portal G1, de 215 denúncias de violência contra pessoas LGBTQIA+, em 38% dos casos o agressor tinha vínculo afetivo com a vítima. Os dados mais recentes são do Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em 2024. Alguns moradores do Alto Tietê, que pertencem à comunidade LGBTQIA+, relataram momentos de violência que já sofreram.
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Para a especialista em comportamento, a educação inclusiva exerce papel fundamental na percepção do outro. “O preconceito não é inato: ele é aprendido. As crianças observam e absorvem atitudes, crenças e estereótipos dos adultos ao seu redor, seja em casa, na escola ou na mídia. Se os adultos expressam ou demonstram atitudes preconceituosas, as crianças tendem a internalizar essas visões. Para desconstruir o preconceito, é preciso um esforço contínuo e consciente, como ajudá-las a identificar e questionar estereótipos que veem na mídia ou em conversas. Por exemplo, se um desenho animado retrata um determinado grupo de forma negativa, é uma oportunidade para conversar sobre isso”, afirma.
A ausência dessa educação crítica e inclusiva tem consequências concretas e devastadoras na vida de pessoas que fogem das normas estabelecidas. Pelo 16º ano consecutivo, o Brasil aparece como o país que mais mata pessoas trans e travestis, de acordo com o dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado em janeiro de 2025. Os dados do estudo mostram que as vítimas são, em sua maioria jovens, pretas, pobres e nordestinas.
O desenvolvimento de habilidades socioemocionais como colaboração, comunicação e resolução de conflitos, além da construção e da integração de ambientes acolhedores, são essenciais para a estruturação de uma educação inclusiva e distante dos comportamentos discriminatórios, como avalia Pinheiro.
“A representatividade e o diálogo são pilares para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, especialmente em contextos de diversidade. Por exemplo, escolas que promovem o diálogo sobre esses temas criam um ambiente de aprendizado mais rico e inclusivo. A aceitação e o respeito à diversidade têm um impacto profundo e positivo na saúde mental de crianças, como o fortalecimento da autoestima e identidade”, aponta.
A educação inclusiva visa a garantir a todos o direito à aprendizagem, reconhecendo e valorizando a diversidade, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Por isso, há a necessidade da criação de espaços capazes de atender necessidades individuais, promovendo sua participação ativa e seu progresso, em questões de gênero, raça e também daqueles com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e/ou superdotação.