Mudanças na legislação vão deixar as campanhas mais difíceis e caras
As mudanças impostas pela atual legislação eleitoral deverão alterar profundamente as estratégias utilizadas, até agora, pelos políticos tradicionais na busca de candidatos e de votos, nas eleições municipais de outubro do próximo ano. As mudanças já estão sendo sentidas pelos articuladores partidários, encarregados por dirigentes ou candidatos, de preparar as pré-campanhas dos futuros concorrentes a […]
Reportagem de: O Diário
As mudanças impostas pela atual legislação eleitoral deverão alterar profundamente as estratégias utilizadas, até agora, pelos políticos tradicionais na busca de candidatos e de votos, nas eleições municipais de outubro do próximo ano.
As mudanças já estão sendo sentidas pelos articuladores partidários, encarregados por dirigentes ou candidatos, de preparar as pré-campanhas dos futuros concorrentes a prefeito e a vereador.
As alterações maiores já começam a ser sentidas na futura disputa pela vaga de vereador, onde as mudanças começam na elaboração das chapas.
Nas futuras eleições, cada partido terá de apresentar uma chapa, sempre proporcional ao número de vereadores de cada câmara. A lei estabelece que o número de concorrentes em cada chapa será equivalente ao número de vagas mais um.
No caso de Mogi, onde a Câmara conta com 23 vereadores, cada chapa poderá conter o limite de 24 candidatos.
Desse total, pelo menos oito concorrentes terão de ser mulheres.
A exigência da presença de mulheres em cada partido está se tornando um complicador a mais para os partidos. Afinal, ainda existe certo desinteresse do público feminino pela política, onde até agora prevalecia um ambiente tipicamente masculino.
As preocupações aumentam ainda mais por conta da fiscalização que vem sendo realizada pela Justiça Eleitoral para impedir o que já aconteceu no passado: a colocação de mulheres apenas para cumprir a exigência legal de cada chapa. Ao final, aquelas que emprestavam seus nomes como candidatas terminavam a eleição com um ou dois votos. Ou algo mais ou menos parecido com isso.
A Justiça Eleitoral já avisou que, a exemplo do que aconteceu nas últimas eleições, não irá permitir essa jogada. Ou seja, vai exigir que as mulheres sejam realmente candidatas para valer e que apresentem uma votação condizente com alguém que entra numa campanha para vencer.
As novas regras vão influir também no trabalho dos cabos eleitorais profissionais, que cada vez mais perdem espaço para os influenciadores digitais ou congêneres.
Com um número de candidatos a vereador mais reduzido, não é qualquer cabo eleitoral que será aceito para trabalhar.
Um experiente articulador de campanha política da cidade disse a esta coluna que um cabo eleitoral só conseguirá ser contratado se garantir ao partido que é capaz de assegurar entre 500 e 800 votos, algo que muito poucos terão condições de entregar.
Por outro lado, os custos desses cabos eleitorais devem subir proporcionalmente ao poder de fogo (ou votos) de cada um.
O articulador disse que ainda não tinha ideia de quanto custaria o engajamento de alguém com este perfil em uma campanha. Não sabia, ou não quis dizer.
Mas uma coisa é certa: além de complicada na prática, a futura campanha estará igualmente inflacionada.