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Professor de dança nega hipótese de bala perdida

Quarta-feira, 9 de dezembro de 2020. 18h30. “Nossa, que absurdo!; Nossa, que absurdo!”. Esse é o refrão da música que toca na Arena Água Verde, espaço comunitário do Jardim Camila, em Mogi das Cruzes. Em uma das quadras, o bailarino e instrutor mogiano Lucas Souza Garcia, 23 anos, após ministrar uma aula de fitdance, continua […]

10 de dezembro de 2020

Reportagem de: O Diário

Quarta-feira, 9 de dezembro de 2020. 18h30. “Nossa, que absurdo!; Nossa, que absurdo!”. Esse é o refrão da música que toca na Arena Água Verde, espaço comunitário do Jardim Camila, em Mogi das Cruzes. Em uma das quadras, o bailarino e instrutor mogiano Lucas Souza Garcia, 23 anos, após ministrar uma aula de fitdance, continua ensinando alguns passos para quatro alunas. Com o som alto do funk, não foi possível ouvir o disparo de arma de fogo que o atingiu, na região do tórax, de surpresa.

O clima mudou completamente. Em poucos instantes, a energia do rebolado deu lugar para o pavor e o desespero. “Eu estava de costas e senti o impacto, a pressão, a dor. Havia muito sangue”, lembra a vítima, que reuniu forças para andar até o carro do pai, que jogava bola no local, e o socorreu à Santa Casa de Misericórdia.

Segundo Lucas, nenhuma das pessoas – nem mesmo as que não estavam diretamente envolvidas em seus passos de dança – sabe dizer de onde veio o tiro. Nem ele próprio sabe, na verdade. O que é certo é o destino do projétil, área muscular próxima à costela. “Os médicos me falaram que não chegou em nenhum órgão”, diz ele, aliviado, menos de 24 horas depois do susto.

O que a vítima ouviu, mas não tem certeza se confere com a realidade, é que se trata de alguém “que sempre atira” e que “se incomoda com barulho, com movimento”. Outra proposição é a do boletim de ocorrência, registrado na Central de Flagrantes de Mogi das Cruzes, que cita a possibilidade de “bala perdida”. Lucas, porém, nega essa hipótese.

“Não acho que foi bala perdida. Não há contexto para isso”, diz ele, que afirma não ter acontecido tiroteio ou qualquer outra ação do gênero. “Era o contexto de um dia normal. A pessoa que fez isso já tinha me marcado por alguma forma, talvez por minhas danças mexerem com a cintura e o bumbum”, diz.

Entre os comentários das redes sociais destacam-se as palavras “ataque homofóbico”. Lucas admite nunca ter recebido qualquer tipo de ameaça, mas não descarta essa possibilidade. “Chamo atenção por causa das roupas, com shorts mais curtos e roupas descoladas que fazem parte do contexto de professor de dança”, disse.

O mogiano aproveita para lembrar o “clima familiar” do local que recebe suas aulas, que tem 95 alunas cadastradas em diferentes turmas. “A comunidade sempre apoia. Fizemos, por exemplo, uma festa de Halloween, e no meu aniversário recebi uma homenagem muito bonita”, conta.

As aulas de zumba e fitdance ministradas por Lucas tem como público alvo mulheres e crianças, o que, segundo ele, modificou o cenário visto na Arena Água Verde. “Antes, lá era cheio de gente que usava drogas, e hoje em dia é um novo ambiente, até com comércio, com venda de geladinho”.

 

Apoio

Nas últimas horas, Lucas Souza Garcia tem recibo muito apoio pelas redes sociais. Além de familiares, amigos e alunas, outros artistas e nomes ligados à Cultura mogiana se manifestaram, perguntando “quem atirou”. Outra manifestação é uma “live da paz”, que será realizada logo mais às 19 horas, transmitida exatamente do local do crime.

“Acho super importante esse apoio. Mostra que a gente não está sozinho, e que todas as dinâmicas e ações se complementam”, comenta ele, que ao contrário do que se pode pensar, não desistiu das aulas ao ar livre, que surgiram durante a pandemia do novo coronavírus como alternativa ao fechamento de academias.

O que Lucas quer é mais apoio, mas não somente virtual. “Quero continuar com o projeto, mas de forma segura. Não sei com quem vou falar ainda, mas espero conseguir apoio para as aulas de dança, que mudam a vida de muitas pessoas, de várias idades. Não quero parar. Quero segurança”, finaliza ele.

Questionada por O Diário se investigaria outras possibilidades para além da “bala perdida’, a Secretaria de Estado da Segurança Pública encaminhou a seguinte nota às 18h50:

“O caso foi registrado ontem (9) como lesão corporal grave e disparo de arma de fogo pelo plantão da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes. A ocorrência foi encaminhada ao 1º Distrito Policial do município, onde será instaurado inquérito policial para investigar todas as circunstâncias relativas à ocorrência”.

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