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Maus-tratos a crianças caem 25% no Alto Tietê até outubro; especialista teme reflexo da quarentena

Os registros de violência contra as crianças em Mogi das Cruzes reduziram em 25% nos 10 primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2019. Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde, os números caíram de 252 para 189. Quem trabalha diretamente com este cenário teme que a queda seja reflexo […]

8 de dezembro de 2020

Reportagem de: O Diário

Os registros de violência contra as crianças em Mogi das Cruzes reduziram em 25% nos 10 primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2019. Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde, os números caíram de 252 para 189.

Quem trabalha diretamente com este cenário teme que a queda seja reflexo da pandemia do novo coronavírus, que deixou vítima e agressor em casa, como é o caso da coordenadora do Serviço de Acolhimento Institucional de Criança e Adolescente (Saicas) de Mogi, Regiane Prudente Kapo Neris.

Ela explica que a maior parte dos casos era identificada nas creches e escolas, mas com os alunos mais longe, fica difícil descobrir os maus-tratos. Até porque, além das lesões físicas, geralmente os alunos que passam por essa situação mudam o comportamento, sobretudo ficando mais agressivos ou emotivos.

“As ocorrências chegam até a gente de diversas formas, mas este ano sem as aulas presenciais, elas passaram a ser maiores por parte de vizinhos das vítimas. Teve um caso que nos chamou muito a atenção, porque um menino que vinha sofrendo agressão do padrasto foi procurar a diretora na escola para denunciar. É um local de referência para eles”, diz a coordenadora.

Outro fator que chama a atenção nos números da secretaria é de que, em 68% dos casos, as agressões são cometidas pelos próprios pais das crianças. Juntos, eles somam 129 dos 189 registros entre janeiro e outubro deste ano. As mães aparecem em maior número, com 91, seguida do pai, com 38 registros.

O acompanhamento da pasta mostra ainda que em 27 são pessoas com outros vínculos, 14 são amigos ou conhecidos, além de oito envolvendo o padrasto, um a madrasta, dois irmãos, seis desconhecidos e um por cuidador.

Com a maioria das agressões vindo de pessoas próximas, Regiane avalia que esse número de vítimas, na verdade possa ser ainda maior. Atualmente, Mogi conta com cinco unidades de acolhimento institucional, cada um deles com capacidade para receber 20 crianças, que é também o número de vagas disponíveis hoje, além do Programa Família Acolhedora, que oferece nove lares. Ainda assim, em janeiro será inaugurada mais uma casa

“Nós tivemos que fechar uma Saica no começo deste ano e passamos praticamente o ano inteiro sem ela e não fez falta, mas a gente teme que, com a volta das aulas no ano que vem, esse número de crianças agredidas suba bastante e pode ser que elas precisem do acolhimento”, detalha a coordenadora.

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