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Primeira geração de alunos formados no Casarão do Chá começa a atuar

Já nas primeiras semanas do ano 10 de funcionamento como um patrimônio histórico e artístico, o Casarão do Chá, no bairro rural do Cocuera, em Mogi das Cruzes, vê os passos iniciais de alunos formados no curso de cerâmica ministrado pela professora Miha Nakatani e artistas convidados pela escola. Instalada neste único e icônico registro […]

29 de julho de 2023

Reportagem de: O Diário

Já nas primeiras semanas do ano 10 de funcionamento como um patrimônio histórico e artístico, o Casarão do Chá, no bairro rural do Cocuera, em Mogi das Cruzes, vê os passos iniciais de alunos formados no curso de cerâmica ministrado pela professora Miha Nakatani e artistas convidados pela escola.

Instalada neste único e icônico registro arquitetônico preservado da história da imigração japonesa no Brasil e da própria cidade, a escola tem o enraizamento das tradições zeladas por imigrantes e seus descendentes, marca expressiva na agricultra, economia, culinária e arte.
Está saindo do forno, por assim dizer, e com destaque, a primeira geração de ceramistas de Mogi das Cruzes, aprendizes da escola do Casarão do Chá, com tendência de, daqui a pouco, no futuro, ser identificada como a escola da Casa de Cerâmica Nakatani, sobrenome do ceramista japonês Akinori Nakatani, pai de Higussa,  Miha e Yuki, o trio herdeiro da arte e da visão do patriarca. Deve-se a ele e a um grupo de artistas de São Palo, que o apoiaram, a restauração do casario cuja beleza plástica resulta do entrelace de técnicas construtivas japonesa e brasileira em meio à  uma composição paisagística e ambiental fascinante.

A escola, as oficinas, exposições, os festivais de Cerâmica – o 10º neste 2023, a partir do próximo final de semana, 5 e 6 -, afastam um temor de Nakatani e um vaticínio (ao avesso) feito por uma parte da própria comunidade nipobrasileira mogiana. No passado, muito se falou sobre o fôlego e o poder de atração do Casarão do Chá, localizado em uma área rural, distante do núcleo central de Mogi.

O ceramista defendeu a preservação do casario muito próximo de ruir, com a consciência de que ele teria de se sustentar como um ponto de cultura e encontro de pessoas. 

O Casarão do Chá está cumprindo o escopo de se manter como um patrimônio histórico nacional, tombado como tal pelo governo federal, como um organismo vivo, ativo.

É preciso unir fatos da memória recente para entender o que significa a formação desses novos ceramistas em um espaço que saiu da ameaça de desabar – literalmente, para se tornar exemplo de uso e ocupação de um bem histórico e cultural, graças a uma parceria entre a Associação do Casarão do Chá e a Prefeitura de Mogi.

Nos anos 1990, Akinori Nakatani construiu ponte entre órgãos públicos como o Instituo de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), governo muncipal e a iniciativa privada para cumprir o projeto de restauração executado durante 30 anos: impedir o fim da antiga fabrica de chá.

No último dia 26 de junho, a entrega da obra e inauguração completou 9 anos. 

Nesse tempo, a Associação do Casarão do Chá, que responde pela conservação e administração em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, cumpre um calendário de atividades artísticas e de formação de público com a abertura aos domingos, exposições nacionais e internacionais, e outras.

Primeira geração

Um balanço destes primeiros anos é a formação de um grupo de ceramistas que mantém uma lojinha com peças no interior do Casarão do Chá e abriu um endereço próprio, no centro de Mogi, e atende pelo nome Toki. Formados no endereço, ceramistas como Mateus Dias, Erminia Lopes e Mi2Mi, são gratas surpresas para a professora Miha Natakani. 

Nome da cerâmica nacional, por meio da Casa Natakatani, Miha pontua que esse grupo mogiano tende a ser projetar no cenário brasileiro, especialmente por causa do aprendizado de técnicas que têm escapado da maioria dos nomes em atuação no Brasil, na atualidade.
Ela explica que a escola praticada no Casarão do Chá busca um refinamento do entendimento sobre a cerãmica que se assemelha às artes japonesa e chinesa contemporâneas  “Esse grupo poderá ser um diferencial no mercado brasileiro porque está aprendendo técnicas de alta temperatura. Eu estou falando de peças com queima em fornos acima dos1,2 mil graus”. 

Miha afirma que, hoje, dos fornos elétricos acondicionados dentro de apartamentos, “é produzido um tipo de peça muito parecida com os demais”. “O que está sendo realmente uma grande surpresa, que eu não esperava, é a formação de alunos que poderão usar tanto o forno elétrico, a gás ou a lenha, e que conseguem produzir peças com uma variação de cores mais refinadas, e que são concluídas, não apenas na primeira ou segunda etapa, que a maioria conclui, mas na terceira, quarta e até quinta etapas, quando elementos como o ouro ou a prata, dão às obras um acabamento encontrado em outros países”.

Os cursos têm um requisito exigido, no mínimo, surpreendente para o tempo atual marcado pela velocidade superacelerada. São aceitos alunos dispostos à  se entregar ao tempo, durante anos, para aprender a história, o processo da cerâmica, a escolha e a busca da argila, a confecção de ferramentas exclusivas para o manejo e criação das peças.

Para ela, os alunos do grupo Toki e outros que começam a construir os próprios fornos na cidade, deverão fazer surgir a primeira geração após os dois nomes mais conhecidos na cidade – Mauricio Chaer e Akinori Nakatani.

Vitrine para o turismo

Aos domingos, o Casarão do Chá recebe público estimado em 100 visitantes. Em eventos, como o Festival de Cerâmica, em agosto, o número chega a 5 mil. 

O sonho de Akinori Natakani ganha capítulos quando se fala com Higussa Nakatani, uma das dirigentes da Associação do Casarão do Chá. Estão em projeto a melhoria do prédio-sede, a construção de estrutura para substituir as barracas da Praça de Alimentação. 
No Festival de Cerâmica, produtos diferenciados e de pequenos empreendedores serão apresentados nos três próximos finais de semana.
Pequenos restauros são feitos cotidianamente no Casarão do Chá para mantê-lo apto a receber o público da cidade e outros locais. Os recursos financeiros são oriundos de atividades como a venda de cerâmica e oficinas específicas – outra parte da agenda é gratuita. 
Quem for ao festival terá acesso a artesãos, artistas e produtores regionais que comercializarão itens como marcenaria e ferramentas para cerâmica, bonecos tradicionais japoneses, plantas, bebidas fermentadas, queijos, chocolate, embutidos, culinária variada. O Cocuera e distritos vizinhos alimentam um polo de negócios, turismo e produtos sustensáveis que, no Casarão, ganham vitrine diferenciada.

 

Bora aprender

Palestra “ Noborigama “ com Akinori Nakatani
Data : 19 de agosto (sábado).
Horário: 14h às 15h. 
Palestra gratuita.
Inscrições antecipadas*
Vagas: 30
Público : apenas para ceramistas
Pré requisito: ter experiência em queima a gás ou a lenha entre os cones 9 à 13.
Interessados : enviar nome completo,  número de RG e um breve resumo da atuação no meio cerâmico, no telefone (11) 95443 8241.

Oficina de Queima Raku com Marcelo Coneglian (@marceloconegliam)
Data : 06 de agosto, 10h às 15h.
*10h – Esmaltação
*11:30h às 14:30h – Queima
*15h – Abertura de forno.
Trazer : avental, pincel de diferentes tamanhos com ponta macia e paninho ou papel toalha para limpeza dos pincéis.
40 senhas das 7h às 9h.

Oficina de Modelagem com Mima Ito (@mimmaceramica)
Data : 06 de agosto, 10h às 12h e 14h às 16h.
Trazer um paninho, avental e espetinho de bambu.
15 senhas das 7h às 9h e mais 15 senhas das 11h às 13h.

Oficina de Modelagem 
com Fátima Rosa 
(@fatimarosa3193)

Data : 20 de agosto,  10h às 12h e 14h às 16h.
Trazer um paninho, avental e espetinho de bambu.
15 senhas das 7h às 9h
e 15 senhas das 11h às 13h.

Oficina de queima Raku 
com Stela Kehde 
(@stelakehde)
Data : 20 de agosto, 10h às 15h.
10h – Esmaltação
11:30h às 14:30h – Queima
15h – Abertura de forno.
Trazer : avental, pincel de diferentes tamanhos com ponta macia e paninho ou papel toalha para limpeza dos pincéis.
20 senhas das 7h às 9h.

Modelagem com 
Eliana Kanki (@ElianaKanki)
Data: 27 de agosto: 10h30 às 12h30 e 14 h às 16h.
Trazer palito de churraso e talheres descartáveis 
(colher, faca)
15 senhas pela manhã (kingyo) e 15 senhas à tarde (Buda)

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