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Bombeiros registram 3 incêndios por dia em área de vegetação no Alto Tietê em agosto

Só em Mogi das Cruzes foram 35 focos em um mês; em oito meses, a região Alto Tietê já registrou um número maior de queimadas em área vegetal do que em 2022 e 2023

2 de setembro de 2024

Fumaça causada pelo incêndio em César de Souza podia ser vista de vários pontos do distrito | Rita Suzuki.

Reportagem de: Vitor Gianluca

O número de queimadas mês de agosto foi preocupante em todo o Brasil. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais informa que o Brasil registrou 54% das queimadas do total de 2024 apenas no mês passado. No Alto Tietê, o Corpo de Bombeiros registrou 108 focos de incêndio em cobertura vegetal, uma média de 3 por dia. Só em Mogi das Cruzes foram 35 em apenas um mês.

O número de incêndios e a propagação dos focos são resultado das secas registradas no país. No último mês, foram registrados 68.635 incêndios em todo o território nacional, 54% do total de 2024 (127,1 mil). Entre os estados, São Paulo é o quinto com o maior número, 3.612.

Dados de incêndios em 2024

Em apenas oito meses, a região Alto Tietê já registrou um número maior de queimadas em área vegetal do que em 2022 e 2023. Segundo o Sistema de Informações Operacionais da PM (Siopm), até o dia 27 de agosto, foram registrados 523 incêndios.

  • 2022: 322;
  • 2023: 451;
  • 2024: 523 (até o dia 27 de agosto).
Incêndio atingiu área de vegetação em Mogi das Cruzes | Vitor Gianluca - O Diário
Incêndio atingiu área de vegetação em Mogi das Cruzes | Vitor Gianluca – O Diário

Levantamento por cidade

O Siopm divulgou os dados de oito cidades da região, não informando os números de Santa Isabel e Arujá.

Mogi das Cruzes35
Suzano25
Itaquaquecetuba11
Ferraz de Vasconcelos9
Poá5
Guararema12
Biritiba Mirim7
Salesópolis4
Total108
Fonte: Siopm.

Apesar do elevado número, agosto não foi o mês com o maior número de incêndios no ano de 2024 na região. Em maio, foram registrados 119, enquanto em junho 125.

Queimadas recentes no Alto Tietê

Relação do tempo seco com a propagação dos incêndios

Segundo a pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), Ana Paulo Cunha, o aumento na propagação dos focos de incêndio tem explicação. “O fogo não tem emissão natural, ele é decorrente de atividade humana. O fogo é utilizado para limpar campo, pasto e para preparar terra para o próximo ciclo da preparação agrícola. Geralmente isso acontece na estação seca porque logo vem a estação chuvosa, onde tudo deve estar pronto para ser semeado”, disse.

Ana Paula alerta que em anos com recordes de secas, o número de queimadas também cresce junto, por ter maior chance de propagação. “Quanto mais intenso a seca, maior é o déficit de chuva, de umidade no solo e a seca da vegetação. Existe um índice que aponta, quanto mais seca a vegetação existe um aumento nas chances de propagação de fogo”, afirma.

Seca no Alto Tietê

Segundo o índice divulgado Cemaden referente ao mês de agosto, nove das dez cidades do Alto Tietê vivem situação de seca. Seca severa: Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e Arujá; Seca moderada: Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Salesópolis e Santa Isabel; Apenas Biritiba Mirim não está em alerta de estiagem.

Leia também: Especialista explica quadros de seca no Alto Tietê e os impactos para a população.

Além de agravar a propagação dos incêndios, o tempo seco podem gerar grande impacto no dia a dia da população do Alto Tietê. “Estamos desde o início do ano com chuvas abaixo da média. Isso pode gerar impactos significativos na agricultura, atrapalhando o cultivo de plantas e vegetais, as safras, os novos plantios. Afeta também os recursos hídricos, o que pode afetar no futuro o abastecimento de água, como tivemos no passado”, relata o pesquisador do Cemaden, Marcelo Zeri.

Estado

Em São Paulo, das 645 cidades, 641 estão enfrentam situação de seca.

  • Seca severa: 238;
  • Seca moderada: 192;
  • Seca extrema: 184;
  • Seca fraca: 27;
  • Normal: 4.

O que justifica as secas no Brasil?

Desde 2023, o planeta enfrenta recordes de calor e uma quantidade de chuvas abaixo da média esperada, consequência do fenômeno El Niño, que simboliza o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico. Resultando na alteração temporária da distribuição de umidade e calor do planeta, em especial na zona tropical. Ele teve o pico no início desse ano e influenciou o começo da seca.

Outra razão, é o aquecimento anormal das águas do Atlântico Tropical Norte, que fica acima da América do Sul, chegou a aumentar de 1,2 °C a 1,4 °C em 2023 e 2024, somada as temperaturas globais recordes. Em julho, o mundo bateu o recorde de maior temperatura já registrada na história. O cenário cria condições para ondas de calor mais fortes

Alerta da Defesa Civil

A Defesa Civil de Itaquaquecetuba, um dos municípios em situação de seca severa da região, disse em nota que realiza monitoramentos diários em pontos estratégicos das áreas de vegetação suscetíveis a queimadas. Além disso, os agentes estão reforçando as orientações aos moradores para que evitem práticas que possam causar incêndios na mata a fim de preservar a segurança, o bem-estar e o meio ambiente.

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