Mogiana Cristiane Morais publica fragmentos poéticos de forma artesanal
Um livro artesanal de “fragmentos poéticos”, com pensamentos e passagens que podem ou não ser aplicadas no cenário pandêmico e atípico de 2020. Uma obra que questiona “quem somos de verdade”, e encontra certas respostas nos elementos da natureza. Assim é ‘Vento de Mar, Fogo de Vela’, livro idealizado, escrito, produzido, impresso e completamente confeccionado […]
Reportagem de: O Diário
Um livro artesanal de “fragmentos poéticos”, com pensamentos e passagens que podem ou não ser aplicadas no cenário pandêmico e atípico de 2020. Uma obra que questiona “quem somos de verdade”, e encontra certas respostas nos elementos da natureza. Assim é ‘Vento de Mar, Fogo de Vela’, livro idealizado, escrito, produzido, impresso e completamente confeccionado por uma pessoa só, a mogiana Cristiane Morais.
Professora de educação infantil, Cristiane coleciona passagens por diferentes expressões artísticas. Já escreveu composições, já participou de uma banda de rock independente, já se aventurou nas artes cênicas. Mas foi com o exercício poético que se encontrou, sob o pseudônimo ‘Piena Branca’.
Este nome, que em italiano significa “ramo completo”, é o que ela escolheu para usar no Instagram, rede social que vem, desde setembro, alimentando com “fragmentos poéticos”. Não, não são apenas poesias. São textos que vão além, se configurando de outras maneiras, como “palavras canção”, por exemplo.
Ao mesmo tempo em que todos os textos são muito pessoais e íntimos à autora, também se mostram subjetivos e podem ser aplicados ao contexto de quem lê. Contudo, há momentos de “quebra” que apresentam “poesias de repúdio ao machismo” e outras surpresas contidas ao longo de 56 páginas.
“O livro está dividido em três processos”, explica Cristiane. “Primeiro, a poesia que brotou da dor. Depois, a quebra da sujeição, e por fim uma transição mais abstrata, que chamo de acalanto”.
Se ainda não está claro, vale a descrição oficial de ‘Vento de Mar, Fogo de Vela’: “um amarrado de poesia que brotou de forma mista na palavra canção, que é o meu porto seguro e tenho mais intimidade, e no súbito poético para esvaziar ou alimentar este ser”.
Uma dúvida que vale a pena ser respondida é: se os relatos são tão íntimos, por que publicá-los em livro? “É uma realização pessoal”, começa a argumentar Cristiane. “Não dá para deixar os textos presos a uma plataforma. Quero que circulem”.
Com o projeto pronto, e diante da negativa de diferentes editoras, ela decidiu por a mão na massa, e fazer os exemplares da obra de maneira artesanal. “Como tenho habilidade manual e um tempo atrás fiz confecção de tecidos, crochês e linhas, me inspirei num fanzine de memorial de tecidos para colocar a poesia num formato parecido”.
As páginas são impressas em casa mesmo, numa impressora comum. Tudo é furado num furador de escritório, e amarrado numa capa de papel kraft, igualmente artesanal. O “tempero” dessa “receita” é o “amor e o carinho”. “Deposito esses sentimentos continuamente a cada confecção”, garante a autora.
É possível adquirir uma cópia de ‘Vento de Mar, Fogo de Vela’ por R$ 28,00, com entrega a combinar. O preço praticamente não inclui margem de lucro, e serve para cobrir os custos do processo de produção. Toda a negociação pode ser feita pelo Instagram @piena.branca, onde também é possível ler alguns dos fragmentos poéticos do livro.