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Especialista diz o que pode ocorrer em casos como o de Valdemar Costa Neto

Os problemas resultantes da ingestão de espinhas de peixes, como os que afetam o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, são muito comuns nesta época do ano, em que a Semana Santa leva muita gente a consumir diferentes tipos de pescados. Quem faz esta afirmação é o professor de Gastrocirurgia da UMC e responsável pelo […]

11 de abril de 2023

Reportagem de: O Diário

Os problemas resultantes da ingestão de espinhas de peixes, como os que afetam o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, são muito comuns nesta época do ano, em que a Semana Santa leva muita gente a consumir diferentes tipos de pescados. Quem faz esta afirmação é o professor de Gastrocirurgia da UMC e responsável pelo Serviço de Gastrocirurgia do Hospital Santa Maria, de Suzano, o médico Luiz Bot.

Tão comuns que, na manhã desta terça-feira (11), antes da entrevista a O Diário, ele havia acabado de dar alta a uma paciente que foi internada com um problema semelhante ao de Costa Neto. Ela havia engolido uma espinha de peixe que foi parar no intestino delgado, mas que acabou, naturalmente, sendo conduzida pelo próprio organismo até o intestino grosso, de onde será expelida em meio às fezes, sem necessidade de qualquer intervenção cirúrgica.

Idêntica situação poderá acontecer com o político de Mogi, atualmente internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com duas espinhas de peixe em seu intestino (leia últimas informações sobre o caso).

Segundo o médico, uma das hipóteses que poderá ocorrer com Costa Neto são estas espinhas se juntarem ao líquido entérico intestinal (resquício da digestão já feita) e ao bolo fecal, no intestino grosso, para que sejam expelidas  naturalmente pelo seu organismo. No caso dele, pode estar ocorrendo a transição das espinhas do intestino delgado para o grosso, primeiro passo para a excreção natural.

Quando isso ocorre, os corpos estranhos são expelidos sem dores, como aconteceu, tempos atrás com dois pacientes do médico que trabalhavam na construção civil e acabaram engolindo um prego.  “Os dois evacuaram os pregos”, conta Bot, acostumado a tratar de problemas semelhantes ao longo de sua carreira.

Dificuldades
Apesar da reação normal do organismo ao corpo estranho, que não serve como alimentação, não podem ser afastadas as hipóteses de complicações, que acontecem, por exemplo, quando um desses objetos estranhos, como prego ou espinha, perfuram o estômago ou o intestino do paciente.

O médico explica mais didaticamente: quando se ingere um desses corpos estranhos, ele precisa passar, inicialmente, pelo primeiro ponto crítico, que é o piloro, um músculo que faz a ligação entre o estômago e o duodeno, que fica fechado, onde pode haver perfuração.

No caso de Costa Neto, as duas espinhas já ultrapassaram o piloro e foram parar no intestino, onde existe um outro ponto de complicação, denominado válvula ileocecal, que também costuma ficar fechada. “Se as espinhas passarem por ela, as chances de complicação diminuem consideravelmente”, explica o médico Bot.

Todo esse trajeto pelo intestino do paciente é, normalmente, acompanhado com exames de raio-X ou tomografia computadorizada. No caso desses corpos estranhos não caminharem mais e se fixarem  na mucosa do intestino, o paciente então precisará passar por um exame de enteroscopia (no caso de os objetos estarem no intestino delgado), ou por uma colonoscopia (se já estiverem  no intestino grosso). O principal sintoma de que os corpos estranhos encravaram na parte interna desses órgãos é a ocorrência de fortes dores.

Caso isso aconteça, o paciente terá de se submeter-se a uma cirurgia, que tanto pode ser uma laparostomia (operação que requer um corte no abdômen para alcance dos órgãos internos, realizada em centro cirúrgico, que necessita anestesia, além de sutura para fechamento da parede abdominal) ou uma laparoscopia (que ocorre por meio da realização de três a seis pequenos furos na região que necessita ser operada, por onde entra uma microcâmera com uma fonte de luz para observação do interior do organismo. Também são introduzidos os instrumentos necessários para corte ou remoção de órgãos, partes afetadas ou até objetos estranhos, como no caso de Costa Neto, as espinhas de peixe).

Mesmo à distância, Luiz Bot acredita que o problema de Valdemar Costa Neto poderá solucionado de maneira natural, pelo próprio organismo.

VEJA TAMBÉM: Além de ser tratado após ter ingerido espinhas de peixe, Valdemar Costa Neto foi alvo de golpistas nesta semana.

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