Albanês, o garoto que fugiu de casa para conhecer Bolsonaro, em Brasília
Ele tinha apenas 12 anos de idade, em 2011, quando viu, pela primeira vez, uma entrevista do então deputado Jair Bolsonaro, no programa CQC, da Band. Apresentado como um personagem exótico do baixo clero da Câmara Federal, a fala do entrevistado, sem meias palavras, encantou o garoto, de tal forma que ele tomou uma decisão. […]
Reportagem de: O Diário
Ele tinha apenas 12 anos de idade, em 2011, quando viu, pela primeira vez, uma entrevista do então deputado Jair Bolsonaro, no programa CQC, da Band. Apresentado como um personagem exótico do baixo clero da Câmara Federal, a fala do entrevistado, sem meias palavras, encantou o garoto, de tal forma que ele tomou uma decisão.
Precisava conhecer pessoalmente, a qualquer custo, aquele deputado que tanto o impressionara com seu discurso histriônico, cheio de ameaças e outros vitupérios.
O tempo passou e, em 2015, quatro anos depois, já com 16 anos de idade e certo de que Bolsonaro seria candidato a presidente, nas eleições de 2018, ele decidiu falar com seus pais: queria ir a Brasília conhecer aquele que já era o seu ídolo na política.
Diante da oposição dos pais, alegando que ele sequer havia viajado de trem para São Paulo, ele decidiu agir por conta própria.
E, mesmo à revelia deles, foi juntando dinheiro do lanche, dado pela avó e até as moedas do troco da copiadora, que ficava em frente sua escola, até que conseguiu comprar uma passagem para Brasília, pela companhia Avianca.
Entre algum remorso pela “fuga” e a certeza do que chamou de “urgência histórica”, ele apertou os cintos e voou para a Capital Federal.
Brasília estava em polvorosa naquele 25 de setembro de 2015, quando teve início o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Num ônibus, com roteiro previamente estudado, ele rumou para o Congresso.
Depois de alguma confusão com os anexos da Câmara, conseguiu, finalmente, chegar ao gabinete do “Capitão”, e se apresentar, diante do espanto da assessoria do deputado, formada essencialmente por militares.
Passaram-se alguns minutos e o mogiano aventureiro e abusado, Gabriel Albanês, pôde ficar cara a cara com seu ídolo:
“Você é o menino que saiu de Mogi e veio para cá?”
“Sim senhor, Capitão!”
“Porra, você é louco!” – comentou o deputado, dando-lhe um grande abraço.
Os dois almoçaram juntos, falaram de Mogi, da juventude, do Brasil.
Àquela altura, a família, desesperada, já havia sido avisada e Albanês acabou ganhando do “Capitão”, a passagem de volta para Mogi.
Convidado especial da posse de Bolsonaro, já como presidente eleito, Albanês não foi para o governo. Formou-se em advocacia e, por coincidência, voltou a se encontrar com Bolsonaro. no PL de Valdemar Costa Neto.
Albanês, nesta semana, apareceu em sua rede social, eufórico com a convocação de Costa Neto para ir a Brasília, possivelmente para discutir sobre a Juventude do PL.
E ele escreve: “Olhando pra trás, vejo que foi a lealdade que fez tudo aquilo acontecer: lealdade aos meus valores, aos meus princípios, ao meu País, à minha cidade, ao meu partido político… ao meu Capitão” – garante, atualmente, o jovem de 24 anos, um extrema direita mais que convicto, que agora estuda para ser um diplomata do Itamaraty, em Brasília.
Albanês, junto com o vereador José Luiz Furtado (PSDB), foi um dos organizadores da homenagem ao ex-prefeito Waldemar Costa Filho, pai de Costa Neto, sexta-feira (2), na Câmara Municipal de Mogi.
“Prazer em conhecê-lo!”
O jornalista Claudio Humberto conta que Geraldo Alckmin, atual vice-presidente da República, sempre foi um discreto vice-governador de Mário Covas.
Tão discreto que era desconhecido nas repartições.
Certa vez, no final da primeira gestão de Covas, ao chegar para uma visita à Secretaria de Estado dos Esportes, teve de preencher formulário na portaria e ganhar um crachá de “visitante” para que pudesse ingressar no prédio.
Quando já estava no interior do elevador, uma funcionária mais observadora fez-lhe um ligeiro aceno com a cabeça.
Geraldo Alckmin se animou. Afinal alguém o reconhecera.
“Muito prazer, sou Geraldo Alckmin”… disse ele, estendendo a mão para cumprimentar a moça, que olhou bem para o rosto dele e disse:
“Não sei, mas acho que conheço o senhor de algum lugar…”
Certamente.
Divergências necessárias
Bem a propósito do que acontece atualmente, entre os presidentes Lula, da República, e Roberto Campos Neto, do Banco Central, vale lembrar uma história dos tempos de Getúlio Vargas.
À época, um empresário paulista recebeu uma missão do presidente: procure Ricardo Jafet (um dos fundadores da Mineração Geral do Brasil, em Mogi) e Horácio Lafer e ouça o que um pensa do outro.
Missão cumprida, o empresário voltou:
“Eles não se toleram”, disse.
Logo depois, Getúlio nomeou Lafer ministro da Fazenda e Jafet, presidente do Banco do Brasil.
E explicou: “Meu filho, se o ministro da Fazenda e o presidente do Banco do Brasil forem amigos, o que é que vou ficar fazendo no Palácio do Catete?”
À época, o Catete era a sede do governo, no Rio. E o BB, uma espécie de Banco Central.
Qualquer semelhança com os dias atuais é mera coincidência?
Apertem os cintos!
Esta foi contada pelo governador Geraldo Alckmin, em abril de 2010, em visita a este jornal: um antigo morador do Vale do Paraíba relutou, mas acabou convencido pela esposa a viajar de avião pela primeira vez.
A cada informação da aeromoça, nos procedimentos iniciais da viagem, ele reclamava e ameaçava descer.
O voo ocorreu sob protestos intermináveis aos ouvidos da mulher que tentava acalmar o marido.
No final, o comandante falou aos passageiros:
“Aqui é o comandante Juarez, estamos chegando ao nosso destino. Se vocês olharem para a direita, verão a cidade; e um pouco mais à frente, a serra e a praia”.
Aí o matuto não se conteve e gritou: “Juarez, Juarez, fica quieto e olha pra frente, senão você não desce esse trem!”