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Fumaça de queimadas na Amazônia chega a São Paulo e Argentina e altera cor do céu

A fumaça gerada pelas intensas queimadas na Amazônia, cujos registros bateram recorde nesse início de setembro, já chegou até ao Rio Grande do Sul, além de São Paulo , Paraná, Paraguai, Bolívia e Argentina. De acordo com os monitoramentos do Metsul e do Climatempo, fortes ventos, a 1,5 quilômetro de altitude, que saem do norte […]

10 de setembro de 2022

Reportagem de: O Diário

A fumaça gerada pelas intensas queimadas na Amazônia, cujos registros bateram recorde nesse início de setembro, já chegou até ao Rio Grande do Sul, além de São Paulo , Paraná, Paraguai, Bolívia e Argentina. De acordo com os monitoramentos do Metsul e do Climatempo, fortes ventos, a 1,5 quilômetro de altitude, que saem do norte para o sul do país contribuíram para o deslocamento dessa fumaça, o que influencia na coloração do céu, que pode ficar mais alaranjado ou acinzentado, e no aumento da temperatura no sul.

Nos oito primeiros dias de setembro, foram registrados 20.261 focos de queimadas na Amazônia, de acordo com o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aumento de 385% em comparação ao mesmo período no ano passado, quando foram registrados 4.174 focos. A área queimada na Amazônia já atingiu 23.675 quilômetros quadrados nesse início de mês, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ.

Diante desse cenário, imagens de satélite são capazes de mostrar a presença de fumaça em grande parte do país. E, devido ao corredor de vento quente e seco que se formou nos últimos dias, o seu deslocamento foi rápido. Nesta quinta, a fumaça já estava presente no Rio Grande do Sul, onde houve temperaturas de 28,8ºC em Porto Alegre e de até 33ºC no Noroeste gaúcho. O mesmo corredor, até chegar no Sul, passou por Bolívia, Paraguai, Nordeste da Argentina, além de São Paulo e Paraná.

Como o corredor de vento se formou a uma altura de 1,5 quilômetro, não é comprovado que a fuligem vista por moradores perto de suas casas, como foi relatado por exemplo na cidade de São Paulo, seja de fato a mesma da fumaça da Amazônia. Mas uma alteração é certa: a coloração do céu.

Em seu boletim, divulgado nesta quinta à noite, o Metsul explicou que, “diferentemente da região amazônica, onde a fumaça atua mais perto da superfície e traz piora da qualidade do ar com problemas respiratórios para a população local, no Sul do Brasil (a fumaça) está em suspensão na atmosfera e seus efeitos se percebem pelo tom mais acinzentado do céu com um aspecto fosco e ainda por cores realçadas do sol ao amanhecer e no fim da tarde”.

Além disso, o sol ganha uma cor mais alaranjada ou avermelhada. Em seu boletim, o Climaempo informou que essa alteração de coloração acontece porque as queimadas liberam materiais particulados inaláveis, como MP 2.5 (de 2,5 micrômetros de diâmetro). Esse material ajuda a dispersar boa parte das cores do sol, especialmente no início ou fim do dia, e a espalhar as de cores vermelhas e laranjas.

No Cerrado

O desmatamento também está em alta no Cerrado. Em agosto, foram desmatados 452 km² no bioma, um valor 14,4% acima do registrado em 2021 (395 km2) e 26% maior que a média da série histórica do Deter/Inpe para o Cerrado, iniciada em 2018. O desmatamento em agosto foi o segundo pior já registrado para o mês no Cerrado, superado apenas pelo de 2018 (590 km²).

No acumulado entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2022, houve alertas de desmatamento para 4.575 km² no Cerrado, um valor 27,5% superior ao registrado em 2021 (3.588 km²) e 18,5% maior que a média histórica.

— Precisamos eliminar totalmente o desmatamento das cadeias produtivas e combater a grilagem de terras públicas, além de restaurar áreas importantes para a conservação. O agro e todos os brasileiros já sentem os efeitos da crise climática, seja na produtividade de alimentos ou nos preços, que a cada seca ficam mais caros. Precisamos agir agora, enquanto ainda é possível

 

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