Associação explica ausência de locomotiva em Guararema
A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, por meio de seu diretor regional, Bruno C. Sanches, enviou mensagem a este jornal contestando as reportagens sobre a prolongada ausência da locomotiva a vapor 353, que cobria o trajeto entre Guararema e Luís Carlos, retirada de circulação devido a problemas mecânicos. Eis as explicações da entidade: “A ABPF […]
Reportagem de: O Diário
A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, por meio de seu diretor regional, Bruno C. Sanches, enviou mensagem a este jornal contestando as reportagens sobre a prolongada ausência da locomotiva a vapor 353, que cobria o trajeto entre Guararema e Luís Carlos, retirada de circulação devido a problemas mecânicos. Eis as explicações da entidade:
“A ABPF nunca informou que a 353 estava em Cruzeiro; a locomotiva que esteve em Cruzeiro no ano de 2021 para realizar manutenção na parte elétrica foi a diesel-elétrica nº 9380.
A locomotiva nº 353 parou por questões técnicas; existem normas que definem parâmetros e padrões para o material rodante bem como de segurança e operação que devem ser atendidas e seguidas rigorosamente.
Na última inspeção realizada na mesma, identificou-se que alguns itens, que são monitorados constantemente, estavam bem próximos dos limites mínimos estabelecidos pelas normas e por isso foi tomada a decisão de encerrar a operação da locomotiva até que os mesmos sejam substituídos por novos. No caso em específico, tratam-se dos aros das rodas motrizes.
Tais aros terão de ser confeccionados de forma artesanal pois não existem “peças na prateleira” para uma locomotiva de quase 100 anos de idade e principalmente deste porte.
A Locomotiva nº 353 sofreu ao longo dos quatro anos de operação contínua em Guararema desgaste normal, que qualquer veículo sofre com uso constante e, é de praxe qualquer locomotiva da entidade (e de qualquer ferrovia) parar de tempos em tempos para passar por uma manutenção pesada.
O fator complicador no caso da locomotiva nº353 é que esta é a única locomotiva de bitola larga adequada para uso em Guararema disponível para tal, ou seja, não existe outra locomotiva a vapor que possa vir a substitui-la, como no caso de outras operações com vapor da ABPF.
Diante dos fatos expostos acima, não existe previsão sobre o início e tão pouco sobre a conclusão da reforma da mesma; é um processo extremamente complexo, demorado e caro. A ABPF tem como premissa em todas as suas operações a segurança, o atendimento a todas as normas técnicas e legislações vigentes então, o material rodante só circula se estiver 100% dentro dos parâmetros.
A ABPF tem uma fila de locomotivas sendo atendidas na sua oficina em Cruzeiro e outras aguardando atendimento, locomotivas estas de outras operações da ABPF. Assim, nunca se teve pressa para se transportá-la para Cruzeiro para que ela simplesmente ficasse na fila, pois todas as operações da ABPF têm igual prioridade na fila da oficina e não se pode “largar de lado tudo o que está sendo feito” para passar a 353 na frente. Sendo que a oficina de Cruzeiro é a única oficina da ABPF com estrutura para atendimento de locomotivas em bitola larga desse porte.
Entretanto, neste meio tempo a ABPF veio trabalhando nos bastidores já adiantando parte do projeto de reforma da locomotiva, em especial fabricação de novos aros, trabalho feito em parceria com a oficina de Locomotivas da ABPF em Rio Negrinho/SC que é especialista em confecção e troca de aros e vem, nas últimas décadas, atendendo as demandas de rodas da ABPF e de outros operadores de locomotivas a vapor.
As reclamações recebidas referentes à parada dela foram bem pontuais e todos compreenderam que a segurança e a preservação da locomotiva são mais importantes do que ela continuar passeando para “agradar alguns”. Na prática não se notou impacto no fluxo de visitantes do “Trem de Guararema” desde sua parada.
Por fim, a alegação de que “é cômodo” para a ABPF utilizar a locomotiva a diesel é, para se dizer o mínimo, absurda; todas as operações de trens turísticos da ABPF contam com locomotivas a vapor; a associação tem como fundamento primordial a preservação e operação de bens ferroviários de valor histórico/cultural, trabalho este que vem realizando desde 1977. Se estão sendo utilizadas apenas as locomotivas a diesel é devido aos fatos elencados nos itens anteriores. Outro fato relevante
é que a operação e manutenção das locomotivas diesel é mais custosa e complexa que da locomotiva a vapor.Portanto, a operação em Guararema com locomotivas diesel-elétricas foi feita de forma a manter o passeio de trem na região em plena operação e não o encerrar de forma abrupta e assim prejudicando todo o trabalho que foi feito para desenvolvimento do turismo ferroviário no Alto Tietê.
E a maior prova que a escolha foi certa está nas centenas de visitantes que todo final de semana vão à cidade para desfrutar do passeio ou apenas admirar a composição ferroviária. Apesar de locomotivas diesel-elétricas não possuírem o charme e a nostalgia que uma locomotiva a vapor traz a grande maioria das pessoas, ambas as locomotivas hoje utilizadas em Guararema possuem seu valor histórico e chamam muito atenção do público, que não hesita em solicitar visitas à cabine de comando, bem como pedir para conhecer os motores e a sua história.
A ABPF repudia de forma veemente as informações noticiadas na data de 23/04/2023 e atualizada na data de 24/04/2023 pelo Jornalista responsável pela matéria, senhor Darwin Valente, bem como ficam seus sócios, diretores e voluntários imensamente infelizes por tais alegações, ao qual distorce a realidade dos fatos, não buscando por ele informações com a parte responsável – ABPF – para apurar o quanto é verídico.
Estamos e estaremos sempre à disposição dos nossos sócios, turistas e a população em geral do Alto Tietê para maiores esclarecimento sobre o fato e o real motivo da interrupção do uso da locomotiva a vapor 353, bem como o cronograma que será seguido quando esta estiver disponível para manutenção e futuro retorno aos trilhos da Estação Ferroviária de Guararema/SP a Estação Ferroviária de Luís Carlos.
Atenciosamente,
Bruno C. Sanches
Diretor da Regional São Paulo.”
N. do R. – Fazendo jus, mais uma vez, aos nossos princípios democráticos e em respeito à ABPF, estamos publicando a mensagem em que o senhor Bruno C., buscando corrigir uma informação errônea sobre a ida ou não da locomotiva 353 para o conserto em Cruzeiro, destila imotivada mágoa contra o repórter, já que as explicações a nós enviadas praticamente confirmam as informações contidas nas duas reportagens. De nossa parte, apenas gostaríamos que o senhor Bruno C. tivesse aproveitado a oportunidade para esclarecer o que todos querem saber e continuam não sabendo: a data exata em que a velha Maria-Fumaça voltará a circular nos trilhos entre Guararema e Luís Carlos. Só isso.